Quem tem medo do TripAdvisor?

Continua depois da publicidade

Fábio Steinberg*

Há apenas quinze anos ninguém sabia o que queria dizer TripAdvisor. Havia uma única razão: simplesmente o maior site de viagens do mundo não existia. Filho legítimo da era digital e das redes sociais, surgiu praticamente do nada. Hoje, nenhum viajante ignora a sua existência. O aplicativo capta mensalmente a atenção de 350 milhões de usuários. Por ali já foram registradas 290 milhões de avaliações pessoais sobre 5.3 milhões de meios de hospedagem, 3 milhões de restaurantes e 590 mil atrações de todos os pontos do planeta.

Quando se fala em empresas que estão provocando a disruptura na indústria de viagens, as pessoas tendem a pensar em duas: a Uber, nos transportes, e Airbnb, na hotelaria. No entanto, há uma terceira, não menos importante. Sim, é ela mesma, a TripAdvisor. A avaliação é de Douglas Quinby, diretor da empresa de pesquisas Phocuswright. Para ele o grande mérito do site de pesquisa de viagens foi acumular um valiosíssimo acervo de informações que ninguém mais tem. “A empresa percebeu que os viajantes estavam mais interessados nos comentários de outros viajantes que nas mensagens de marketing”, ele explica.

Veja também as mais lidas do DT

Esta história poderia terminar aqui, e a companhia usufruir financeiramente os louros conquistados até que seu bem-sucedido modelo de negócios se esgotasse. Mas não foi assim com a TripAdvisor. Ela sabia detalhes de cada viajante, seus gostos, comportamentos, destinos, hotéis e restaurantes frequentados, poder aquisitivo etc. Com este tesouro valioso o passo seguinte mais lógico foi como monetizar estas informações.

Ao invés se tornar apenas um repositório de informações e preferências individuais, a empresa decidiu ganhar dinheiro combinando as duas coisas: pesquisa e reservas imediatas. Assim nasceu a ferramenta “Instant Booking”, que através de acordos com hotéis e agências online (OTAs), dá a oportunidade de fazer reservas ali mesmo no site, e na hora.

Para o viajante é muito conveniente pesquisar e completar a transação em um único site, sem precisar abrir várias janelas para fazer sua reserva, principalmente se estiver usando um dispositivo móvel.

Companhias de peso estão se associado a esta iniciativa. Já aderiram 8 das 10 principais marcas de hotéis do mundo (Marriot, Accor, Hyatt, Best Western e Wyndham, entre outras). Há ainda agências de viagens online do porte da Expedia e Priceline, que cuidam das reservas para a plataforma.

A TripAdvisor não só reinventou o mercado como a si mesma. Decidiu virar também uma agência de viagens, só que com outro nome e nova maneira de operar. Isto já é realidade nos Estados Unidos e Inglaterra, e em breve estará implantado em outras partes do mundo.

Não demorou muito para o novo modelo também aguçar o apetite de mais gigantes das redes sociais. Primeiro foi a Amazon, que chegou a ensaiar fazer reservas de hotel, mas seis meses depois resolveu tirar o time de campo, pelo menos por enquanto.

Aí veio o Google. Afinal, raciocinaram seus dirigentes, da mesma maneira como quem pesquisa sobre viagem pensa em TripAdvisor, ao fazer uma pesquisa geral associa com Google. Tudo indica que é uma questão de tempo para a empresa entrar no universo das reservas de voos e hotéis. Tudo muito parecido com o TripAdvisor: primeiro o usuário faz a pesquisa, e a seguir aparece para ele oferta de reserva.

“Há o risco da TripAdvisor ser picada pela mosca por-que-não-fazemos-tudo-nós-mesmos.

A grande questão que intriga o mercado é até quando as coisas vão ficar deste jeito. Uma vez aprendendo a fazer, e pegando gosto (e ganhando dinheiro), difícil prever se operação de reservas do TripAdvisor feita através de terceiros vai persistir por muito tempo. Há o risco da empresa ser picada pela mosca por-que-não-fazemos-tudo-nós-mesmos.

Pesará também para o êxito conseguir modificar o comportamento do consumidor, acostumado até hoje usar o TripAdvisor como ferramenta de pesquisa, e que da noite para o dia se travestiu de site de reservas de hotéis, restaurantes e atrações. Seria ainda legítimo o viajante questionar se existe mesmo uma muralha ética no site capaz de separar os territórios de informação isenta e o interesse comercial nas indicações.

Fábio Steinberg é jornalista e fundador do portal Viagens e Negócios 

Publicidade
  1. Reconheçamos que o Google atende a principal função da internet que é Informação mediante Consulta. Por esta razão nada melhor ao consumidor que fazer reservas diretamente com Hotéis, até para poder negociar melhores preços e condições de pagamento. Sabemos que nem sempre reservas “virtuais” seja “sinônimo” de evitar “contratempos” por ocasião do check-in. A realidade é que a conjuntura econômica tende a “orientar” diminuir custos. Há a questão, por exemplo, dos alimentos agrícolas, onde as feiras são realizadas pelos agricultores ou a produção é comprada por grandes redes de supermercados. A cultura “do faça você mesmo” tende a se consolidar, tanto que a questão da mobilidade urbana é desafiadora, pela questão que muitas pessoas querem a comodidade de se locomover de carro próprio, a depender de poucos horários de ônibus, duas ou três conduções como ocorre nos grandes centros e, ônibus com grande tempo de circulação, que faz a coluna “não resistir” ao Desconforto que proporcionam.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade