Bienal, Rock in Rio e o caos no entorno  do Riocentro e adjacências

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Bayard Do Coutto  Boiteux* (Com edição do DT)
  
Como morador das adjacências do Riocentro, HSBC Arena e Cidade do Rock, tenho vivenciado nos últimos anos uma valorização dos imóveis da região, em função dos grandes eventos, mas também um caos urbano, pela construção desordenada de condomínios, sem uma previsão efetiva de transporte público e comércio na região.

A Bienal, que acabou na semana passada, foi um exemplo da falta total de planejamento, numa área repleta de obras e por conseguinte de poeira, terra e lama. A chegada ao evento nos primeiros dias foi caótica. Demorava-se quase 2 horas para atravessar a Abelardo Bueno, a via que atravessa toda a região, passando pelos novos hotéis Íbis, Hilton, shopping Metropolitano, Cidade Olimpica, entre outros. As pessoas desciam no caminho e caminhavam em rua sem acostamento, repleta de terra e lama, já que chovera. Os organizadores do evento obrigavam a quem chegava em transporte público, caminhar durante quase 20 minutos para chegar até a bilheteria. Autores, que haviam se cadastrado anteriormente, tiveram que apresentar um livro, para que a credencial fosse liberada. A sinalização estava confusa e os postos de informação não haviam treinado adequadamente as recepcionistas. Inúmeras pessoas se sentavam no chão, sem que fossem advertidas pelos seguranças. Os banheiros estavam limpos e a praça de alimentação funcionava com preços corretos. Na saída, por exemplo os motoristas que conduziam o ônibus 613, com filas enormes desconheciam o caminho e erravam o mesmo, sendo orientados pelos passageiros. Com as obras, a Prefeitura retirou os pontos de ônibus e no sentido Barra, em frente ao Condominio villas da Barra, as pessoas esperavam a condução num pedaço de terra, sem nenhuma segurança e correndo o risco de serem atropeladas.

Ao verificar a existência de um evento do porte da Bienal, não deveriam as autoridades ter pensado em como minimizar o impacto dos visitantes e da população que mora no local?

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Esta semana começa o Rock in Rio e as condições da Abelardo Bueno fechada são precárias. O BRT deverá chegar perto da cidade do rock, o que já poderia ter sido feito na Bienal mas talvez o” livro “não tenha sido prioridade, como não é a educação. Outrossim, os ônibus que trafegam, já em número insuficiente e sem ar-condicionado, no caso dos alimentadores  foram desviados e causam um grande transtorno para moradores e trabalhadores que trabalham nos condomínios e Cidade Olímpica.

Embora os moradores tenham recebido uma credencial para circular, as ruas internas dos condomínios são muitas vezes invadidas por motoristas, que não encontram estacionamento na área. Falta fiscalização do poder publico, reboque dos carros por estacionamento irregular e multas que inibam tal prática. Nos dias de evento, no HSBC Arena, a área entra em estado de alerta, com camelôs e carros entrando em locais residenciais.

Com a proximidade das Olimpíadas, a preocupação aumenta e vemos que eventos precisam encarar a mobilidade urbana como prioridade e não apresentar soluções pontuais, sem respaldo técnico.

O Rio precisa tirar a Abelardo Bueno do caos e a via deveria ganhar um tratamento especial da Prefeitura e do Estado. Afinal, queremos ou não que as pessoas voltem para suas cidades e seus países felizes com a organização, como acontece com o carnaval da Avenida do Samba ou que levem a ideia do caos urbano? A população anfitriã merece ser respeitada ou vai dormir com o som altíssimo da Cidade do Rock e ficar presa em casa, sem protestar?
O Rio merece respeito….

Bayard Do coutto Boiteux é coordenador do curso de Turismo da UNISUAM,vice-presidente executivo  da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ, gerente de Turismo do Preservale e presidente do Site Consultoria em Turismo (www.bayardboiteux.com.br).

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1 COMENTÁRIO

  1. Parabéns pela matéria. Não sou moradora da área, mas pretendia ir à Bienal. Entretanto, mudei de planos ao ter conhecimento dos engarrafamentos. Como profissional da escrita, gostei muito do comentário de que “livro” talvez não seja prioridade, bem como a educação. Tem toda razão: cultura não é prioridade.

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