DIÁRIO entrevista o embaixador argelino no Brasil, Toufik Dahmani

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 DIÁRIO conversou com Toufik Dahmani, embaixador da Argélia no Brasil. Ele contou um pouco sobre as relações bilaterais e o turismo em seu país.

Por Marcos J. T. Oliveira, repórter freelancer do DIÁRIO

A Argélia é um destino africano que é pouco divulgado no Brasil. Mesmo sem conectividade direta, autoridades do país têm buscado abrir os olhos do agente de viagem brasileiro para esse novo produto que ganha, aos poucos, mais visibilidade. O DIÁRIO conversou com Toufik Dahmani, embaixador da Argélia no Brasil, e o diplomata contou um pouco sobre as relações bilaterais, o turismo argelino e planos para promoção do destino por aqui.

Toufik antes de integrar o Ministério das Relações Exteriores argelino, em 1983, estudou Ciência Política na Universidade de Argel e especializou-se em Relações Internacionais. Sempre se interessou por diplomacia, a ponto de afirmar que é “uma profissão que permite compartilhar experiências, reforçar laços de amizade entre as nações, promover nossa marca-país e as relações econômicas em prol de nosso povo”.

Acompanhe:

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DIÁRIO: Qual a principal conexão entre Brasil e Argélia?

Toufik Dahmani – sinto-me honrado em ser chefe de missão diplomática no Brasil, que é um país com quem mantemos relações históricas de amizade e de solidariedade. A Argélia teve a honra de acolher muitos militantes brasileiros durante um período difícil da vida política (1964-1985). Dois dos mais conhecidos são, Miguel Arraes, grande militante e ex-governador de Pernambuco, e o grande arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, que perpetuou a presença brasileira na Argélia com lindas obras na capital Argel e na cidade de Constantine.

De seu lado, o Brasil se solidarizou com o nosso país quando enfrentamos o terrorismo nos anos 1990. Há quinze anos, a Argélia conheceu a segurança e a estabilidade política, combinada com o crescimento econômico sustentável. A Argélia galgou 10 posições (83°) no ranking dos países com alto IDH, segundo o relatório de 2015 do PNUD sobre o desenvolvimento humano no mundo.

Imagem do vilarejo de Taghit no Deserto do Saara (Foto: divulgação)
Imagem do vilarejo de Taghit no Deserto do Saara (Foto: divulgação)

DIÁRIO- Por atuar no Brasil já conheceu quais estados? Já conhecia o país antes?

Toufik Dahmani – Estou no Brasil há um ano. É a primeira vez que tenho a chance de descobrir este belo país. Já trabalhei em um país lusófono, Angola, mas cursei aulas de português para aperfeiçoar meu nível e comunicar-me com os responsáveis das instituições e com o povo amigo brasileiro. Tive a oportunidade de visitar Manaus, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. A visita a esses lugares permitiu-me descobrir as grandes potencialidades econômicas do Brasil, bem como as oportunidades de cooperação entre nossos países. Em 2016, realizei visitas oficiais para Pernambuco, Minas Gerais e Paraná.

DIÁRIO- Como estão as relações argelino-brasileiras?

Toufik Dahmani – As relações políticas argelino-brasileiras são excelentes, marcadas por amizade e solidariedade. Entre 2010 e 2014, o intercâmbio comercial brasileiro com nosso país cresceu em 27,2%, de US$ 3,2 bilhões para US$ 4,07 bilhões. As exportações brasileiras para a Argélia são compostas, em sua maior parte, por produtos semimanufaturados, que representaram 63 % do total das exportações em 2014, com destaque para açúcar bruto e óleo de soja bruto.

Os produtos básicos estão posicionados em seguida, com 23,5% (milho e carne bovina) e os manufaturados com 13,3% (automóveis e máquinas). Na pauta das importações brasileiras originárias da Argélia, predominam os combustíveis (naftas, óleo bruto de petróleo, propanos liquefeitos, gás natural, querosenes de aviação). Os dois países podem diversificar e ampliar a pauta do intercâmbio comercial.

No domínio de investimentos, o grupo argelino Cevital, a segunda maior empresa na Argélia depois da empresa petrolífera Sonatrach, está estruturando um plano de negócios que prevê investimentos iniciais de mais de US$ 2 bilhões no processamento de grãos e na logística para o escoamento pelo Norte brasileiro : Mato Grosso e Pará. Este projeto de investimento vai facilitar o transporte de produtos e intensificar o fluxo de comércio entre nos dois países mas também com o continente africano.

Cidade de Djemila, na Argélia (Foto: divulgação)
Cidade de Djemila, na Argélia (Foto: divulgação)

DIÁRIO- O turista estrangeiro visita a Argélia ou ainda é um número muito pequeno?

Toufik Dahmani – A quantidade de turistas na Argélia aumentou em 14% em 2015, segundo o Ministério do Turismo. O turismo faz parte dos cinco setores responsáveis pela construção da economia nacional, sem levar em conta os hidrocarbonetos. As operadoras de turismo brasileiras e argelinas podem desenvolver um plano de intercâmbio de turistas nos dois países, no intuito de promover nossos destinos turísticos.

Por um lado, os brasileiros, que têm uma cultura muito aberta, ficarão encantados de conhecer a cultura típica da Argélia. Por outro lado, os argelinos que gostam muito de viajar precisam de agências de turismo que proponham viagens às lindas cidades brasileiras. A Argélia é o maior país da África, dotado de um magnífico litoral mediterrâneo, uma diversidade de relevos, um rico patrimônio histórico e cultural, um majestoso e fascinante deserto do Saara.

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