‘Cui Bono? Já perguntava Cícero, antes de Cristo: ‘Quem se beneficia?’

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Por Werner Schumacher*


Uma verdadeira guerra vem sendo travada entre aqueles que acreditam ser o aquecimento global um problema real e aqueles que afirmam ser uma grande farsa. Verdade ou mentira, de qualquer forma acaba afetando o setor vitivinícola, onde a maior pegada de carbono está ligada às embalagens e a questão logística.
Qual seria então a embalagem mais sustentável? Vidro ou alumínio?

A resposta é muito complexa, pois envolve uma série de fatores e não apenas a escolha ou comparação de um ou outro material. O setor vinícola trabalha muito com garrafas novas e não as reutiliza como fazem as cervejarias, portanto, devem ser recicladas. A garrafa de cerveja é reutilizada em média 35 vezes.

A garrafa nova parte basicamente da areia e para a sua produção é preciso energia, hoje oriunda do gás e requer um décimo daquela exigida para a produção de uma lata de alumínio 100% oriunda do mineral bauxita.
Ambas as extrações – areia e bauxita – são danosas ao meio ambiente.
Embora a exigência energética e a extração da areia sejam teoricamente menos prejudiciais, não é possível afirmar que o vidro é muito melhor que o alumínio.
O transporte do vinho engarrafado provoca uma grande pegada de carbono, afinal vivemos em um país continental, sem transporte ferroviário ou fluvial eficientes. A grande maioria das garrafas pesa em torno de 500 gramas e utilizam esse peso para fazer o cálculo. No caso dos vinhos finos – e isso deve ser tomado em conta -, há garrafas que pesam 1 kg.
Aqui há também a questão custo financeiro, ou seja, transporte mais caro!
O consumidor não se deu por conta ainda que o peso de uma garrafa não faz o menor sentido, exceto por questões de marketing!
No caso do vinho é importante também considerar a cápsula, os fechamentos (rolhas, tampa rosca, etc.). A caixa de papelão igualmente não pode ficar de fora.
Com a importância do engarrafamento na origem para os vinhos finos, isso afetou o transporte de vinho a granel. A maioria do vinho vendido no Brasil é o de mesa, que continua a ser transportado a granel até as regiões consumidoras.
A Cia. Vinícola Rio Grandense, mais conhecida como Granja União, tinha um navio chamado Castelo, para levar o vinho destinado a ser engarrafado no Rio de Janeiro e a um Estado do Nordeste. Certa feita, a empresa transportou 300.000 litros de vinho para a França, desabastecida por uma queda importante na produção de uvas, como neste ano.
Infelizmente, o Brasil não recicla muito vidro. Alguns falam em 50% e, a quem interessa, esse número é bem menor. Outro problema é a necessidade de se separar o vidro por cor, para ser mais bem reciclado.
A indústria do vidro e o setor vinícola deveriam incentivar a criação de postos de coleta e reciclagem de vidro para reduzir esse impacto ao meio ambiente.
Em próximo texto analisaremos alguns aspectos da lata de alumínio, que vem entrando com tudo no mercado de vinhos.
Cícero perguntou: “Cui bono?” (Quem se beneficia?)
Marco Túlio Cícero foi um advogado, político, escritor, orador e filósofo da gens Túlia da República Romana eleito cônsul em 63 a.C. com Caio Antônio Híbrida. Era filho de Cícero, o Velho, com Élvia e pai de Cícero, o Jovem, cônsul em 30 a.C., e de Túlia.

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*Werner Schumacher, é o alemão brasileiro que na década de 80 e 90 do século passado trouxe os insumos da Europa para o início da vinicultura no Rio Grande do Sul, e portanto, no Brasil.
Sem meias palavras, Werner durante o último ano escreveu sobre inúmeros assuntos do universo do vinho. Defendeu a viticultura heroica de montanha, ficou do lado dos pequenos produtores de uva e vinho do Rio Grande do Sul, enalteceu a importância do enólogo em uma propriedade que produz vinho. Além de tudo isso, e com muita classe, critica os marqueteiros que tentam desmistificar o mundo do vinho com seus produtos padro

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