Sem ajuda do governo, falência e desemprego irão disparar no turismo, alertam representantes do setor

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Linha de crédito flexibilizada e licença remunerada pelo governo são algumas das demandas do setor

 Por ZAQUEU RODRIGUES (Jornalista colaborador do DIÁRIO)


Uma carta aberta assinada pelas maiores representantes das agências e operadoras de viagens do país e endereçada ao presidente Bolsonaro expressa a situação dramática do turismo brasileiro em meio ao avanço do coronavírus.

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No ‘documento’, as entidades reforçam a urgência da ajuda ao setor por parte do governo para evitar um cenário de falências e desemprego. Após alcançar a marca histórica de 100% de queda, o setor, que conta com 1 milhão de empregados direitos e indiretos está deixando de movimentar R$ 31,3 bilhões de reais.

Segundo as entidades, a MP 927, publicada pelo governo no dia 22 de março, não atende as necessidades do setor. Se o governo não ajudar, teremos um cenário de fechamento de portas, diz o presidente da Associação Brasileira de Viagens Corporativas (Abracorp), Carlos Prado.

  “Irá fechar um número muito elevado de agências no país. Estamos batalhando para evitar isso e para manter os empregos, pois sabemos que esta crise é passageira”.

A carta ressalta que o turismo, diferentemente de outros setores econômicos, que conseguiram reduzir a produção e minimizar os impactos da crise, parou completamente, sem qualquer fonte de renda. Portanto, de nada adianta as reduções de salários e jornada de trabalho ou o home office se não há produto comercializado.

Portas fechadas

No pedido de socorro ao governo federal, os presidentes da Associação Brasileira de Agentes de Viagens (Abav Nacional), da Associação Brasileira de Viagens Corporativas (Abracorp), da Associação das agências de Viagens do Interior do Estado de São Paulo (Aviesp), da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), entre outras, afirmam que muitas empresas fecharão as portas sem a ajuda do governo.

Da mesma forma como houve ajuda às companhias aéreas e aos hotéis, o presidente da Abracorp espera que as agências e operadoras também sejam. “As agências de viagens não vão aguentar segurar isso pelos próximos três meses”, diz.

Prado diz ser fundamental que o governo assuma a remuneração dos funcionários durante os quatro meses de licença previstos na MP 927. “Não temos de onde tirar dinheiro para arcar com esse custo”.

Ele esclarece que a suspensão do contrato de trabalho por quatro meses sem a remuneração do colaborador, como previa a MP 927, corrigida pelo governo logo em seguida após muitas críticas, não representava a demanda do turismo.

“Não fazia o menor sentido o trabalhador ficar em casa quatro meses sem receber. Estamos no mesmo barco e precisamos atravessar essa crise unidos”, defende ele. “Na pior das hipóteses, queremos que o governo assuma pelo menos 50% dessa remuneração”, pontua.

As demandas têm sido reforçadas durante contato permanente com os ministérios do Turismo e Economia. A expectativa das entidades é que, até esta sexta-feira (27), o governo publique uma nova MP que contemple os pedidos.

Prado e Gervásio Tanabe, presidentes da Abracorp, em reunião recente (Crédito DT)

Medidas rápidas

Na tarde desta quarta-feira (25) passada, durante uma videoconferência com representantes de agências e operadoras de viagens, o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio disse que irá adotar medidas rápidas para superar essa crise e retomar a cadeia produtiva do turismo.

A depender dessa reunião as demandas do setor serão atendidas, sinaliza a presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav Nacional), Magda Nassar, que participou do encontro virtual com o ministro. “Neste momento, a iniciativa privada depende do governo para sobreviver”, diz ela.

Entre as solicitações encaminhadas ao governo está a linha de crédito flexibilizada. “Ela será fundamental para que os pequenos, médios e grandes empresários atravessem esses três meses incólumes”, assegura Magda.

Tanto Magda Nassar quanto Carlos Prado calculam, tomando como referência a China, que o turismo brasileiro começará a respirar daqui a três meses.

“Em julho começaremos a reconstruir as nossas vidas. Será uma retomada gradual, constante e forte”, projeta Magda.

Prado é igualmente otimista, e lembra que as indústrias chinesas já estão funcionando na casa dos 90% e que o tráfego aéreo está voltando.

No Brasil, ele estima que, daqui a três meses e meio, o setor terá retomado cerca de 80% do volume de viagens.

O turismo é importante para a economia do país, diz ele, e cita como exemplo as 27 associadas da Abracorp, que movimentaram R$ 12 bilhões de reais em 2019.

Magda revela nunca ter vivenciada uma situação tão dramática. “A gente está numa pandemia nunca vivida na era moderna, mas, como tudo na vida, ela vai passar. Aguentaremos o confinamento e os problemas econômicos, e, com toda a certeza, sairemos disso mais fortes, mais solidários e seres humanos melhores”.

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