No ciclo do tempo, mais um ano se passou e para o Turismo a percepção é que mais uma vez perdemos oportunidades de içá-lo a uma posição de real destaque e prioridade.
por Andrea Nakane*
A sensação de quem labuta na área é que estamos sempre nadando, nadando, com muitos esforços, e apesar de tudo e de todos, parece que os resultados são pífios… Damos voltas e mais voltas e … acabamos atônitos e exaustos, sem entender os motivos de não conseguirmos conquistas mais expressivas, já que potencial, é sabido que temos e, muito!
Agora em pleno momento de transição de governo, o mercado agitou-se com a possibilidade de extinção do Ministério do Turismo. Como tudo no Brasil, a polarização existiu: de um lado um grupo que aplaudia tal hipótese e do outro, o que lamentava tal ação.
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Debates, discussões, abaixo assinados, postagens diversas em mídias sociais buscavam relativizar o assunto, fomentando reflexões e até mesmo sinalizando possíveis alternativas a serem implantadas para transformar o Turismo em um tema realmente estratégico.
O próprio Ministério do Turismo, meio que “raspando o tacho” organizou um evento internacional em Santa Catarina e investiu em diversos informes publicitários e até mesmo em uma contracapa na revista de variedades semanal, considerada a de maior circulação na atualidade, na tentativa de chamar a atenção da opinião pública e garantir apoio para sua auto projeção.
A campanha teve elementos de grande integridade e até mesmo demonstrou uma nobreza da forma como vinculou o Turismo a capacidade de aquecimento econômico e desenvolvimento social.
Mas … deixou uma pergunta no ar: Por que, até então, o próprio Ministério do Turismo, mecenas da campanha publicitária, não agiu em acordo com seus pensamentos e ideais? Faltou verba, faltou alinhamento político, faltou lobby, faltou trabalho… enfim… entre tantas faltas… faltou seu real empoderamento como pasta atuante e de respeito.
A gestão presidencial que irá iniciar no próximo dia 01 de janeiro, acabou não extinguindo o Ministério do Turismo, externando e consolidando seu pensamento, que é uma área que deverá ter uma tratativa robusta e crível de investimentos responsáveis, que possibilitem uma sinergia com toda a cadeia produtiva e a sociedade.
Chega também de protocolos vazios, vamos aguardar que a nova equipe se estabeleça e demonstre sua capacidade de realizações, antes de começar as homenagens sem méritos e sem sentidos.
A necessidade de gerar renda e recuperar postos de trabalho é provavelmente o maior desafio para 2019 e o Turismo tem um poder fantástico de otimizar tais ocorrências. Hoje o número de turistas recebidos pelo Brasil pode ser considerado por muitos uma verdadeira vergonha… é um patamar que está longe de representar um país com tantos atrativos naturais e patrimônios culturais e históricos exuberantes. Isso sem falar que a nação acabou de sair de uma década de ouro, sediando mega eventos mundiais e teve uma projeção midiática histórica.
O timing está um tanto quando retardado, mas ainda há tempo. Chega de programas e campanhas sem vigor e encantos. Vamos realmente arrumar a casa, buscar inspiração interna, fazer benchmarking com destinos consagrados, como Gramado e Foz do Iguaçu. Olhar de forma glocal, para nossos vizinhos, que estão dando um show de competências, como Peru e Colômbia. Investir em treinamentos que despertem a hospitalidade inserida no DNA brasileiro. Antes de mirar nos desejos dos turistas estrangeiros, vamos seduzir os turistas domésticos, vamos projetar a marca Brasil como uma lovemark alvo de emoções tupiniquins e só aí mirar em outras.
Chega também de protocolos vazios, vamos aguardar que a nova equipe se estabeleça e demonstre sua capacidade de realizações, antes de começar as homenagens sem méritos e sem sentidos.
Assim, como toda virada do ano, a esperança renova-se. Mesmo já anestesiados, um tanto ressentidos, é preciso dar muito mais que um voto de confiança. É vital que continuemos a dar nosso sangue, suor e lágrimas por aquilo que acreditamos, que nos move, que nos arrepia e nos faz vibrar.
Sim… quem trabalha no e para o Turismo deve manter seu foco, almejando novos rumos e projetando novos cenários. Somos co-responsáveis e como tais vamos ficar de olho, vamos cobrar enfaticamente e pressionar para que propósitos não sejam desvirtuados ou esquecidos.
Afinal de conta, somos brasileiros, polarizados, ou não, e nossa sina é de não desistir jamais!
E certamente, 2019, não será o ano que iremos quebrar essa tradição e comprometimento.
Vamos juntos, o Turismo do Brasil precisa de todos nós, sem exceção!
*Andrea Nakane é educadora e diretora do Mestres da Hospitalidade