Rio vive boom hoteleiro e setor preocupa-se com o pós-jogos (Valor Econômico)

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Valor Econômico

A Olimpíada provocou uma intensa mudança no mercado hoteleiro carioca, com a chegada de pelo menos 14 bandeiras que não tinham unidades na cidade. Entre as recém-chegadas estão gigantes mundiais do setor como Hyatt, Hilton, Holiday Inn e Meliá. Desde 2010, foram investidos cerca de R$ 5 bilhões e houve um crescimento de 85% no número de quartos oferecidos.

A aposta foi alta na Barra da Tijuca. O bairro receberá a maior parte das competições e até os Jogos serão inaugurados mais de 10 mil apartamentos no entorno do Parque Olímpico. Segundo a Agência Rio Negócios, a participação da região na divisão da rede hoteleira saltou de 19%, em 2013, para 29%, em 2016. Apenas Copacabana, na zona sul, tem maior concentração de quartos, embora tenha perdido participação no período, de 48% para 40%, neste ano.

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Quando decidiu investir na zona oeste, região mais beneficiada pela ampliação da infraestrutura urbana, o setor via a economia brasileira em expansão e a indústria de petróleo e gás ainda com vigor no país. Após a Copa do Mundo, realizada no Brasil em 2014, o cenário mudou. Para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos a maior parte dos hotéis já está com reservas praticamente esgotadas. O desafio é a partir de 2017.

A pouco mais de um quilômetro do Parque Olímpico, a empreiteira Carvalho Hosken decidiu construir um hotel de luxo num terreno que já pertencia à companhia.

Depois do investimento de R$ 500 milhões no empreendimento de 26 mil m2 de área construída, nove andares e cobertura, com 298 apartamentos, o Grupo Hilton assumiu a administração. “Definitivamente o Hilton [na cidade] existe influenciado pela organização dos Jogos Olímpicos”, afirmou a diretora-geral do Hilton Barra, Laura Castagnini.

O grupo americano aproveitou o pacote de benefícios oferecido pelo governo para a expansão hoteleira. Em 2010, a prefeitura do Rio concedeu uma série de incentivos para o setor, que passou a contar também com uma linha de crédito especial do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Foi a partir desse momento que o número de pedidos de licenças para a construção de unidades explodiu. Entre 2002 e 2010, a média anual de licenças era inferior a dois empreendimentos. Nos três anos seguintes a média saltou para 28 autorizações, com pico de 46 em 2012.

Desde que abriu o crédito específico para o setor hoteleiro, em 2010, o BNDES financiou 18 empreendimentos – 10 no Rio. A capital fluminense foi a cidade que mais recebeu recursos da linha: R$ 765 milhões dos R$ 923 milhões desembolsados até o início de 2016. Mais de 80% dos recursos foram liberados a partir de 2013.

A consultoria especializada HotelInvest já constatou superoferta de apartamentos na Barra da Tijuca, situação que foi agravada pela crise do petróleo, que atingiu em cheio do Rio. Ainda há outro fator extremamente negativo para a indústria hoteleira, que é o aumento constante dos custos operacionais. Preço da energia elétrica, folha de pagamento e inflação alta deixam o orçamento das redes cada vez mais apertado. “2017 vai ser um ano de transição”, prevê Laura Castagnini, do Hilton Barra.

A Olimpíada é o capítulo final de uma série de grandes eventos que o Rio de Janeiro vem recebendo desde 2012. “Tomamos a decisão de fazer um hotel porque já tinha mercado presente, não se faz um hotel para um evento de um mês”, disse a presidente da Blue Tree Hotels, Chieko Aoki. “A Olimpíada ajuda no reconhecimento do destino e do hotel”, completou. A unidade de 279 apartamentos no Recreio dos Bandeirantes, bairro vizinho à Barra, custou R$ 130 milhões.

Chieko sabe que o período pós-olímpico será delicado para o mercado hoteleiro. “Haverá um grande número de quartos e o bolo não cresce de repente, vamos ter trabalhar muito. Sem Olimpíada vamos precisar ser inovadores”, afirmou a presidente da rede Blue Tree.

O Rio Convention Bureau vai investir R$ 7 milhões para promover a cidade no exterior. É mais que o dobro da média dos últimos anos, quando foram investidos cerca de R$ 2,5 milhões.

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