51ª ABAV EXPO: razão e paixão, economia e arte, pedra e luz

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Com tanto tempo na economia do turismo posso cravar que a solenidade de abertura da 51ª ABAV Expo 2024 nesta quarta-feira (25) em Brasília foi um misto de razão e paixão, economia e poesia, há muito tempo não experimentada. As solenidades têm se tornado mais um desfile de novidades tecnológicas com muita espuma, discursos e pouca essência. Ontem não.

Com tanta insensibilidade e superficialidade pulando das telinhas e telonas posso afirmar que a abertura da 51ª ABAV Expo ontem à noite em Brasília nos transportou para um mundo mais fiel à realidade – frutos talvez de tanta epidemias, guerras, enchentes e queimadas – e que ofereceu por isso mais autenticidade, sensibilidade e mais arte.

Por Paulo Atzingen (de Brasília)*

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Digo isso porque o mesmo peso de autoridades presentes, de governador do Distrito Federal a ministros da Esplanada, de presidente da Embratur a presidentes de várias autarquias, o mesmo peso dessas autoridades foi compensado por uma apresentação de violino que fez arrepiar os cabelos.

A ornamentação dos espaços e, principalmente, a iluminação do palco com velas, ofereceu um ar mais lúdico, mais acolhedor e mais verdadeiro.

Os organizadores, o próprio time da Associação Brasileira das Agências de Viagens e a Promo – empresa contratada para montar o espetáculo ofereceu a cerca de 800 convidados a dose certa desse equilíbrio entre pedra e sonho, força bruta e força neutra, análise e poesia.

Brasília por seu simbolismo de engenharia e arquitetura é hoje a casa dos centenas de agentes de viagens na realização de seu maior evento. Originalmente é dele e para ele que se realiza, há 54 anos, esse misto de feira e convenção, encontro e congresso.

São os agentes de viagens, esses profissionais que trabalham com o real e o imaginado, com o projeto e a realização dele é que – originalmente – foi idealizado essa ABAV. Se vieram outros interesses não cabe aqui.

E por serem eles, os agentes de viagem, a base de toda essa roda da fortuna dos sonhos, a base dessa meca de perspectivas de novos horizontes, creio que a solenidade de abertura de ontem foi feita pensando neles.

O recado foi dado logo no início da solenidade com os violinistas tocando Renato Russo e Capital Inicial, músico e banda, sinônimos de Brasília.

Músicos, violinistas que trouxeram à memória dos congressistas versos como esse:

“Mudaram as estações
E nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente

Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre sempre acaba (…)”

(Por Enquanto -Legião Urbana)

Ou esse:

“Meu caminho é cada manhã

Não procure saber onde vou

Meu destino não é de ninguém

Eu não deixo os meus passos no chão.

(“Primeiros Erros, Capital Inicial)

Da engenharia de Lúcio Costa, o que projetou Brasília, e da arquitetura de Oscar Niemeyer, o que sonhou Brasília, posso afirmar que é a primeira abertura de ABAV em que o organizadores acertaram a mão entre a pedra e a luz.


*Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO

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