O Galo da Madrugada
cantou no Recife.
De plumagem tridimensional
sua cor
ofusca o neutro, o opaco,
o breu.
Brilha na íris
do paulista eufórico
do mineiro atônito
do brasileiro incrédulo
do estrangeiro estrábico
do inteligente artificial.

O Galo da Madrugada
ciscou uma mensagem
sustentável
em sua plumagem
(com garrafas) pet.
Abriu passagem
para a alegria
casada com a responsabilidade.

O Galo da Madrugada
tem a crista dourada
e acende a luz da alforria
beija a boca do dia
do frevo
do maracatu
e da rebeldia.

O Galo da Madrugada
de ponteaguda espora
e bico em lança
propõe a paz.
a felicidade.
E dá de presente
a todos que amanhecem com ele
um canto, um berro
de esperança
e liberdade.

O Galo da Madrugada
cantou às margens do Capibaripe
bicou no cerne
da história individual
do que ri e chora
do que grita e cala
do que cega e vê
a aurora do Carnaval.
*Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO