quinta-feira, maio 1, 2025
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Bares e restaurantes da RMC enfrentam escassez de mão de obra mesmo com bons salários

Segundo nota enviada ao DIÁRIO DO TURISMO pela Abrasel Regional Campinas, bares e restaurantes da Região Metropolitana de Campinas (RMC) fecharam março com mais demissões do que admissões, acompanhando a retração nacional no setor. Apesar disso, o primeiro trimestre ainda registra saldo positivo e o setor lida com um paradoxo: há mais de 12 mil vagas em aberto e salários em alta, mas faltam profissionais qualificados e interessados.

REDAÇÃO DO DIÁRIO

Em março de 2025, o setor de bares e restaurantes da RMC (Região Metropolitana de Campinas) registrou saldo negativo de 194 postos de trabalho com carteira assinada. De acordo com dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o setor contratou 3.128 pessoas e demitiu 3.322. Mesmo com o desempenho desfavorável no mês, o acumulado do primeiro trimestre segue positivo, com 422 vagas criadas.

O resultado regional acompanha a tendência nacional, segundo destacou André Mandetta, presidente da Abrasel Regional Campinas. “Os números refletem uma acomodação natural do setor no início do ano, após um fevereiro aquecido pelas contratações”, disse. Mandetta ainda aponta que a extinção do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e a incerteza no comportamento dos consumidores trazem insegurança ao setor.

Das 20 cidades da RMC, 12 apresentaram mais desligamentos do que admissões. Americana liderou a lista negativa com 53 postos fechados, seguida por Indaiatuba (-36), Hortolândia e Valinhos (-25 cada), Paulínia e Santa Bárbara d’Oeste (-23) e Itatiba (-20). Por outro lado, Holambra (18), Campinas (16), Jaguariúna (13) e Pedreira (8) tiveram saldo positivo.

Mão de obra escassa, salários em alta

Apesar da retração, a escassez de mão de obra persiste como um dos maiores desafios do setor. Estima-se que mais de 12 mil vagas seguem em aberto somente na RMC. O salário médio, por sua vez, atingiu recorde histórico de R$ 2.222, segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios).

Um levantamento feito pela Abrasel aponta que 90% dos empresários têm dificuldades em contratar: 64% citam a ausência de profissionais qualificados e 61% relatam falta de interessados. Ainda pesam fatores como horários pouco atrativos (33%), concorrência entre os negócios (23%) e migração para outros setores (21%).

Cargos especializados, como sushiman (88%), cozinheiro-chefe (81%) e gerente (78%), estão entre os mais difíceis de preencher. O descompasso entre a expectativa salarial e a capacidade de pagamento também é apontado por 20% dos empreendedores.

bares e restaurantes RMC
O resultado regional acompanha a tendência nacional, segundo destacou André Mandetta, presidente da Abrasel Regional Campinas (Crédito: pixabay)

Expectativa de reações no segundo trimestre

Apesar do cenário desafiador, 26% dos empresários planejam contratar no segundo trimestre de 2025. Dentre esses, 46% pretendem reorganizar a equipe, 34% buscam renovar o quadro e 32% desejam lançar novos produtos ou serviços.

O setor é reconhecido como porta de entrada no mercado de trabalho: 92% das empresas contratam iniciantes ou pessoas sem experiência. Para reter talentos, as estratégias vão de premiações (51%) a treinamentos (40%), benefícios (39%), aumento de salários (36%), flexibilização de jornada (26%) e transporte noturno (22%).

Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, destaca que o investimento em qualificação profissional e retenção é essencial. “A alta rotatividade é um traço do setor. Para manter a qualidade e a produtividade, a tecnologia — como automação e inteligência artificial — surge como aliada”, pontua.

Questões jurídicas preocupam empresários

A pesquisa também revelou os principais receios jurídicos dos empreendedores: 56% se preocupam com o trabalho de extras e eventuais; 35%, com a escala dominical para mulheres; 26%, com horas extras; além de questões como ações por dano moral (19%), gorjetas (17%) e estabilidade para gestantes (11%).

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