Em resposta à crescente crise habitacional e aos protestos contra o turismo excessivo, o governo espanhol ordenou a remoção de quase 66 mil anúncios irregulares do Airbnb em diversas regiões do país. A medida visa conter a especulação imobiliária e proteger o direito à moradia dos cidadãos.
REDAÇÃO DO DIÁRIO com imprensa internacional
A Espanha enfrenta uma grave crise habitacional, agravada pela proliferação de aluguéis de curto prazo em plataformas como o Airbnb. Em regiões como Madri, Andaluzia, Catalunha, Valência, País Basco e Ilhas Baleares, milhares de imóveis residenciais foram convertidos em acomodações turísticas, reduzindo a oferta de moradias para os residentes locais e elevando os preços dos aluguéis.
O Ministério dos Direitos do Consumidor identificou 65.935 anúncios que violavam as normas locais, como a ausência de número de registro ou informações claras sobre a identidade dos proprietários. A decisão foi respaldada pelo Tribunal Superior de Justiça de Madri, que rejeitou o recurso da Airbnb contra a primeira resolução que exigia a remoção de 5.800 anúncios.
Protestos nas Ilhas Canárias e Outras Regiões
No último domingo (18), milhares de pessoas saíram às ruas de Tenerife, nas Ilhas Canárias, para protestar contra o turismo de massa. Com faixas que diziam “minha miséria é seu paraíso”, os manifestantes denunciaram o impacto negativo do excesso de turistas na qualidade de vida dos moradores, incluindo o aumento do custo de vida, a escassez de moradias acessíveis e a degradação ambiental.
Protestos semelhantes ocorreram em outras regiões turísticas da Espanha, como Barcelona e Málaga, onde os residentes exigem medidas para limitar o número de visitantes e proteger suas comunidades.
Resposta da Airbnb e Medidas Futuras
A Airbnb contestou a decisão do governo espanhol, alegando que o Ministério dos Direitos do Consumidor não tem autoridade para regular os aluguéis de temporada e que a empresa apenas intermedeia as transações entre anfitriões e hóspedes. A plataforma afirmou que recorrerá da decisão na justiça.
Enquanto isso, o governo espanhol anunciou planos para construir habitações sociais e implementar políticas que limitem a influência de investidores estrangeiros no mercado imobiliário. Em Barcelona, o prefeito Jaume Collboni propôs a proibição de aluguéis de curto prazo na cidade a partir de 2028, como forma de conter a especulação imobiliária e garantir moradias acessíveis para os residentes.