A Expo Turismo Goiás, que aconteceu de 2 a 4 de julho em Goiânia, reuniu profissionais do trade turístico de todo o país. Durante o evento, o diretor da Aventura Legal, Kiko Alencar, falou ao DIÁRIO sobre a importância das normas técnicas de segurança no turismo de aventura e apresentou a primeira plataforma digital do Brasil voltada para adequação às exigências da ABNT.
Sua empresa criou o primeiro Sistema Digital de Gestão de Segurança (SGS Digital) voltado exclusivamente para empresas de ecoturismo e turismo de aventura do Brasil. A plataforma inovadora e de fácil usabilidade foi pensada para atender os requisitos da norma ABNT NBR ISO 21101, que estabelece padrões internacionais de segurança para atividades com riscos controlados, como rapel, tirolesa, boia cross, espeleoturismo, caminhadas em ambientes naturais, rafting, arvorismo, balonismo, entre outros.
A seguir, confira a entrevista exclusiva concedida ao DT.

Kiko, fale sobre sua empresa, o Aventura Legal e a criação deste software…
Atuamos com consultoria em gestão de segurança, qualificação do turismo de aventura e adequação às normas técnicas. Nossa missão é ajudar empresas a implementarem o Sistema de Gestão de Segurança (SGS), uma norma internacional que exige muita documentação e registros. A Aventura Legal não é uma desenvolvedora de software. Somos uma empresa credenciada pelo Sebrae nos estados de Goiás, Maranhão e Amazonas.
O que motivou o desenvolvimento do software que vocês estão apresentando?
Percebemos que empresários do setor tinham grande dificuldade para implementar os requisitos do SGS usando métodos tradicionais – como papel, documentos dispersos em drives ou formulários avulsos. Por isso, desde 2020, desenvolvemos um software específico para atender aos requisitos da norma técnica ABNT NBR ISO 21101. É o primeiro SGS digital do Brasil e, acreditamos, do mundo, pois não encontramos iniciativas semelhantes.
Esse software se aplica a todas as atividades de turismo de aventura?
Sim. A norma técnica é transversal e os requisitos se aplicam a qualquer atividade de turismo de aventura comercializada, como caminhadas, rafting, boia-cross, arvorismo e tirolesa. Hoje, mais de 25 atividades são reconhecidas pelo Ministério do Turismo.
Você poderia contextualizar a importância da segurança no turismo de aventura no Brasil?
Infelizmente, muitas vezes só se dá atenção à segurança após a ocorrência de acidentes graves. Um marco foi o acidente de bungee jumping em Araguari (MG), em 2003, que causou a morte de uma menina e gerou comoção nacional. Isso levou o Ministério do Turismo e as secretarias estaduais a organizarem o segmento por meio do programa Aventura Segura, conduzido pelo Sebrae Nacional e pela Abeta. Esse programa criou as primeiras normas técnicas e, em 2011, certificou 110 empresas. Hoje, apenas 21 empresas permanecem certificadas.
Vários acidentes têm marcado o turismo de aventura…
Sim. Tivemos o acidente em Capitólio, em 2021, que também mobilizou a sociedade. Mais recentemente, houve casos com balões e a morte de uma jovem em um vulcão na Indonésia. Esses episódios reforçam a necessidade de conscientização sobre segurança.
Qual a posição do Brasil em relação a outros países na questão de normas técnicas?
O Brasil é referência mundial em normalização do turismo de aventura. Somos o país com maior número de normas técnicas para o segmento. Nossas normas são utilizadas como modelo em mais de 30 países, superando até países tradicionalmente fortes em turismo de aventura, como a Austrália e a Nova Zelândia, onde existem selos, mas não processos de normalização tão abrangentes quanto os nossos.


Qual foi o objetivo principal da Aventura Legal na Expo Turismo Goiás?
Participamos deste evento para divulgar nossa ferramenta digital que facilita a implementação do SGS em uma plataforma única e orientativa. Também buscamos conscientizar empresários sobre a importância das normas técnicas e apoiar o programa Aventura Natural, que oferece subsídios do Sebrae para empresas. Outro objetivo é dialogar com a imprensa para que a sociedade saiba que o Brasil é referência mundial em normas técnicas de turismo de aventura. Queremos que o trade turístico se empodere desse nosso patrimônio natural que país nenhum tem…
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