O túnel Santos-Guarujá, projeto histórico e aguardado há quase um século, terá suas obras iniciadas ainda em 2025, conforme anúncio oficial do ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
REDAÇÃO DO DIÁRIO com assessorias
A construção foi viabilizada após o leilão realizado e vencido pelo grupo português Mota-Engil, que será responsável pela execução, operação e manutenção da infraestrutura pelos próximos 30 anos. O investimento total é de R$ 6,8 bilhões, dos quais R$ 5,14 bilhões virão dos cofres públicos — divididos entre o governo federal e o estado de São Paulo — e o restante será aportado pela iniciativa privada, sob o modelo de Parceria Público-Privada (PPP).
O túnel terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersos sob o canal do estuário, entre os bairros do Macuco e Outeirinhos, em Santos, e Vicente de Carvalho, no Guarujá. Com profundidade de 21 metros, a estrutura foi planejada para não interferir na navegação do Porto de Santos, o maior da América Latina. A travessia contará com três faixas por sentido: duas para veículos e uma exclusiva para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), além de acessos para pedestres e ciclistas. A obra deve revolucionar a mobilidade entre os dois municípios, encurtando para dois minutos um percurso que hoje pode levar até uma hora, dependendo do uso de balsas, catraias ou do longo trajeto rodoviário de 43 km pela SP-055.
O tráfego atual entre as margens soma mais de 21 mil veículos, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres por dia. A obra, que integra o Novo PAC, é considerada estratégica para a economia regional, especialmente para o Porto de Santos, cuja logística será amplamente beneficiada. Sua execução ocorrerá em módulos pré-moldados de concreto, construídos em doca seca e posteriormente imersos no leito do canal, com sofisticado processo de vedação, encaixe e proteção com camadas de areia e pedras.
Túnel Santos-Guarujá: um pouco da história
A história da ligação fixa entre Santos e Guarujá remonta a 1927, quando o engenheiro Enéas Marini propôs um túnel submerso de 900 metros, projeto que acabou engavetado. Outras propostas surgiram ao longo das décadas, como pontes ou novos modelos de túnel, mas todas enfrentaram obstáculos técnicos, logísticos ou financeiros, sobretudo pela dificuldade de conciliar a obra com o intenso tráfego portuário da região. Em 2024, a licitação finalmente consolidou essa demanda centenária.
Túnel Santos-Guarujá e a concessão
A concessão foi vencida pela Mota-Engil, gigante portuguesa com presença em 21 países, que já atua no Brasil com projetos de infraestrutura, mineração e gestão urbana. A empresa, fundada em 1946, é responsável por obras como a Ponte Vasco da Gama, em Lisboa, e os túneis do metrô português, além de atuar na construção do Aeroporto de Luanda e sistemas ferroviários na América Latina. O grupo, que desde 2021 tem parte de suas ações controladas pela chinesa CCCC, registra forte expansão nas operações no Brasil, incluindo contratos com a Petrobras e concessões rodoviárias. Segundo o edital, o valor base do pedágio será de R$ 6,15 por sentido, respeitando a política de modicidade tarifária.
A construção do túnel Santos-Guarujá marca o início de uma nova era para a Baixada Santista, promovendo integração urbana, redução de gargalos logísticos e valorização econômica. Um projeto que conecta não apenas margens, mas também histórias, vocações e futuros.
Da Redação (com assessorias de imprensa)
