O ministro do Turismo, Celso Sabino, decidiu permanecer no cargo e enfrentar o processo de expulsão movido contra ele pelo União Brasil. A decisão deve ser comunicada oficialmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima terça-feira (7), quando Sabino reforçará sua escolha de continuar ao lado do governo.
EDIÇÃO DO DT com informações da Folha de São Paulo
Na segunda-feira (6), véspera do encontro, o ministro apresentará uma pesquisa sobre a percepção popular em relação à COP30, que ocorrerá em Belém do Pará, sua base eleitoral. O evento é considerado estratégico para Sabino, que pretende disputar uma vaga no Senado Federal em 2026 e vê na condução do ministério uma vitrine política fundamental.
Em 18 de setembro, o União Brasil havia determinado que todos os filiados deixassem os cargos no governo, mas Sabino vem adiando a decisão desde então. Ele alega que não seria prudente deixar o Ministério do Turismo a pouco mais de um mês da COP30, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas sediada justamente em seu estado.
A permanência do ministro interessa ao Palácio do Planalto, que aposta em Sabino como ponto de dissidência interna no União Brasil, cuja direção nacional defende apoiar um candidato de oposição em 2026 — possivelmente o governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos). A manutenção do ministro, portanto, reforça a estratégia política de Lula para dividir o centrão.
Fontes próximas a Sabino afirmam que sua decisão também foi influenciada pelos gestos de prestígio recebidos do presidente nas últimas semanas. O ministro acompanhou Lula em diversas agendas nos dias 2 e 3 de outubro, o que foi interpretado como sinal de confiança e apoio.
Sabino, que substituiu Daniela Carneiro (União Brasil-RJ) em julho de 2023, é visto como um político mais alinhado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do que à própria legenda. Sua nomeação, à época, buscava justamente estreitar o diálogo do governo com o centrão.
Aliados do ministro dizem ainda que a decisão do União Brasil de abrir o processo de expulsão mesmo após um acordo para sua saída negociada contribuiu para endurecer sua postura. Ele deve defender que o partido realize uma convenção nacional para ouvir todas as lideranças antes de definir o rompimento com o governo.
Outro argumento usado por seus interlocutores é a diferença de tratamento observada entre o União Brasil e o PP, partido federado à sigla, em relação ao ministro André Fufuca (Esporte), cuja permanência no governo não provocou reação semelhante. (Com informações da Folha de São Paulo)