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A Herança da Luz na máquina Walzflex de Ferminio Fernandes

A Walzflex foi comprada por Ferminio em 11 de dezembro de 1959, na lendária Fotótica S.A, em São Paulo

Alguns objetos atravessam o tempo como testemunhas silenciosas de histórias vividas. Uma máquina fotográfica não é apenas um instrumento de captura de imagens; é um portal de memórias, um guardião de instantes irrepetíveis. Algumas ficaram obsoletas com a chegada do celular, esquecidas no depósito das coisas aparentemente inúteis. Outras, no entanto, se transformam em joias atemporais.

Por Paulo Atzingen*

Ganhei uma Walzflex 500 da amiga Patrícia Fernandes Faco. Não era apenas uma câmera – era a câmera de seu pai, Ferminio Santos Fernandes, que morreu em 2002. E junto a essa relíquia, veio um flash, um disparador e, para minha surpresa, as notas fiscais originais! Pequenos papéis amarelados pelo tempo, mas impecavelmente preservados, como quem guarda cartas de um passado querido.

Escarafuncho os papéis e descubro que a máquina foi comprada por Ferminio em 11 de dezembro de 1959, na lendária Fotótica S.A., na Rua Direita, em São Paulo. O flash, um complemento essencial, foi adquirido, na Cinótica, da Rua Conselheiro Crispiniano.

A paixão pela fotografia

“Meu pai desde jovem sempre gostou muito de arte, muito de fotografia. Ele até seus 35 anos foi fotógrafo profissional, trabalhou inclusive para o Othon Palace Hotel. Tirava fotos de casamentos, empresas, coquetéis. Tenho fotos deles muito antigas, até em monóculos. Ele sempre foi muito caprichoso com as coisas dele, um exemplo que levo para a vida”, disse-me Patrícia.

O cuidado que Ferminio teve com seu equipamento de trabalho é comprovado como a câmera chegou até mim. Intacta, perfeita e funcionando!

Ferminio Fernandes (arquivo familiar)
Escarafuncho os papéis e descubro que a máquina foi comprada por Ferminio em 11 de dezembro de 1959, na lendária Fotótica S.A., na Rua Direita, em São Paulo

Walzflex: um novo olhar, sob a mesma luz

Levei a A Walzflex 500 a um técnico. Está em perfeito estado! Apenas uma limpeza na lente para remover os fungos que o tempo insiste em deixar. E sim, vou usá-la.

Quando compartilhei a descoberta com Patrícia, ela se emocionou. Veio-lhe a lembrança do pai registrando em imagens a família, as filhas posando para ele, seu zelo quase sagrado por seus amados. “Fiz a escolha certa em ter te dado. Sei que vai cuidar com carinho.”

E assim, com essa Walzflex 500, que já eternizou tantas emoções, sorrisos, eventos, festas e alegrias, seguirei capturando histórias também especiais. Não serão fotos efêmeras, como essas da era digital. Serão fotos especiais, tão especiais que antes de cada enquadramento, de cada click, e de cada flash, a luz do fotógrafo Fermino Fernandes me tocará como um sol que acaba de nascer.

*Paulo Atzingen é jornalista

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