O setor de hospitalidade e alimentação fora do lar poderá sofrer as consequências da reforma tributária articulada pelo governo. A avaliação foi feita nesta sexta-feira (10), último dia da ABAV EXPO, realizada no Rio de Janeiro, pelo presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação – FBHA, Alexandre Sampaio.
por Cecília Fazzini, especial para o DT, com edição
Alexandre considera que o impacto fiscal para a atividade, inserida na cadeia do Turismo, apesar de ainda não mensurado, deverá recair sobre a gestão, com reflexos, inclusive, sobre a empregabilidade. O desafio, alerta, será o quanto as corporações serão capazes de mitigar esses efeitos de forma a não se gerar custos operacionais maiores.
A medida acontece exatamente no momento em que o segmento se dedica a investir no aperfeiçoamento de mão de obra de forma mais intensiva. Sampaio citou o programa de capacitação implementado pelo SENAC, no qual o colaborador aprende na prática e durante o desempenho de suas funções, a partir de dinâmica de aulas bastante flexível.
No ambiente da maior feira da América Latina, voltada ao trade turístico, o dirigente ainda falou do gargalo da carência de investimentos em infraestrutura no País, a fim de fomentar uma atividade turística mais robusta. Citou que os gargalos ainda persistem sobre acesso às localidades, por estradas e obras em geral que atraiam investidores e o próprio visitante.
A conectividade aérea ainda incipiente também é apontada por Sampaio como desestimulante ao desenvolvimento do setor. “Não adianta o Brasil ser um destino que esbanja sol, mar e recursos naturais incomparáveis, sem que o viajante tenha como chegar às localidades de forma mais viável”.
Fator metanol
Como uma avalanche, a adulteração sobre bebidas alcoólicas que vem acarretando em vítimas fatais no País, já gerou perdas entre 15% a 25% para as empresas. A despeito de não ser um problema novo no mercado nacional, conforme o presidente da FBHA, o prejuízo que recai atualmente, menos sobre os hotéis mas sobretudo sobre bares, casas noturnas, restaurantes, distribuidores e afins, gera inquietação. O sedutor custo mais baixo na oferta de destilados e o processo de engarrafamento e comercialização, no seu entender, precisa ser alvo de fiscalização do governo. Para ser debelado, o comércio ilegal requer, de acordo com Sampaio, “seriedade dos empresários que ofertam o produto ao cliente final, critério na seleção do fornecedor, rejeitar promoções fora da realidade desse tipo de comércio, atentar para rótulos adulterados e lacres que não estejam em conformidade com a legislação”, enumera.

Turismo como força
Sem poupar elogios ao empenho na promoção do turismo brasileiro, a cargo da atual política implementada pela Embratur, Sampaio é enfático ao afirmar que um ambiente mais favorável pode fazer prosperar a rica diversidade na oferta. Ele aponta o turismo náutico como uma das frentes a serem melhor trabalhadas, seja com maior estímulo aos cruzeiros realizados durante a temporada de verão no Brasil, como o estímulo à construção de marinas.
Para o dirigente, o plano ‘Vai Turismo’, que tem à frente a Confederação Nacional do Comércio, é mola-mestra na tarefa de potencializar os negócios na atividade. O movimento visa abranger duas principais vertentes: propostas de políticas públicas e mobilização e também estabelecer inteligência competitiva. A ideia, frisa o dirigente, é modificar a visão sobre essa área da economia. “O turismo só não é considerado prioritário, porque não há a exata percepção da sua relevância”, conceitua.
Defensor de que comércio e turismo caminhem juntos, Sampaio aponta o quanto a educação, desde o básico no sistema de ensino brasileiro, pode fazer a diferença na qualidade da prestação do serviço turístico, incluindo o aprendizado de língua estrangeira, como o inglês e o espanhol.