Por Zaqueu Rodrigues
Há 12 anos, Marina Moretti fundou o hostel Ô de Casa no badalado bairro paulistano da Vila Madalena. “No começo eu tinha seis quartos”, lembra ela ao Diário durante a 57ª Equipotel, mais importante feira da hotelaria latinoa-americana que chega ao fim nesta sexta (13) no São Paulo Expo.
“Hoje temos 90 quartos”, completa. Para Marina, a hostelaria brasileira começa a se preparar para entrar em um novo patamar a partir de 2020. “As grandes redes hoteleiras estão começando a chegar nesse mercado com investimentos nunca vistos para o setor”, avisa.
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A previsão é de que os hostels a serem inaugurados pelas redes ofereçam mais de 350 camas e estruturas milionárias. Os impactos serão inevitáveis, prevê a hosteleira. “Eles vão puxar o mercado para outro lugar e vai dar uma desestabilizada. Acho que muita gente sairá do mercado. Até hoje víamos as pessoas abrindo um hostel com 250 mil reais. De agora em diante os investimentos superam 6 milhões”.
Nesta edição da Equipotel, a hostelaria ganhou destaque com um espaço que reproduz um hostel e uma programação de conteúdo que apresenta um panorama sobre as tendências que definem esse mercado de hospedagem. A programação é assinada pela Marina. “A presença da hostelaria na Equipotel é muito importante. É um espaço que nos aproxima dos fornecedores e nos insere nas rodadas de negociações. Antes o hosteleiro comprava o colchão da loja da esquina. Agora, com o crescimento, precisa de novos fornecedores”.
Marina entende que a hostelaria brasileira caminha a passos largos para a profissionalização. “Estamos entrando num mercado onde deveríamos estar faz tempo. Nesta Equipotel, eu foquei o conteúdo para a profissionalização do hostel, com bastante conteúdo técnico para o gestor, de arrumação de quarto às práticas de governança. Também reunirmos hosteleiros europeus e latino-americanos para nos contar como conseguiram criar cadeias grandes de hostels. No brasil, o mercado de hostel ainda é pulverizado”.
A alma é a conexão
Para Marina Moretti, a hospitalidade no hostel passa muito pelo atendimento humano e personalizado. “Não padronizamos os processos. O trabalho é realizado levando em consideração cada pessoa, um a um. O hosteleiro é igual a um chef de cozinha. Cada um tem a sua identidade, a sua receita”.
O hostel tem um jeitinho todo seu de ser, revela Marina. “A hostelaria destaca-se por quebrar as barreiras entre os hóspedes. O nosso diferencial é que trabalhamos a conexão, não a privacidade como faz a hotelaria. Na hotelaria você é anônimo, não pode saber que ninguém usou o quarto antes de você, você precisa se sentir único, ter as paredes blindadas. No hostel os espaços são coletivos e as portas estão sempre abertas”, conclui.