Fazenda São Jerônimo, no Marajó: um passeio sobre o lendário búfalo

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por Guilherme Ataíde (repórter freelancer para o DT)

Por conta das extensas terras que são herdadas, compradas ou arrendadas, a Ilha do Marajó é repleta de grandes fazendas. Nesses espaços, a criação de búfalos ganhou utilidade bem maior do que o seu simples uso como força de trabalho. São utilizados como forma de transporte, turismo, lazer, produção de artesanato e produção de laticínios. Como é um bicho dócil, também oferece seu dorso para o pouso e estacionamento de guarás.

Na Fazenda São Jerônimo, por exemplo, o turista pode realizar passeios montados nos grandes animais pagando o valor de R$100,00. Mas a quantia não é apenas para subir no pesado e curioso animal, parente dos bois, tipo de muares que estamos mais acostumados a ver. Nesse lugar, os búfalos nos leva a conhecer lindas paisagens marajoaras, como uma praia deserta, um belíssimo mangue praticamente intocado e muito preservado – onde é possível navegar de canoa – e também um rio para atravessar montado no animal.

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Nesse lugar, os búfalos são apenas o começo do passeio que leva a lindas paisagens
Nesse lugar, os búfalos nos leva a conhecer lindas paisagens marajoaras

No Limite

Segundo a proprietária e administradora Jeronima Barbosa de Brito, a história do lugar não seria a mesma se não fosse a Rede Globo. É que em 2001 o diretor Boninho descobriu a praia deserta que só se tem acesso pela fazenda. Ele então alugou toda a propriedade para gravar o extinto game show “No Limite” nessa praia. O restante da São Jerônimo foi usado como base de operações da produção do programa. O pagamente foi um tanto curioso: o canal de TV teve de instalar a linha telefônica da fazenda e construir poços artesianos. “Eu havia ligado para a operadora de telefone da cidade e eles me cobraram 40 mil reais para a instalação. Em três horas de serviço, a Globo fez tudo pra mim”, recorda Dona Jeronima.

Esse acabou sendo o primeiro investimento na São Jerônimo no quesito de torná-la um atrativo turístico. Mas a relação com o canal é tão boa que não parou por aí. Depois de “No Limite”, a novela “Amor, Eterno Amor” também usou sua propriedade como locação. “Até hoje, quando passo uns dias no Rio de Janeiro, eu visito o Projac”, conta a senhora de 77 anos. A cidade-maravilhosa, aliás, foi um dos lugares em que ela e seu marido Raimundo Codeiro de Brito – ou apenas seu Brito para todos que visitam a fazenda – já moraram e criaram seus três filhos (que deram seis netos ao casal). Moraram também em Santos, no litoral paulista.

Passeios de canoa pelos igarapés compõem o entretenimento da fazenda
Passeios de canoa pelos igarapés compõem o entretenimento da fazenda

Mash quando!?”

Ambos marajoaras, caíram na estrada por conta da profissão de engenheiro naval de Brito. Há 32 anos, ele herdou parte da terra e foi comprando o restante de parentes até chegar nos atuais 400 hectares da Fazenda São Jerônimo. Quando ele se aposentou, decidiram voltar para o Marajó com a intenção de descansar nas terras da família. “Mash quando!?”, intervém Jerônima com uma expressão tipicamente paraense, “foi aí que eu mais trabalhei na vida. Mas é um trabalho muito gostoso, você respira ar puro, vê gente diferente todo dia”, completa rindo.

Quando a caminhada pela floresta marajoara começa a dar sede, surge um amigo com água de coco
Quando a caminhada pela floresta marajoara começa a dar sede, surge um amigo com água de coco

“Coisa Nova”

Brito tem um jeitão simples de senhor vaqueiro marajoara, pele queimada de sol, camisa aberta, chapéu na cabeça e calça surrada que enganam à primeira vista. Essa calmaria no visual esconde um engenheiro naval, matemático e filósofo. Talvez por isso ele não pare de planejar nunca: ao contar o trajeto do passeio, apontando num mapa onde se andaria a búfalo e onde à canoa, interrompeu a explicação e soltou: “…aqui no manguezal ‘tô’ querendo inventar  coisa nova… da próxima vez que vocês vierem vai ter coisa nova”. Como se este paraíso da São Jerônimo, tudo não fosse novo…

Seu Brito: Essa calmaria no visual esconde um engenheiro naval, matemático e filósofo
Seu Brito: Essa calmaria no visual esconde um engenheiro naval, matemático e filósofo

FAZENDA SÃO JERÔNIMO

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