Na semana passada, a tirolesa instalada no majestoso Cânion Fortaleza, uma das principais atrações do Parque Nacional da Serra Geral, em Cambará do Sul, Rio Grande do Sul, encerrou suas atividades. A notícia pegou muitos entusiastas de aventuras de surpresa, uma vez que o equipamento oferecia uma das experiências mais deslumbrantes e emocionantes do turismo de aventura no Brasil, permitindo que os visitantes sobrevoassem paisagens dramáticas, com vista panorâmica para os profundos vales esculpidos pela natureza ao longo de milhões de anos.
A Urbia, empresa responsável pela gestão da visitação do Parque Nacional da Serra Geral e também do vizinho Parque Nacional de Aparados da Serra, esclareceu que o principal motivo por trás da desativação da tirolesa foi o agravamento do baixo fluxo de turistas nos últimos meses. Esse declínio acentuado no número de visitantes teria inviabilizado economicamente a operação do equipamento, que exige uma logística complexa, manutenção constante e um quadro técnico qualificado para garantir a segurança dos usuários.
Principais motivos para o fechamento da tirolesa
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Contudo, o baixo número de turistas não foi o único fator. Especialistas do setor afirmam que a questão do acesso precário ao Parque da Serra Geral contribuiu significativamente para a queda de visitantes. A estrada de terra que leva ao Cânion Fortaleza é conhecida por ser mal conservada, especialmente em períodos chuvosos, quando o trajeto se torna ainda mais difícil e perigoso para veículos de passeio. Esse problema estrutural afasta turistas, sobretudo aqueles que não possuem carros 4×4 ou que preferem uma experiência mais acessível e confortável.
Além disso, o perfil do turismo na região também tem sofrido mudanças nos últimos anos. Embora Cambará do Sul seja um destino desejado por amantes da natureza e aventureiros, o investimento em infraestrutura turística na área não acompanhou a crescente demanda nos primeiros anos, levando a uma sobrecarga das estruturas existentes. Com o tempo, a falta de desenvolvimento adequado, somada à pandemia de Covid-19, que afetou drasticamente o setor de turismo, levou a um enfraquecimento no fluxo de visitantes.
A tirolesa, que oferecia uma experiência de adrenalina única a 200 metros de altura, foi pensada para atrair turistas em busca de algo além das tradicionais trilhas e mirantes do Cânion Fortaleza. No entanto, o número de turistas não se manteve suficiente para sustentar a operação. Antes da pandemia, o Parque Nacional da Serra Geral recebia em torno de 6.000 a 7.000 visitantes por mês durante a alta temporada. Após a crise sanitária, esse número caiu para menos da metade, com uma média de apenas 2.000 a 3.000 visitantes mensais. Esse declínio acentuado tornou insustentável a operação de atividades adicionais, como a tirolesa, que dependem de um público constante e disposto a pagar pelos serviços.
A administração do Parque Nacional da Serra Geral e do Parque Nacional de Aparados da Serra, incluindo a gestão de atrativos e a manutenção de trilhas, é responsabilidade da Urbia, empresa que assumiu a concessão da visitação em ambos os parques em 2020. A Urbia tem como missão modernizar a infraestrutura dos parques e melhorar a experiência dos visitantes, mas encontra desafios significativos, como a conservação ambiental e a melhoria dos acessos.
Infraestrutura e acessos precários no Cânion Fortaleza
Atualmente, os acessos ao Parque Nacional da Serra Geral continuam sendo um dos grandes entraves para o aumento do fluxo de visitantes. A partir de Cambará do Sul, são cerca de 20 km de estrada de terra até o Cânion Fortaleza, e as condições da via frequentemente desestimulam a visitação. Em contrapartida, o Parque Nacional de Aparados da Serra, onde está localizado o famoso Cânion Itaimbezinho, dispõe de acessos um pouco melhores, o que se reflete em uma maior frequência de visitantes.
Apesar das adversidades, o Cânion Fortaleza continua sendo um dos cenários naturais mais impressionantes do Brasil, e a expectativa é que investimentos futuros possam revitalizar o turismo na região. A Urbia, em comunicado, ressaltou que está empenhada em buscar alternativas para impulsionar novamente o turismo local e, quem sabe, reativar a tirolesa e outras atividades de aventura no futuro, desde que haja condições favoráveis para a operação.
Enquanto isso, Cambará do Sul segue encantando turistas com suas paisagens exuberantes, trilhas desafiadoras e a atmosfera de tranquilidade que atrai visitantes em busca de um contato profundo com a natureza. No entanto, é essencial que as questões de infraestrutura e promoção turística sejam enfrentadas de forma coordenada para que a região possa, de fato, explorar todo o seu potencial turístico, garantindo que atrações como a tirolesa no Cânion Fortaleza possam voltar a funcionar com sucesso. (EDIÇÃO DO DIÁRIO com informações das agências)