Hoteleiros de Norte a Sul do Brasil falam ao DIÁRIO (1ª parte)

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A reportagem do DIÁRIO DO TURISMO começou a ouvir nesta quinta-feira (26) o setor hoteleiro, segmento que está na linha de frente dessa guerra contra o coronavírus, que já deixou um rastro de mortes pelo mundo, e no Brasil chega a 77 com 3 mil pessoas infectadas. No entanto, além das baixas nesse primeiro momento, há uma grande preocupação a respeito da sobrevivência dos hotéis e dos colaboradores.

DA REDAÇÃO


Nessa primeira sequência de entrevistas ouvimos três representantes da hotelaria nacional. Roberto Bubol (presidente da ABIH-Amazonas – AM);  Osmar Vaillatti ( presidente da ABIH-Santa Catarina – SC) e  Antônio Carlos Franco Sobrinho (presidente da ABIH – Sergipe – SE).

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O objetivo é ouvir tanto dirigentes de entidades hoteleiras, como também o pequeno e médio hoteleiro que são os verdadeiros termômetros deste segmento produtivo. A ideia é saber o que estão fazendo, ou o que pretendem fazer diante da maior crise sanitária que se tem notícia no mundo e no Brasil e que terá desdobramentos inevitáveis na economia. Confira:

Roberto Bubol – Amazonas (AM)

Roberto Bubol, hoteleiro e presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis  (ABIH/AM) explica que o primeiro sintoma da grave crise que se abateu no Amazonas foi o corte (de voos) das companhias aéreas – que começou a diminuir frequências para a capital do Amazonas no início de março. “Temos centenas de indústrias aqui, em torno de 500 e o grande fluxo de pessoas à trabalho está afetado. O parque hoteleiro tem 6 mil UH (Unidades de Habitação), mesmo com a saída do (hotel) Tropical, perdemos outros hotéis, antes mesmo do Coronavirus”, recorda.

Com hóspede ou sem hóspede

“Cinco grandes hotéis aqui já fecharam as portas, cerca de 300 pessoas já foram dispensadas. O mais agravante para nós são as despesas fixas já que trabalhamos com demanda, independente do tamanho”, disse. Ele lembra que com hóspede ou sem hóspede as despesas são enormes para a manutenção do equipamento. “Qual é o negócio do mundo que se não tiver receita se consegue pagar as despesas? E a folha de pagamento? Essas linhas de financiamento não resolvem as demandas de hoje”, desabafa.  Roberto detalha as inúmeras exigências de um hotel, fala do consumo de energia das geladeiras, dos frigobares, dos elevadores. “Você com três hóspedes ou 100 hóspedes as despesas são as mesmas. Fica guardado. Estoque.  E quando vai usar? E se estragar? Quem vai pagar? Temos geradores para água quente. Não podemos desligar as centrais de energia.

E as reservas? As reservas? Não tem. Até então não temos uma posição estruturada. As reservas despencaram. Nós temos uma oferta de 4.2 mil apartamentos (com a saída do Tropical), hoje nós temos cerca 5% apenas ocupado aqui em Manaus. Hoje, nosso segmento é o mais afetado. E os nossos funcionários? Vai chegar uma hora que não vai ter salário”, enumera.

Segundo Roberto, o sindicato laboral de Manaus tem 35 mil profissionais que trabalham em hotéis, bares, restaurantes, empresas de eventos, e similares. “A hotelaria de modo geral diminuirá em Manaus com esse choque na economia”.  “Estamos minimizando os impactos”, revela:. “Conseguimos a aprovação de uma Lei na Assembléia Legislativa do Amazonas para não haver corte de energia nesse período de crise”.

Osmar Vailatti – Santa Catarina (SC)*

Passados 10 dias do decreto, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Santa Catarina ABIH-SC aguarda por decisões dos governos. O turismo e a hotelaria do estado pararam. Cerca de 80% a 90% dos meios de hospedagens estão fechados, já foram demitido funcionários, concedido férias e tudo pra atender o momento de emergência em que se vive, num momento de incerteza. Essas são as primeiras impressões de Osmar Vailatti, presidente da ABIH-SC .

Sem vantagens, mas trabalho

Segundo Vailatti, as respostas (do governo) precisam vir e rápido. Milhares de demissões já estão acontecendo. “A hotelaria não quer vantagens, ela quer voltar a trabalhar, gerar empregos e riquezas para este estado e país”

A associação já montou algumas medidas para atender seus associados como atendimento via whatsapp e colocou os consultores a disposição. “Neste canal, diariamente são lançadas as atualizações dos decretos e assuntos pertinentes a atividade hoteleira, bem como atendimento à demanda de cada um”, disse

Sem precisar números, Vailatti garante que milhares de funcionários de hotéis serão atingidos. “No âmbito prático, todos os colaboradores dos meios de hospedagem foram atingidos de alguma forma. Quer seja nas férias não programadas, nos afastamentos de suas atividades e nas inúmeras perdas do emprego”. Santa Catarina possui, segundo dados do Rais (Relação Anual de Informações Sociais), em torno de 2 mil CNPJs de estabelecimentos hoteleiros.

Antônio Carlos Franco Sobrinho – Sergipe (SE)**

Antonio Carlos Sobrinho (Presidente da ABIH Sergipe) – Crédito: Foto: André Moreira/Equipe JC)

O presidente da ABIH/SE, Antonio Carlos Sobrinho, atendeu à reportagem do DIÁRIO e respondeu às questões elaboradas. Com a intermediação do jornalista Cicero Medes, assessor de comunicação da entidade, eles foram objetivos: “80% dos estabelecimentos hoteleiros de Aracaju estão fechados, e os 20% restantes fecharão nos próximos 15 dias”, pontuaram.

Além disso, continua Sobrinho, cerca de um terço de funcionários de férias e a partir do dia primeiro de abril férias e/ou demissão, dependendo das nuances de cada empresa e da situação dos colaboradores individualmente. “Existe uma perspectiva de no início de abril, cerca de 1200 colaboradores sejam demitidos”, quantificou.

Sem a colaboração do Poder Público, a situação que já é lastimável, só irá se agravar passando a caótica, arrematou.

A ABIH/SE tem procurado o poder público municipal e estadual a atender alguns pleitos, alguns já foram atendidos ou já encaminhados: a DESO (Empresa distribuidora de Água), órgão ligado ao Governo dos Estado, em que  foi solicitado e atendido o não pagamento da taxa mínima de consumo. (Nos próximos 90 dias os hotéis pagarão apenas o consumo de água); Foi solicitado uma linha de crédito especial junto ao Banco do Estado de Sergipe – BANESE, para custear os hotéis por esse período. (O assunto está em análise e o governador Belivaldo Chagas garantiu que até o início da próxima semana dará uma resposta;

“Junto à Prefeitura de Aracaju a Associação reivindicou a prorrogação do prazo para o pagamento dos tributos municipais. O prefeito Edvaldo Nogueira já sinalizou positivamente a reivindicação para um prazo a ser definido após a superação da crise do COVID-19”, disse Antonio Carlos ao DIÁRIO.


*Agradecimentos ao colaborador do DT, em Florianópolis, Jeff Severino

**Agradecimentos ao colaborador do DT, em Aracaju, Nailson Socorro

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