Lei antigay em estados norte-americanos espanta turistas

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O cantor Bryan Adams cancelou um show no Mississippi em protesto contra o que ele definiu como lei antiLGBT. Sharon Stone decidiu não rodar um filme no estado. Na Carolina do Norte, Bruce Springsteen, Ringo Starr e a banda Pearl Jam cancelaram apresentações em resposta à lei que regulamenta o acesso de transgêneros a banheiros.

Se a reação de celebridades está atraindo atenção, o setor de viagens nesses estados se preocupa mais com os anônimos: turistas que já começaram a planejar as férias em outros lugares.

A Secretaria do Exterior britânica, por exemplo, divulgou alerta a turistas LGBT por causa das leis em questão.

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Os dois estados já sofrem com cancelamentos de reservas em hotéis. Associações do setor e funcionários dos governos locais temem que o boicote continue a prejudicar os negócios.

A Carolina do Norte é o sexto estado mais visitado do país. Em Charlotte, sua maior cidade, cerca de 20 convenções foram canceladas.

“Mais de 55% de nossos negócios vêm de reservas por grupos, e 11 deles nos excluíram da lista de destinos [por causa da lei]”, afirma David Montgomery, diretor do hotel Westin Charlotte.

A Sociedade Sociológica do Sul, instituto de pesquisa da Virgínia, foi uma das que cancelaram eventos no hotel. “Não queremos gastar dinheiro em um estado que discrimine a comunidade LGBT”, diz Barbara Risman, representante da organização.

Cancelamentos também foram reportados pelas redes Marriott e Starwood.

“O maior risco que buscamos medir não é o de cancelamentos agora, mas o de reservas que podem não vir mais adiante”, diz Thomas Maloney, diretor de questões governamentais da Marriott.

Empresas menores tampouco estão sendo poupadas. “Diversos hóspedes, que declararam não ser gays ou transgêneros, cancelaram estadias por causa disso”, conta Amanda Sullivan, diretora do Old Edwards, hotel com a bandeira Relais & Châteaux.

O Mississippi também enfrenta reação adversa de turistas a uma lei que permite que pessoas discriminem os LGBT por motivos religiosos. Como a Carolina do Norte, o estado depende pesadamente do turismo — o setor responde por 10% dos empregos.

A associação hoteleira local disse que filiados reportaram cancelamentos, e a organização de hospitalidade e restaurantes recebeu o relato de uma família que planejava uma excursão temática de blues pela região do delta do Mississippi e desistiu de ir.

Mike Cashion, diretor-executivo da entidade, escreveu uma carta ao Legislativo estadual manifestando preocupação. “Essa família vai a Nova Orleans e Galveston em vez de vir aqui —e eles não são exemplo isolado”, disse.

Jay Hughes, deputado estadual da região da cidade de Oxford, famosa pela cultura literária, também soube de cancelamentos. “O turismo não é um setor pequeno para nós. O custo econômico de pessoas não visitarem o Estado por causa da lei é imprevisível, mas real”, afirmou.

Líderes de empresas do setor assinaram cartas abertas pedindo aos governadores a revogação da lei dos banheiros na Carolina do Norte e na lei religiosa no Mississippi.

Enquanto isso não acontece, eles tentam combater a mensagem que afirmam ser transmitida pela legislação. O deputado Hughes apresentou um projeto que proíbe empresas e indivíduos de discriminarem a comunidade LGBT.

Em Charlotte, foi lançada a campanha “Sempre Bem-Vindos”, para divulgar a cultura inclusiva local por meio de cartazes com a frase expostos em hotéis e restaurantes.

No Mississippi, o setor também busca expressar uma atitude acolhedora.

“A primeira coisa que fizemos depois da aprovação da lei foi publicar em nossos sites um banner que diz ‘Todos são bem-vindos aqui’, porque é assim que nos sentimos. Essa lei não tem a cara do Mississipi”, afirma Linda Hornsby, diretora-executiva da associação hoteleira estadual. (The New York Times)

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