O arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco, acaba de ser reconhecido pela organização internacional Mission Blue como o mais novo Hope Spot — áreas marinhas de especial importância ecológica para o planeta. A distinção reforça o papel do destino como referência mundial em conservação, biodiversidade e turismo sustentável.
REDAÇÃO DO DIÁRIO – com assessorias
O anúncio foi feito pela fundadora da Mission Blue, a oceanógrafa Dra. Sylvia Earle, que destacou a importância do reconhecimento.
“Fernando de Noronha é um dos ambientes mais extraordinários do Atlântico tropical. Suas águas translúcidas e vida marinha abundante fazem dele um verdadeiro santuário de biodiversidade”, afirmou. “A designação como Hope Spot fortalece o trabalho de cientistas, instituições públicas, organizações da sociedade civil e comunidades locais que há décadas se dedicam a preservar este lugar especial.”
Os representantes brasileiros nomeados como Hope Spot Champions são Fabio Borges, presidente do Instituto Vida no Oceano e do Projeto Tubarões e Raias de Noronha, e Rafaely Ventura, coordenadora do Projeto Tamar.
Um santuário da vida marinha
Formado por 21 ilhas de origem vulcânica, Noronha abriga dois importantes espaços de conservação: o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, área de proteção integral, e a Área de Proteção Ambiental (APA), onde vivem os moradores da ilha.
Essas unidades preservam cerca de 1.500 espécies de fauna e flora, incluindo tartarugas marinhas, baleias-jubarte, golfinhos-rotadores e 250 espécies de peixes recifais. O arquipélago também é lar de aves endêmicas como a Cocoruta-de-Noronha e o Sebinho-de-Noronha.
“A beleza cênica de Noronha não deixa dúvidas: aqui, a natureza é protagonista e tem o verdadeiro potencial de inspirar todos sobre a importância de proteger o oceano e sua biodiversidade”, destacou Fabio Borges. “Mergulhar em Noronha é uma experiência transformadora. Suas águas mornas e cristalinas acolhem os visitantes, que testemunham de perto a variedade de seres vivos que só o oceano pode oferecer.”
Desafios e preservação
Apesar da forte proteção ambiental, o arquipélago enfrenta desafios crescentes com o turismo descontrolado, o aumento populacional e a introdução de espécies invasoras. Especialistas alertam que o modelo de ecoturismo precisa ser reequilibrado para garantir a sustentabilidade dos ecossistemas.
“Fernando de Noronha é um território singular, onde a beleza das paisagens se encontra com a riqueza da vida marinha”, disse Rafaely Ventura. “Proteger esse patrimônio é um compromisso coletivo, garantindo que as futuras gerações possam se encantar com a vida marinha de Noronha.”
A pesca, praticada em pequena escala nas áreas permitidas da APA, é considerada sustentável. No entanto, o monitoramento da pesca comercial em mar aberto ainda é insuficiente, e a exploração de petróleo nas imediações continua sendo uma preocupação ambiental.
Esperança e cooperação global
O pesquisador Lucas Penna, do Parque Nacional Marinho, resume o espírito da nova designação: “A verdadeira experiência que podemos ter aqui é aprender que a natureza e a vida humana podem coexistir. Isso exige conhecimento e respeito. Noronha representa um ponto de esperança para todos nós.”
Com o reconhecimento da Mission Blue, Fernando de Noronha passa a integrar uma rede mundial de Hope Spots — regiões estratégicas para a saúde dos oceanos. Os próximos passos incluem a expansão da educação ambiental, o fortalecimento da fiscalização das áreas protegidas e o estímulo à colaboração internacional para garantir que o arquipélago continue sendo um modelo de equilíbrio entre conservação e turismo responsável.






 
 
