por Bayard Do Coutto Boiteux*
Uma das cidades mais bonitas do mundo, com uma população hospitaleira reconhecida em diversas pesquisas e um dos principais produtos turísticos brasileiros, senão o de maior apelo internacional vive uma crise de segurança urbana, nunca vista até então. Diariamente, somos acordados com mortes de policiais, verdadeiros heróis em tempo da guerra carioca, vias expressas fachadas, pacientes assaltados em filas de hospital, shoppings de grande porte em zonas turísticas com roubos a mão armada ….Enfim,estamos vivendo um inferno astral sem que se tenha até então buscado uma solução a médio e longo prazo.
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Cada vez que a Cidade Maravilhosa chega ao seu limite, o governo federal envia tropas, nasce um pseudo policiamento ostensivo mas faltam estratégias e um plano de segurança real, que contemple todos os atores da segurança. O que se vê são ações isoladas e um despreparo na busca de resultados efetivos, como por exemplo o controle da entrada de armas e drogas no Estado.
Os turistas amedontrados não sabem muito bem como se comportar e se mostram arredios a descobertas individuais…
Estamos acuados, com medo, sem sair de casa. Bairros da zona sul e zona oeste estão sofrendo com a redução drástica de clientes . Os turistas amedontrados não sabem muito bem como se comportar e se mostram arredios a descobertas individuais, tão ricas para uma percepção real do produto. A ocupação hoteleira cai em pleno mês de julho, considerado alta estação e os operadores de receptivo começam a receber cancelamentos de reservas, inclusive de navios. Fora a ação intempestiva da Prefeitura do Rio em cortar a metade da verba das escolas de Samba e a ameaça da Liesa de não conseguir fazer o carnaval, geram ainda mais insegurança, para uma cidade fragilizada e sem um plano de segurança para responder rapidamente aos insumos negativos. Voltamos a frequentar os travel advisories de importantes países emissores, desestimulando turistas a virem para o Rio de Janeiro, que ainda sofre com preços fora da realidade praticados por diversos prestadores de serviço, que atendem o turista.
Não podemos deixar que o medo e a falta de segurança nos impeçam de trabalhar e sobretudo de lutar pelo Rio. É o momento de todas as entidades de classe, associações comerciais, associações de moradores e Poder Publico se reunirem num Conselho de Segurança e tentarem em conjunto uma retomada do controle das ruas, do transporte publico (constantes assaltos em ônibus e brts) e tentar melhorar nossa auto-estima. A crise financeira do Estado do Rio agravada pelas ações de ex membros do Executivo, que cometeram crimes contra o erário público nos levam a um panorama de descredito internacional, inclusive nos investimentos. A solução é cada um de nós, dentro de nosso universo de ação, conclamar as autoridades a trabalharem e não ficarem em reuniões e anúncios em televisão de suas ações.
O Rio pede socorro e pede respeito. Por sua importância turística, econômica, cultural e por sua população que ainda luta para sobreviver no caos que se instalou, o Rio não pode continuar sendo administrado e tratado com amadorismo. É hora de se profissionalizar no campo da segurança e se for necessário, buscar ajuda internacional para não morrermos sem sabermos onde estamos sendo levados.
Sou um eterno apaixonado pelo Rio e não vou me calar nunca. Quero minha, sua, nossa cidade de volta, para que tenhamos condições de respirar e andar pelas ruas, sem medo de balas perdidas e de não sabermos se vamos retornar para casa, no final do dia.
*Bayard Do Coutto Boiteux é vice-presidente executivo da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ, gerente de turismo do Preservale, professor universitário e escritor. (www.bayardboiteux.com.br)
