WASHINGTON – O temor de que a al-Qaeda tenha desenvolvido uma "nova geração" de bombas não metálicas indetectáveis nos aeroportos fez com que os Estados Unidos endurecessem o controle de segurança em voos ao país. Com a mudança, passageiros com destino ao território americano poderão ter que deixar o celular ou o computador para trás ou serem impedidos de embarcar caso o aparelho esteja descarregado. As novas diretrizes foram anunciadas pelo Departamento de Transporte americano e devem começar a valer em poucos dias, no primeiro estágio aplicadas a voos provenientes de Europa e Oriente Médio.
Os aeroportos de Heathrow e Manchester, no Reino Unido, já advertiram aos passageiros que não será permitido o embarque de qualquer equipamento eletrônico com a bateria descarregada. Autoridades francesas e belgas também alertaram os usuários a preverem um tempo adicional no embarque, levando em conta as novas medidas. O objetivo é que os equipamentos possam ser testados, e assim se comprove que não seriam um dispositivo explosivo.
O temor dos EUA é de que terroristas com passaportes europeus que lutaram na Síria, por exemplo, possam embarcar com os dispositivos. E como eles não precisariam de visto para viajar para os Estados Unidos, levantariam m enos suspeitas. A ameaça estaria sendo discutida na Casa Branca ao longo das últimas duas semanas. Segundo agentes de Inteligência americanos, membros da al-Qaeda na Síria (a Frente al-Nusra) e no Iêmen podem ter desenvolvido bombas implantadas em telefones, que teriam chance de burlar as medidas de segurança existentes. Na semana passada, celulares das marcas Apple e Samsung tiveram atenção especial durante as verificações de segurança para os passageiros de voos diretos com destino aos EUA, provenientes da África, Europa e Oriente Médio.
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Triagem adicional
"Se o seu equipamento não ligar, ele não terá a entrada permitida na aeronave", adverte o comunicado do Departamento de Transporte americano. "Durante o exame de segurança, os agentes também poderão pedir que os proprietários liguem alguns dispositivos, incluindo telefones celulares. O viajante pode passar por uma triagem adicional."
A nota não esclarece o que será feito com os aparelhos retidos – se serão descartados ou armazenados no aeroporto, por exemplo – ou a duração da medida de segurança adicional, que deve entrar em vigor no domingo. Com isso, passageiros poderão ter inspeções extras a calçados e eletrônicos e passar mais vezes pelos detectores de vestígios de explosivos. Em alguns casos, também haverá mais uma etapa na triagem em portões de embarque.
Segundo o secretário americano de Segurança Interna, Jeh Johnson, a nova medida tentará reduzir os riscos em aeroportos no exterior. Por enquanto, elas não serão implantadas nos terminais domésticos americanos, e ainda não se sabe que outras regras poderiam ser estabelecidas para governos estrangeiros, companhias aéreas e empresas de segurança privada. Washington tem autoridade legal para incentivar governos estrangeiros a aumentarem os controles nos aeroportos, caso eles tenham rotas aéreas diretas para as cidades americanas.
“Nosso trabalho é tentar antecipar o próximo ataque, e não simplesmente reagir ao último. Continuamente avaliamos a situação do mundo, e sabemos que ainda existe uma ameaça terrorista aos Estados Unidos. A segurança da aviação faz parte disso”, afirmou Johnson.
Em outubro do ano passado, a Agência Nacional de Aviação dos Estados Unidos flexibilizou o uso de dispositivos eletrônicos portáteis a bordo de aeronaves durante a decolagem e pouso, até então proibida. A única exigência é de que os passageiros usem seus tablets, telefones e e-books em modo avião, o que impede as chamadas ou a conexão à internet. (Com agências internacionais)