CONSELHO EDITORIAL DO DIÁRIO
As palavras do presidente da Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas, Márcio Tiburtius, na abertura do 1º Destination Brazil Travel Mart – que aconteceu nesta última semana -, talvez sintetizem o que a grande maioria dos destinos brasileiros busquem: condições de competitividade.
No entanto, acreditamos que as condições de competitividade a que ele se refere não se restrinja ao mercado interno. Não podemos jamais nos nivelar por baixo e ficar nos acotovelando com outros destinos nacionais que lutam no mesmo nível de condições e dificuldades e carecem das mesmas coisas: pouca visibilidade internacional, dificuldade em manter planos integrados em função do egocentrismo empresarial e falta de apoio governamental.
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Mesmo considerando que o 1º Destination Brasil teve um aporte de algo em torno de R$ 300 mil só do governo federal, o aporte para eventos – mesmo quando eles são bem sucedidos como esse – não vale.
É preciso um esforço mais concentrado e planejamento de longo prazo, conforme lembrou o próprio governador de Pernambuco, Paulo Câmara, na abertura do evento, ao lado do ministro Henrique Eduardo Alves, em seu primeiro evento oficial na era Michel Temer. Se essas palavras eram uma espécie de indireta para os voos de galinha choca que o turismo brasileiro executam nos últimos anos, elas foram mais que adequadas e tiveram destino certo.
Se as palavras do governador Paulo Câmara eram uma espécie de indireta para os voos de galinha choca que o turismo brasileiro executam nos últimos anos, elas foram mais que adequadas e tiveram destino certo
Parecem palavras mágicas, mas é isso mesmo: planejamento a longo prazo, união de interesses que vão além do interesse empresarial e político e que alcancem todo o tecido social.
É possível acreditar que Porto de Galinhas – desculpem o trocadilho – tem conseguido à duras penas alcançar esse tecido social e fazer do turismo seu principal Produto Interno Bruto. Segundo o presidente do Convention Bureau de Porto de Galinhas, Otaviano Maroja, 20 mil pessoas trabalham com atividades turísticas no município de Ipojuca, e 90% da mão-de-obra é ipojucana.
A ideia do 1º Destination em congregar os estados nordestinos é parte de um planejamento a longo prazo – que começou com ao Brazil National Tourism Mart (BNTM), em 1992. Essa é outra ideia que não pode ser descartada: planejamento integrando regiões.
Que esse exemplo de feira realizada em Porto de Galinhas, pequena, mas eficiente, discreta mas funcional, inspire mandatários públicos. Chega de eventos megalomaníacos. Que feiras assim, pequenas mas objetivas (segundo organizadores o custo total foi a metade de uma BNTM), sirvam de bandeira de prosperidade e crescimento não apenas para os organizadores de feiras e eventos, mas para toda a cadeia produtiva – que, mais uma vez reforçamos -, não depende diretamente de eventos, mas de políticas públicas de longo prazo representadas por voos mais altos. O turismo e as pessoas que vivem dele não aguentam mais voos de galinha choca.