Rota do Cacau e do Chocolate vai além de interesses municipais ou de partidos políticos, pois propõe a integração de municípios em um mesmo ideal de trabalho, desenvolvimento social e ambiental.
por Paulo Atzingen, de Altamira (PA)*
O prefeito de Altamira (PA), Claudomiro Gomes atendeu o DIÁRIO DO TURISMO no final de um tour fluvial pelas águas do Rio Xingu, no último domingo (16), e falou sobre a Rota do Cacau e do Chocolate que Altamira e outros quatro municípios estão implantando. O DT participou como mídia convidada do Chocolat Xingu 2024 (veja matéria).
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Claudomiro Gomes é altamirense e além de prefeito da cidade é presidente da Associação do Consórcio de Belo Monte (ACBM), que reúne os municípios de Portel, Medicilândia, Pacajá, Uruará, Placas, Altamira, Gurupá, Porto de Moz, São Félix do Xingu, Anapu, Brasil Novo, Vitória do Xingu e Senador José Porfírio.
Perguntei a ele qual sua análise da participação dos municípios integrantes da rota do cacau e do chocolate: “É de fundamental importância a participação de todos os municípios da Transamazônica. Começamos inicialmente com cinco (municípios) e um sexto já manifestou o interesse de participar, que é Vitória do Xingu, chegando a seis. Nós acreditamos que (o município de) Placas, Senador José Porfírio se integrem aos já participantes em breve”, disse.
“Quantos mais municípios nós tivermos na rota, mais forte será para o turismo regional e também, para a agricultura sustentável, já que o cultivo do cacau é a mais sustentável cultura produtiva, pois o cacau é amazônico”, frisou o prefeito.
Trecho aguarda asfaltamento
De acordo com Claudomiro, um problema da rota ainda é a falta de asfaltamento de um trecho da Transamazônica, de Medicilândia até a cidade de Rurópolis, uma distância de aproximadamente 250 quilômetros. “Trata-se de uma região grande produtora de Cacau. Já levamos o problema ao ministro do Turismo (Celso Sabino, que é paraense) e já falamos desta nossa rota ao presidente Lula, e dessa nossa necessidade”, disse o prefeito ao DIÁRIO.
Com a chegada de mais um município, a Rota do Cacau e do Chocolate ficará composta por seis destinos: Anapu, Altamira, Brasil Novo, Medicilândia, Uruará e agora Vitória do Xingu.
Garimpo verde e etnoturismo
Eleito em 2020, Claudomiro Gomes criou logo no ano seguinte a Secretaria de Turismo do município pensando, segundo ele, no potencial verde do município. “Nosso município tem mais de 140 mil quilômetros (quadrados) de floresta preservada e sempre vi essa região como um garimpo verde. Essa riqueza pode servir não só para o sequestro do carbono, mas pode servir para gerar renda através da observação de aves que é um produto fantástico, pode servir para bioeconomia possibilitando que se explore a seringueira, a castanha-do-pará, o cupuaçu, o cumaru, a andiroba, a copaíba. A floresta pode servir para fazer o etnoturismo com a visita às nossas comunidades indígenas que são muitas.
Nova Economia
Claudomiro acrescentou que sempre teve em mente que o melhor caminho para Altamira é o turismo sustentável. “Temos um potencial imenso e o turismo sustentável é o melhor caminho para para gerar emprego e renda e dignidade para essas famílias que moram nessas regiões mais afastadas do centro da cidade. Agora isso tudo acaba se harmonizando com a grande necessidade mundial de nós não só mantermos as florestas em pé – que nós já temos – mas nós reflorestarmos. Trata-se de uma nova economia.
“Portanto, nós criamos a Secretaria pois vemos no turismo como a política pública hoje mais importante para o município tanto para médio prazo quanto à longo prazo” – Claudomiro Gomes, prefeito de Altamira.
A Rota
A Rota Turística Cacau ao Chocolate já existe no papel e na prática, embora ainda faltem uma dinâmica de circuito e de sistema de gestão e negócio. A Rota na região Transamazônica é uma iniciativa que promove o turismo relacionado à produção de cacau no estado do Pará. A proposta é oferecer aos visitantes a oportunidade de conhecer fazendas de cacau, aprender sobre o processo da cadeia produtiva do cacau até o resultado do produto final, o chocolate. Além disso, por estar encravada na Amazônia Legal, a rota oferece o contato e a interação com a cultura local e do desfrute das belezas naturais da região como passeios na floresta, banho em rios e praias fluviais.
*Paulo Atzingen é jornalista
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