Preservação da onça Pintada no Pantanal Mato-grossense envolve o setor de turismo e fazendeiros

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Depois da morte da onça ‘Queixada’, que era um jovem macho e vinha sendo monitorado desde novembro de 2021 pelos cientistas da Jaguar Identification Project, a necessidade de preservação da espécie ganhou força na região de Poconé, no Mato Grosso.

“Sempre nos interessamos por preservação e já contávamos com o Projeto Jaguar no trabalho de catalogar os animais desde 2017, mas decidimos nos aprofundar nestas ações e agora contamos com um membro da instituição dentro da Fazenda Ipiranga, pois aqui é um dos poucos lugares do Pantanal Norte onde as onças podem ser avistadas com facilidade” explica Eduardo Eubank, diretor da Pousada Piuval.

Segundo ele, o trabalho do projeto é muito importante para a ciência, pois estuda o comportamento da onça e, por consequência, a sua cadeia alimentar, contribui para o meio ambiente e a preservação, e ainda colabora para o trabalho de turismo. “Pessoas do mundo todo vem ao Pantanal dispostas a ver a onça pintada, o que é muito bom para a economia local e empregabilidade da população da região”, detalha.

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A ciência e o ecoturismos são formas de proteger as onças, porém é necessário mais incentivos não só dos turistas (foto: divulgação)

Como forma de contribuir com os estudos e ações desenvolvidas pelo projeto, a Pousada Piuval, atualmente dá toda assistência necessária aos estudos e hospeda em suas dependências o veterinário Paul Raad, que também está fazendo mestrado na UNESP. “Aceitei o desafio, pois, sou um defensor da causa e gosto do equilíbrio com o ecossistema que existe aqui na pousada, que é uma fazenda com gados e, mesmo assim, as demais espécies circulam tranquilamente pela propriedade sem serem agredidas. Em outras fazendas nem sempre são amigáveis com a natureza, como no caso da onça morta, que tocou o coração de muitas pessoas, levando a uma mobilização maior com foco na preservação. Fui chamado aqui para que a ciência proteja e cuide das onças”, explica o pesquisador.

O Jaguar identification Project, já atua no norte do Pantanal desde 2013. A organização, sem fins lucrativos (foto: divulgação)

Para Paul Raad o trabalho de turismo na região é benéfico a natureza, pois os visitantes também protegem, quando desenvolvem um ingresso sustentável a região, valorizando a fauna e a flora, pois, se tornam vigias preservacionistas, auxiliando na redução de focos de incêndio e na matança de animais. “No trabalho que desenvolvemos com as onças, esses turistas, que respeitam e amam a natureza, contribuem financeiramente e compram equipamentos para o projeto. Para reforçar isso, a cada novo grupo de turista que chega, faço um trabalho de conscientização através de palestras”, destaca.

Ele explica que alguns fazendeiros apoiam o projeto, como é o caso da Fazenda Ipiranga, porém, outros matam, por medo de perderem os bezerros do rebanho: “Eles não entendem que isso acontece porque comem a capivara e eliminam o alimento da onça. Estou pesquisando os cadáveres de animais que surgem por aqui, para descobrir se foi a onça mesmo, se tem pegadas ou se ocorreu de outra forma”. Eduardo Eubank explica que anualmente a fazenda perde cerca de 10 a 30 bezerros. “O projeto pode nos ajudar a entender quais são os predadores, pardos ou pintados, e que ações mitigatórias podem ser feitas para minimizar essas perdas. Por outro lado, os fazendeiros também podem abrir suas fazendas para visitação turística e cobrar uma taxa de visualização, sendo restituídos de eventuais perdas. Eles precisam entender que a onça viva pode ser benéfica”, completa.

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