Um dos pioneiros na elaboração de roteiros para o Caribe, Roberto Silva começou a vender pacotes para Cuba em 1987. Com ótimas relações com o governo de Fidel Castro e as companhias aéreas que operam na região, Roberto beneficiou-se com a abertura política entre Brasil e Cuba. Em entrevista ao DIÁRIO, Silva falou sobre sua trajetória e explicou os desafios de operar no país insular. Confira a entrevista completa:
REPORTAGEM PANORÂMICA – Roberto, quando você começou a operar Cuba e quais foram as razões?
ROBERTO SILVA – Nós começamos a operar Cuba em 1987. “Nós” eu digo eu, particularmente, pois a Sanchat ainda não existia. Eu tive uma proposta do governo de abrir uma empresa Cubana aqui no Brasil que chamava Evazion, que era uma empresa ligada a Havana Tour, e eu, com a minha experiência no turismo, abri. Isso foi logo na abertura política entre Brasil e Cuba (1986), porque à época nosso país não tinha relações diplomáticas até então; as relações foram reatadas em 1986, e em 1987 nós começamos a trabalhar o destino Cuba. Neste ano de 1987 a Vasp começou a voar pra Cuba, e eu fui convidado para ir no primeiro voo. Me lembro exatamente, desembarquei no país dia 20 de dezembro de 1987. E, nessa data, nesse dia, eu lembro até hoje, eu cheguei lá (já tinha esse convite de abrir o escritório da Havana Tour no Brasil, como Evazion); fui recebido pelos militares, aquela coisa meio assustadora ainda para minha visão, eu era ainda um menino, jovem…
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DIÁRIO – Continue…
REPORTAGEM PANORÂMICA – Fui recebido quase como honras militares, porque era uma abertura do mercado, o começo do período de fechamento das relações com a Rússia e o governo cubano buscava alternativas econômicas. E o turismo era a saída. A Vasp voou para Cuba até 1991, por ai. Nós tínhamos na época algumas operadoras (Unitravel, Mappin Turismo), que eram fortes no mercado do destino e que bancavam a operação da Vasp. Nessa época foi muita gente para Cuba (1989 – 1990). O Brasil chegou a levar mais de 30 mil pessoas para lá, porque tinha o voo; era um destino que tinha ficado fechado pelas relações diplomáticas por mais de 30 anos; então existia uma demanda reprimida. Então, foi um “boom”, eu vi assim um super-produto e comecei o meu trabalho; abri o escritório, chegamos a levar esses 30 mil com apoio dos operadores brasileiros, quando, em 1998, tivemos um período especial, a Vasp parou de voar, tivemos algumas situações difíceis com o mercado, mas eu nunca abandonei o destino, eu sempre disse e ainda digo.
Tivemos posteriormente a chegada do voo da Aero-Cubana que começou a voar em 1999. Então tinha duas opções para se chegar a Cuba, Cubana ou Vasp. Fomos trabalhando e trabalhando e foi quando eu decidi me retirar da parceria com a Hanava Tour e abrir a Sanchat, em 1998.
Mar caribenho e clima agradável sempre atrairam turistas para a ilha |
DIÁRIO – Você montou os pacotes?
RERPORTAGEM PANORÂMICA – Passei trinta dias no Caribe montando os pacotes e entrei com toda a minha experiência focada em Cuba, principalmente. Então a Sanchat nasceu daí, como especialista em Cuba. Por volta do ano 2000, com a chegada da Copa Airlines no Brasil, tive que começar a mudar minha visão, porque a aérea chegou ligando todas essas vias do Caribe. Começou com Cuba, depois Dominicana, Panamá, começou a estabelecer ligações com todas essas ilhas. E o que a Sanchat fez? Começou a se preocupar em abrir os destinos, hoje nós trabalhamos com todo os destinos do Caribe, destinos que a Copa Airlines voa.
DIÁRIO – Qual a média de passageiros que a Sanchat leva para Cuba anualmente?
REPORTAGEM PANORÂMICA – Uma média de 2.5 a 3 mil passageiros ao ano, só em 2013. Este ano é meio atípico, eu acho que devemos chegar aos 2 mil.
DIÁRIO – Com a flexibilização da economia o aumento de turistas não pode aumentar para Cuba?
REPORTAGEM PANORÂMICA – Não podemos falar muito de política e economia, pois somos operadores. Mas, é um produto que eu trabalho há quase 30 anos (27 anos), eu acredito, sim, que vai aumentar. Hoje nós temos o voo da Cubana uma vez por semana novamente, depois de dez anos o Ministério do Turismo de Cuba voltou a lembrar do Brasil. Eu sempre bati na mesma tecla; nunca abandonei o destino Cuba durante todos esses anos. Eu mostro para eles (o Ministério), eles fazem investimentos na Europa de 40, 50, 100 ou 200 mil dólares, mas é preciso deixar claro que a população da Europa não se compara à população do Brasil. Eu mostro para eles que o Brasil tem 200 milhões de habitantes, e esses 30 milhões que saíram da classe C para a classe B em 2011, são pessoas que querem viajar, então eu acredito que vai aumentar sim, porque o governo está se preocupando, voltando a atender o mercado brasileiro.
Nós temos investimentos brasileiros lá, nós temos a Odebrecht, Sousa Cruz. Vai aumentar o fluxo sim, existe uma necessidade. Hoje a economia entre Brasil e Cuba vai aumentar, os investimentos no Brasil vão aumentar, então, logicamente, o número de passageiros vai aumentar, e a Sanchat está ai para aumentar esse número, só que esse ano é um ano muito atípico no Brasil, não acredito que nós consigamos aumentar, se nós mantivermos o mesmo número está perfeito. Eu acredito que a expectativa é muito boa para o destino.
"Quando a Copa Airlines chegou ao Brasil, foi minha salvação como empresa", afirmou Roberto Silva |
DIÁRIO – Fale da parceria de sua operadora com a Copa Airlines
REPORTAGEM PANORÂMICA – Em 2000, quando a Copa Airlines chegou ao Brasil, foi minha salvação como empresa, porque meu destino era Cuba e eu não tinha avião para chegar lá; a Cubana se retirou do mercado, o Ministério do Turismo se retirou, então eu tinha que buscar uma saída; Não ia concorrer com a Estela Barros que vende Estados Unidos há 30 anos; eu tinha que ficar no meu Caribe, e a Copa chegou para me salvar. Fiz um trabalho muito grande com a Copa desde o começo, tenho um respeito grande por eles e eles um respeito por mim, porque eu sou top 10 todos esses anos, somos um dos melhores vendedores da Copa no Brasil. Cada dia eles abrem destinos e nós somos automaticamente obrigados a crescer junto com eles; hoje meu target não é mais só Cuba, Caribe, América Central, Estados Unidos, Canadá; eu acompanhei a Copa nesse crescimento, então esses certificados e os top 10 que nós recebemos tem uma justificativa porque nós acompanhamos o crescimento da Copa e crescemos também.