Nem só de uva e de seus subprodutos turísticos vive Bento Gonçalves. O município da Serra Gaúcha tem se sobressaído dentre outras cidades da região pois aposta na versatilidade de atrativos para manter positiva sua balança comercial. E coloque positiva nisto. Segundo o secretário de Turismo Rodrigo Parisoto 1.5 milhão de turistas visitaram Bento Gonçalves em 2018, um índice 8% acima dos números de 2017. Esse crescimento mesmo em um ano difícil com greve de caminhoneiros e eleições, se deveu a alguns fatores, explica o secretário: “Planejamento, organização e marketing. Temos ações para todas as estações do ano e mostramos ao visitante que o turismo acontece em Bento Gonçalves de 1º de janeiro a 31 de dezembro. Nossas estações são nomeadas assim: Retratos de Outono, Inverno de Sensações, Encantos de Primavera e Estação Vindima“, adianta Rodrigo ao DIÁRIO. Segundo ele, as pessoas podem vir a Bento em cinco períodos diferentes no ano, encontrando atrações turísticas para cada estação. Acrescente-se a isso o Parque de Eventos de Bento Gonçalves uma megaestrutura pronta para abrigar eventos pequenos, médios e gigantes. “Arrisco dizer que nosso Parque de Eventos é o maior espaços coberto climatizado para eventos da América Latina com 58 mil m²”, quantifica o secretário. O DT o entrevistou , acompanhe:
REDAÇÃO DO DIÁRIO
DIÁRIO – Rodrigo, pode nos falar dos cinco circuitos turísticos que compõem o roteiro de Bento Gonçalves?
RODRIGO PARISOTO – Hoje Bento Gonçalves é formado por cinco rotas turísticas: Caminhos de Pedra, Rota Cantinas Históricas, Rota Rural Encantos da Eulália, Rota Vale do Rio das Antas e Rota Vale dos Vinhedos. O que é muito importante falar sobre cada uma delas é que elas são completamente diferentes em termos de propósito. No Vale dos Vinhedos temos, por exemplo, a maior concentração de vinícolas aqui da nossa cidade, de todos os tipos e tamanhos; no Caminhos de Pedra, onde os primeiros imigrantes italianos acabaram construindo suas casas, erguem-se as casas de pedra originais do século passado que hoje se transformaram em pousadas, restaurantes, ou até mesmo em museus para visitação. Cada uma dessas rotas traz atrações bem diferentes. Faz o turista, o visitante que chega a Bento Gonçalves permanecer não por um ou dois dias, mas até cinco a sete dias.
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DIÁRIO – Ou, seja, não se limita a visitar vinícolas…
RODRIGO PARISOTO – Exatamente; na nossa cidade tem mais de 250 atrações turísticas. O que é mais interessante nisso, é que são atrações que mantém a sua originalidade muito grande e sua cultura típica local. O visitante pode ir diretamente na casa do colono, que é o agricultor que produziu a uva, proprietário de uma vinícola ou uma vinícola muito grande onde ele pode provar o vinho ou participar da pisa da uva. Também existe a Casa das Cucas, que é uma iguaria alemã muito popular por aqui. Temos uma chocolateria que produz chocolate com 80% de cacau, importado de outros Estados, com fabricação realizada aqui. Quero dizer, tem muita coisa para o turista conhecer e experimentar…
DIÁRIO – Vocês estão no final da Vindima, que é a festa da colheita da uva em Bento. Vocês utilizam esse mote para atrair turistas para a cidade?
RODRIGO PARISOTO – Esse evento é tão importante que já é o segundo período de maior alta na chegada dos turistas aqui. Seria uma segunda temporada aqui depois do inverno. Isso é tão sério que até mudamos o nosso posicionamento de Marketing em relação a Vindima, eliminamos o verão e criamos a “Estação Vindima”. Temos ações para todas as estações para mostrar ao viajante que o turismo acontece durante todo o ano em Bento Gonçalves. São elas: Retratos de Outono, Inverno de Sensações, Encantos de Primavera e Estação Vindima, que acontece de janeiro à março. Hoje tranquilamente as pessoas podem vir a Bento em cinco períodos diferentes no mesmo ano, encontrando uma mudança para cada estação e aproveitando também a programação de Natal. Os turistas podem acompanhar a programação da cidade acessando bento.tur.br. É uma forma de descobrir novas formas de aproveitamento do tempo que passam na cidade.
DIÁRIO – Como a cidade de Bento Gonçalves lida com a mudança das gerações? Vocês estão conseguindo manter as gerações posteriores dos imigrantes da cidade interessados nos equipamentos turísticos?
RODRIGO PARISOTO – Se estivéssemos falando de dez anos atrás, teríamos motivo para preocupação. Hoje isso diminuiu pois a cidade consegue oferecer tudo (em termos de estrutura), nossos jovens estudam na cidade e retornam aos seus lares no setor rural. Temos trabalhado forte na percepção de valor do produto turístico. Desde que os primeiros imigrantes chegaram à cidade, eles sofreram demais. Este sofrimento, apesar de não atingir os filhos e netos desses primeiros estrangeiros, continuou em forma de cultura da consciência de sofrimento que ainda é bastante presente na vida dessas pessoas, principalmente do interior. Com a chegada e o desenvolvimento do Turismo, a uva que eles vendiam por 0,90 centavos, agora vendem a 8 reais o quilo e, além disso, eles conseguem trazer o turista para conhecer a propriedade e vivenciar o seu cotidiano. Isso gera riqueza e melhora a qualidade de vida dessas pessoas, cujos filhos retornam já se tornando empreendedores no segmento desse produto turístico. Meu desafio é deixar um projeto de um museu que resgate a história de Bento Gonçalves, que já possui uma história à altura da criação de um empreendimento dessa natureza.
DIÁRIO – Vocês tem um grande centro de eventos que diferencia Bento Gonçalves das outras cidades. Pode nos falar sobre o equipamento?
RODRIGO PARISOTO – Na verdade hoje, pelos dados que apuramos, a FundaPark seria o maior centro climatizado da América Latina com mais de 57 mil metros quadrados. Para manter o fluxo de eventos há um grande trabalho feito pela Fundação Parque de Eventos que é a que cuida do Parque; temos um Convention Bureau e nós temos os próprios espaços dos hotéis que se unem em forças-tarefas que divulgam e captam promotores de eventos para conhecer a região. É um trabalho contínuo que segue por todo o País em todos os meses do ano.
DIÁRIO – Quais os principais eventos que acontecem no destino Bento Gonçalves atualmente?
RODRIGO PARISOTO– Temos a Fima Brasil, um evento internacional de maquinário moveleiro; a Móvel Sul, feira de móveis; a Fiema Brasil, uma das mais importantes feiras de sustentabilidade do País, a Wine South America, feira internacional de vinhos; a Fenavinho; a Expo Bento, com mais de 220 mil visitantes, entre outras. Além disso, promovemos a Festa Nacional da Música e um festival de balonismo programado para setembro.
DIÁRIO – Como será a participação do destino Bento Gonçalves na WTM Latin America?
RODRIGO PARISOTO – Será nossa primeira participação, em conjunto com Gramado, Nova Petrópolis, Garibaldi Canela e Campos de Cima da Serra. Vamos promover e divulgar o destino e as atrações do ano.