Um dos maiores erros é não ter uma secretaria municipal de turismo com visâo de mercado e um plano efetivo de desenvolvimento turístico
A gestão do turismo em nosso país passa por uma falta de politicas publicas notória. São inúmeros projetos e planos lançados sem que metas sejam apresentadas ou sequer medidas. Os cargos são ocupados por qualquer um na verdadeira aceitação do termo, sem que se busque pelo menos nos cargos técnicos , especialistas da área. Há uma confusão nítida entre entretenimento da população e verdadeiros eventos. Prefeituras insistem em realizar shows em praça pública e comemorar aniversários dos municípios, como se fossem eventos turísticos e esquecem providências essenciais para o bem estar dos que nos visitam.
Um dos maiores erros é não ter uma secretaria municipal de turismo com visâo de mercado e um plano efetivo de desenvolvimento turístico, com empreendedorismo e formas inusitadas de gestão. O recente anúncio, por exemplo do futuro prefeito do Rio de extinguir a secretaria de turismo do município, mantida desde o Prefeito Jamil Haddad demonstra falta de visão estratégica da vocação do Rio. E a proposta de substituição da mesma por um conselho de notáveis que não são da área não trará nenhum resultado prático para o setor. Os conselhos são vitais como órgãos que assessoram prefeituras quando formados por técnicos e não pendurados no gabinete do Prefeito.
Não se pode esquecer em nenhum momento que o turismo avança em função dos esforços de várias gestões e que cada uma deixa sua marca e projetos de sucesso não deveriam ser descontinuados. Um dos maiores problemas da atualidade é a segurança . Talvez o prefeito Crivella devesse ressuscitar o Conselho de Segurança Turística que criei com o Guinle e que trouxe resultados muito positivos. Precisamos investir em batalhões de policiamento turístico com contingentes reais e não apenas, como forma de marketing. É inadimissível vermos policiais sem a devida capacitação trabalhando com turistas. A imagem hoje do Brasil ainda passa pelo Rio, onde a situação é caótica, pelo Estado estar num momento de falência, sem recursos e com constantes problemas de delitos, que maculam a cada dia nossa imagem. Não culpo os policias, na maior parte homens honrados que apesar de tudo se dedicam a manter a ordem públicas, mas a falta de uma “gestão pensante ” e de um programa nacional de segurança turística. A segurança passa é óbvio pela informação e sinalização. Não se concebe cidades turísticas do porte do RIo, por exemplo, sem sinalização turística bilíngue até hoje.
Falta vontade administrativa e técnica de se administrar o turismo, que só sobrevive se passar por conceitos de sustentabilidade e do direito da cidade. Novos equipamentos turísticos são criados sem que na sua concepção sejam tratados aspectos vitais, como a capacidade de carga e o treinamento.
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O grande desafio dos gestores públicos é pensar no turismo em conjunto com a população anfitriã, o trade turístico e aqueles que indiretamente colaboram com o sucesso da atividade indiretamente, como garis, policiais, atendentes do comércio, entre outros. Falta até hoje um grande programa de capacitação turística, que não pare e que forneça treinamentos e reciclagens o tempo inteiro, de forma organizada e sistematizada. Falta vontade administrativa e técnica de se administrar o turismo, que só sobrevive se passar por conceitos de sustentabilidade e do direito da cidade. Novos equipamentos turísticos são criados sem que na sua concepção sejam tratados aspectos vitais, como a capacidade de carga e o treinamento.
Nossa próxima alta estação será de enfraquecimento do turismo receptivo. Estima-se uma diminuição de 15% de turistas internacionais e que a ocupação hoteleira na cidade do Rio não chegue a 7o% no Reveillón. Devagar, as operadoras de receptivo vão fechando suas portas ou se fundindo, assim como as empresas organizadoras de eventos. É bom salientar que empresas municipais não são para simplesmente cuidar de eventos mas sobretudo da promoção e da boa acolhida do consumidor. O Rio, por exemplo, evoluiu muito na informação turística e no material promocional, mormente o Guia Riotur, mas deve colocar mais recursos numa promoção diferenciadas, em mercados mais próximos que respondam rapidamente.
São algumas ideias e sugestões para 2017 de um apaixonado pelo Rio que quer ver o turismo triunfar….
*Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, escritor, dirige o Instituto de Pesquisas e Estudos do Turismo do RJ, gerencia o turismo do Preservale, vice-presidente executivo da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ e presidente do Portal Consultoria em Turismo