Deus criou o tempo, os homens inventaram o calendário, fatiando o tempo em dias, semanas, meses, anos, séculos, milênios, para dar um fôlego e, assim, na tentativa de zerar o que passou, nos conduzindo para frente na esperança de dias melhores.
O tempo, esse novelo invisível que tece com fios de ouro e sombra a trama da nossa existência, é, paradoxalmente, o mais íntimo e o mais desconhecido de nossos companheiros. Ele está em tudo: no desabrochar das flores, no correr dos rios, no enrugar da pele. No amanhecer de cada dia. E, ainda assim, não nos contentamos em aceitá-lo.
Tentamos subvertê-lo, dobrá-lo à nossa vontade, como se pudéssemos, por capricho ou engenho, interrompendo sua marcha inexorável.
Caro leitor, amiga leitora, vocês e eu, todos que estão lendo esta crônica, somos sobreviventes de tempos difíceis. 2024 foi um ano difícil. Não há mais tempos fáceis. Aliás, nunca houve. Somos resilientes. Somos vencedores; vencedores são os que vencem dores.
É imperativo nos adaptarmos à passagem do tempo, para saboreamos as boas coisas da vida.
A negação do tempo não se manifesta em epopeias ou experimentos, mas nas pequenas guerras cotidianas. A subsistência, a procura pela Felicidade. A busca desenfreada pela juventude. O corpo, que deveria ser o espelho do vivido, é esculpido, esticado, mascarado, numa tentativa vã de fixar um instante que, em sua essência, é passageiro. A cada linha apagada do rosto, perde-se um pouco da narrativa da alma. E o que sobra? Uma beleza congelada, sem história, um retrato imutável que já não se parece com quem o contempla.
Há também aqueles que tentam apressar o tempo, como se a vida pudesse ser vivida em saltos e não em passos. São os que desprezam a cadência das horas, os ritos da paciência, a delicadeza dos ciclos. Querem colher os frutos antes da floração, forçando o destino a entregar-lhes o que só o amadurecimento pode oferecer. Mas o tempo não cede. Ele tem suas leis, e quem as ignora paga o preço do vazio que acompanha os atalhos.
Mesmo com todos os perrengues, aprendi com o passar dos anos que viver é bom demais. Viver é dádiva; a vida é construção diária, contínua e permanente. Viver é escolha. Em qualquer tempo, em todos os anos, escolhi ser feliz; tenho GRATIDÃO pela vida.
Realista esperançoso, no outono da vida, continuo a acreditar que as coisas vão melhorar, e como brasileiro, -cuja profissão é esperança, não desanimo nunca. Tenho andado pelo mundo, e afirmo peremptoriamente que o Brasil é um dos melhores países do mundo.
Somos um povo alegre, criativo, produtivo. Claro que faltam uns ajustes, mas chegaremos lá. Temos o privilégio de morar em uma ilha, não por acaso chamada de Ilha do Amor, por suas belezas, mistérios, magias e a melhor gastronomia da terra.
Deus criou o tempo, e o homem fatiou-o em anos, para renovarmos as esperanças de dias melhores. Se você não ficou satisfeito com o ano que finda, teremos 365 novas oportunidades para fazermos um mundo melhor. Afinal de contas, nós fazemos o mundo. Nós somos o mundo.
Desejo a todos um 2025 pleno de realizações, conquistas, ganhos.
Que venha 2025, com seus mistérios, perrengues, vitórias e conquistas.
Bença pra quem é de bença;
Saravá pra quem é de saravá;
Axé pra quem é de axé;
Salam pra quem é de salam;
Shalom pra quem é de shalom;
Namastê pra quem é namastê;
Beijos pra quem for de beijos;
Abraços pra quem for de abraço;
E que todo olho gordo entre em regime no ano que está nascendo.
Luiz Thadeu Nunes e Silva
Escritor, cronista e viajante. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.