REDAÇÃO DO DIÁRIO
Em frente à praça Muñoz Gamero, em Punta Arenas, no Chile, a construção secular segue o tom da maioria dos prédios no centro da cidade, com traços da arquitetura europeia da época do final do século IXX, oferecendo aos hóspedes uma viagem ao passado, graças principalmente à decoração, que procura manter a atmosfera antiga e os traços originais. Em entrevista ao DIÁRIO, a gerente do Hotel José Nogueira, Marie Louise Pittet, contou a história do empreendimento, falou sobre o departamento de vendas, sobre a procedência dos hóspedes, atrativos da região, entre outros assuntos. Confira a entrevista concedida ao repórter do DT, Marcelo Villas Boas:
DIÁRIO – Antes mesmo de entrar no hotel, percebe-se que este é um edifício histórico. Pode falar sobre ele?
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MARIE LOUISE PITTET – Este é o Edifício Palácio Sara Braun. A construção foi terminada em 1900. Sara Braun era casada com Dom José Nogueira e, por isso, o nome do hotel, mas ele faleceu antes que o empreendimento estivesse pronto. Somente ela viveu aqui. Eles não tiveram filhos e ela faleceu na década de 50; então o prédio ficou sob responsabilidade de sobrinhos, mas por muito tempo o edifício ficou abandonado e alguns móveis foram roubados, já que não conseguiram manter o local. Havia interesse por parte de alguns estrangeiros de comprarem o edifício. Então, reuniram-se alguns Magallânicos, pessoas dessa região, e formaram o Club de la Union, com o objetivo de resgatar esse edifício e mantê-lo para a região, em mãos locais. Atualmente, esses são os donos do edifício e nos alugam para usarmos como hotel e manter as necessidades da construção. Aqui, temos o restaurante Club de la Union, onde mantemos a mobília original.
José Nogueira chegou aqui aproximadamente no ano 1870. Casou-se com Sara Braun, que tinha família russa e já haviam feito sua fortuna e se associaram a Nogueira, que era bem mais velho que ela.
Em 1982, o edifício foi declarado patrimônio histórico nacional e, em 1992, o hotel foi aberto.
DIÁRIO – Qual a procedência dos hóspedes do Hotel José Nogueira?
MARIE LOUISE PITTET – A maioria são chilenos, depois argentinos. Em seguida os norteamericanos e também brasileiros.
Normalmente os estrangeiros vêm na temporada alta, entre outubro e março, para lazer, turismo nos principais pontos da região, Torres del Paines, cruzeiros pelos canais, Tierra del Fuego. O resto do ano, são mais chilenos, empresas, a negócios.
DIÁRIO – Como o crescimento da região como um todo tem impactado na chegada de hóspedes do hotel?
MARIE LOUISE PITTET – Esta baixa temporada está bem melhor que as anteriores. Estamos recebendo muitos hóspedes. O ideal para a região é diminuir a sazonalidade. As temporadas são muito marcadas, a mudança é muito brusca. Temos trabalhado para diminuir a sazonalidade. A cidade de Punta Arenas pode ser visitada o ano todo, tem atividades o ano todo. O principal ponto de visitação, Torres del Paines, fica aberto o ano todo. Os roteiros se encerram por falta de demanda, mas pode-se visitar o parque, se hospedar em Puerto Natales [cidade próxima a Punta Arenas].
Somos parte da Patagônia e nos diferenciamos da Patagônia Argentina porque temos as geleiras, os fiordes, coisas que nos fazem especiais
DIÁRIO – Como funciona seu departamento de vendas?
MARIE LOUISE PITTET – Através de operadores turísticos, sites de busca e reservas online, como o Booking.com. A maioria das reservas é feita pela internet. Também há convênios com empresas para recebermos executivos.
DIÁRIO – Como você vê eventos que objetivam trazer mais turistas e, consequentemente, o interesse de grandes empresas na região de Punta Arenas, como o Congresso Achet, que aconteceu recentemente?
MARIE LOUISE PITTET – O objetivo do Congresso Achet é uma reunião comercial, um encontro do setor para os empresários para descentralizar a atividade turística, por isso acontece todos os anos em diferentes cidades do Chile. Ano passado foi no norte do país, este ano no sul e acredito que no ano que vem será no norte de novo. Serve para trazer as últimas novidades do setor, informações atualizadas. É mais que um encontro comercial, mas uma oportunidade de compartilhar e conhecer informações e empresários.
A nossa região, como eu disse, pode ser visitada o ano todo. A cidade de Punta Arenas é bastante moderna e desenvolvida para receber estrangeiros. Os estrangeiros que vêm para cá se surpreendem com a estrutura, todos os serviços, segurança, acessibilidade, lugares interessantes o ano todo. Somos parte da Patagônia e nos diferenciamos da Patagônia Argentina porque temos as geleiras, os fiordes, coisas que nos fazem especiais. A nossa cultura, até na forma de falar, nos diferencia do resto do Chile. Somos uma região que por muito tempo esteve mais vinculada à Argentina que ao resto do Chile. Temos uma cultura e uma forma de ser muito diferente do resto do Chile.