Após uma série de recordes em 2024, o turismo brasileiro continua em trajetória ascendente em 2025. Os resultados do primeiro trimestre revelam um desempenho histórico: mais de 23,7 milhões de passageiros embarcaram em voos domésticos, um crescimento de 6% em relação ao mesmo período do ano anterior. No mesmo intervalo, o país recebeu 3,7 milhões de turistas estrangeiros — alta de quase 50% — e registrou um volume inédito de gastos: US$ 2,4 bilhões, o maior valor desde 1970.
Segundo nota enviada ao DIÁRIO DO TURISMO, o faturamento do setor também está em alta. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), em fevereiro deste ano, o setor faturou R$ 16,5 bilhões, o maior valor da história no mês e um crescimento de mais de 5% na comparação com o mesmo período de 2024.
Os números ajudam a explicar outro dado relevante: desde 2023, conforme o Banco Central, o turismo nacional já acumula um total de US$ 617 milhões em investimentos estrangeiros no Brasil, evidenciando o grande interesse pelo país. O cenário do ramo impacta, ainda, o mercado de trabalho: no primeiro trimestre deste ano, o mercado turístico acumula um saldo de 62,4 mil empregos gerados, perfazendo 467,4 mil novas ocupações formais.
Em entrevista à Agência de Notícias do Turismo, o ministro do Turismo, Celso Sabino, aponta ações adotadas pelo governo federal para fortalecer o desenvolvimento do setor, como o estímulo à realização de viagens por brasileiros no próprio país, o apoio à estruturação de destinos de norte a sul, o reforço da conectividade aérea entre o Brasil e outros destinos globais e o aprimoramento da promoção internacional. Confira!
1) Ministro, a quais fatores o senhor atribui esse crescimento do turismo brasileiro, tanto no mercado doméstico quanto no campo internacional?
No mercado interno, um dos fatores que vêm impactando a atividade turística brasileira é a forte queda do desemprego no Brasil – cerca de 7%, a menor desde 2012. Afinal, ninguém viaja se está sem dinheiro! Para favorecer essa demanda, seguimos operando ações que facilitam e estimulam as viagens. Uma delas é o “Conheça o Brasil: Voando”, parceria renovada com o setor aéreo que tem elevado sensivelmente o número de voos, além da oferta de 15% de descontos em hotéis a professores e mulheres que viajam sozinhas, em colaboração com a hotelaria. São estímulos importantes para o turismo doméstico.
Já na atração de turistas internacionais, o aumento da conectividade aérea e a ampliação da promoção do Brasil no exterior vêm favorecendo a chegada cada vez maior de visitantes de outros países. Em colaboração com a Embratur, continuamos a trabalhar a crescente atração de mais voos e frequências ao nosso país, com ações como o Programa de Aceleração do Turismo (PATI), que promove incentivos para as empresas ampliarem voos internacionais. É inegável, ainda, a percepção extremamente positiva da nova imagem trabalhada pelo Brasil no exterior no governo do presidente Lula, de um país compromissado com a democracia, a diversidade e a inclusão social.
2) De que forma o Ministério do Turismo tem contribuído para que estados, municípios e a iniciativa privada tenham melhores condições no setor?
Com muito diálogo, parcerias e apoio. Temos percorrido o país para expor as várias possibilidades de suporte proporcionadas pelo Ministério do Turismo. Isso se dá, por exemplo, mediante um robusto investimento na realização de obras de infraestrutura turística. Em um ano, foram quase 500 obras concluídas, e atualmente temos cerca de 1,9 mil contratos com estados e municípios, envolvendo um aporte total de R$ 3 bilhões, o que aprimora a capacidade de receber adequadamente visitantes.
Também estamos apresentando a disponibilidade de financiamentos em condições muito especiais a empreendedores turísticos por meio do Novo Fungeur (Fundo Geral de Turismo), que permite ao trade obter capital de giro e promover melhorias nas suas atividades. Esse crédito, que ao longo de 2024 chegou a quase R$ 1 bilhão repassados pelo Ministério do Turismo, certamente significará uma melhor oferta de serviços a visitantes no país.
3) Como o senhor enxerga o papel do trade turístico na construção das políticas públicas desenvolvidas pelo governo federal na área?
Profissionais, empreendedores e, claro, investidores, têm um papel fundamental no desenvolvimento do turismo no país, e isso se traduz, inclusive, na valorização dessa contribuição pelo governo federal. Uma evidência disso foi a reinstalação e a reformulação, ainda em 2023, do Conselho Nacional de Turismo (CNT), que assessora o Ministério do Turismo na definição dos rumos do nosso setor. O CNT foi essencial na construção do Plano Nacional de Turismo (PNT) 2024-2027, que finca as bases para o desenvolvimento sustentável do setor.
Esta parceria também foi extremamente importante em iniciativas como a atualização da Lei Geral do Turismo, sancionada em 2024 pelo presidente Lula após um longo período de tramitação no Congresso Nacional e que promove uma ampla modernização do setor. O CNT vem igualmente participando da regulamentação da Lei Geral, legislação esta que vai permitir ao Brasil aprimorar as condições do turismo de operar conforme as novas dinâmicas da atividade.
4) De que maneira o Brasil tem trabalhado a cooperação com países vizinhos no sentido de reforçar a atração de visitantes?
Seguindo a orientação do presidente Lula, isso tem sido uma ação prioritária do Ministério do Turismo. Fruto desse trabalho intenso de aproximação das nações é o 1º Escritório da ONU Turismo nas Américas e no Caribe, que está instalado no Rio de Janeiro e que vai permitir ampliar a colaboração para o fortalecimento do setor nos países da América do Sul. Além disso, eu tenho a honra de presidir, ao longo desse ano, o Conselho Executivo da ONU Turismo, o que nos dá a chance de reforçar o nosso protagonismo no cenário internacional, em um espaço claro de decisão.
Temos a marca “Visit South America”, que permite trabalhar a divulgação conjunta com as nações sul-americanas, por exemplo, com um enorme potencial para, unidas, cativar o interesse cada vez maior de turistas mundo afora. Também temos nos aproximado das nações orientais, com cooperações importantes. O Brasil é um país pacífico, uma característica que nos permite ampliar diálogos.
5) Ministro, olhando para frente, como o senhor vislumbra o futuro do turismo brasileiro no cenário global?
Estamos quebrando todos os recordes e trabalhando diuturnamente para consolidar o Brasil como um dos principais destinos mundiais de turismo sustentável e, principalmente, responsável, reconhecido pelo cuidado com o meio ambiente e, igualmente, pelo forte apoio a comunidades locais. Isso se dá por meio da valorização dos nossos recursos naturais, culturais e do apoio ao turismo de base comunitária, especialmente jovens, mulheres, indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais.
Neste ano, sediando a COP30, temos uma oportunidade única de se estabelecer como um dos grandes players turísticos globais. Teremos, inclusive, a chance de mostrar ao mundo como esse setor, que somente no nosso país impacta mais de 50 atividades econômicas, é um ator prioritário para a sustentabilidade tão almejada no planeta. Sustentabilidade além das copas da floresta, sustentabilidade aliada ao desenvolvimento, chave para um turismo que promova justiça social, solidariedade e inclusão irrestritas.
Fonte: Assessoria de Comunicação do MTur