Formada em Aviação Civil pela Universidade Anhembi Morumbi, Marta Izabel Signor iniciou sua carreira no setor aéreo em 1988, passando por empresas como Ladeco, Lanchile e Aeroméxico. Seu vínculo com o setor, no entanto, nunca foi apenas técnico: sempre houve ali uma conexão afetiva, que ganharia uma dimensão social a partir de 2016, quando ela idealizou o projeto que une duas urgências humanas — o fascínio pelo voo e a necessidade pela vida. É o projeto Aviação na Veia
REDAÇÃO DO DIÁRIO
Marta Signor conta que o projeto Aviação na Veia começou dentro da Universidade Anhembi Morumbi. Inicialmente voltado aos pilotos formadores e estudantes de aviação civil, o programa uniu dois universos: o da aviação e o da doação de sangue. A partir de uma parceria com a Fundação Pró-Sangue e o Hospital das Clínicas do Estado de São Paulo, uniram-se expertise acadêmica e necessidade social.
Conforme ela revela, “a aviação é o que nos encanta, o trabalho que realizamos”, e foi por meio dessa paixão que surgiu a campanha. O objetivo: transmitir aos futuros profissionais “esse cuidado” essencial no ambiente de cabine — com o passageiro, na tomada de decisão e no espírito de equipe.
Impacto social por meio da doação
A fundadora sintetiza os alvos principais: mobilizar a população e alertar sobre a escassez de sangue. Explica que, por exemplo, no inverno, os estoques despencam em cerca de 30%. “Diariamente recebo convites dos hemocentros pedindo nossa ajuda”, afirma — reforçando a urgência da causa.

Expansão das ações: do campus ao mundo corporativo
As primeiras campanhas eram realizadas dentro dos próprios hemocentros. Com a adesão crescente, migraram para “coleta externa”, ou seja, a equipe de profissionais do banco de sangue passou a vir até o público juntamente com as parcerias acordadas previamente; o objetivo é realizar o maior número de coletas possível em cada ação. O sucesso interno levou à primeira edição corporativa, realizada em 2019 na sede da Gol — uma “edição pioneira” que reuniu grande público e consolidou o modelo.
Segundo Marta, a Aviação na Veia realiza o pré cadastro e o check-list dos protocolos necessários com cada candidato voluntário para que haja o mínimo de recusa; esse é o grande diferencial, afirma ela.
Em uma das ações mais simbólicas do projeto, o Aviação na Veia ultrapassou os limites de São Paulo e chegou a Chapecó, em Santa Catarina. Era uma resposta emocional e solidária ao trágico acidente aéreo que vitimou o time da Chapecoense. A ideia era levar um abraço coletivo da comunidade da aviação para a cidade. “Reunimos a população dentro do Hemocentro de Chapecó. Foi a nossa forma de estar presente, de mostrar que a aviação também cuida”, conta Marta, em tom de respeito e comoção.
Ação de conscientização em Sarandi – RS
A força da iniciativa segue ganhando altitude. A próxima etapa será realizada em Sarandi, no Rio Grande do Sul, quando acontece uma ação de conscientização, na semana que antecede o aniversário da cidade, dia 27 de junho. Com apoio da prefeitura e em busca de parcerias privadas, Marta acredita que esta será a ação que consolidará o projeto no sul do país. “Sarandi será pioneira no estado; realizaremos cadastros de futuros doadores”, afirma, objetiva.

Compreensão visceral
Por trás dessa determinação há uma história de dor que virou causa. Em 2002, Marta recebeu transfusões de sangue enquanto enfrentava um tratamento oncológico. A necessidade de doações voltou a bater à porta quando seu pai precisou de sangue, e mais tarde com o cunhado, diagnosticado com leucemia. “Foi aí que compreendi, de forma visceral, o quanto o sangue salva. E o quanto precisamos falar sobre isso. Sangue é vida. Sangue é vida. Sangue é vida”, repete, como um mantra.
A voz de Marta mistura o tom técnico da profissional com a suavidade de quem sabe, por experiência, o valor da solidariedade.
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