terça-feira, julho 29, 2025
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GPS no Brasil: por que Trump não pode simplesmente bloquear o sistema

GPS no Brasil tornou-se tema de debate acalorado após rumores de que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderia bloquear o sinal do sistema no país como parte de uma escalada de sanções.

REDAÇÃO DO DIÁRIO com agências


No entanto, especialistas desmentem essa possibilidade, explicando que, além de tecnicamente desafiadora, a medida teria implicações diplomáticas graves, afetando inclusive nações vizinhas.

A hipótese de um bloqueio localizado do GPS surgiu em meio a tensões políticas entre os governos brasileiro e norte-americano, impulsionadas por decisões recentes do STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Embora a narrativa tenha ganhado espaço, não há qualquer decisão oficial de Washington nesse sentido. E mais: interferir seletivamente no GPS não é tão simples quanto desligar um interruptor.

O GPS, sigla para Sistema de Posicionamento Global, é um recurso fundamental não apenas para navegação pessoal, mas também para setores estratégicos como aviação, transporte e defesa. Desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos EUA, o sistema opera com uma constelação de satélites em órbitas sincronizadas, emitindo sinais que permitem o cálculo exato da posição de qualquer ponto na Terra. Interromper esse serviço em uma área específica, como o Brasil, exigiria tecnologias complexas como “jamming” — que interfere com o sinal — ou “spoofing”, que engana os receptores. Ambas são operações delicadas e, se feitas sem consentimento, seriam interpretadas como atos de guerra ou terrorismo.

Fim do GPS comprometeria acordos

Além do aspecto técnico, há também o risco de danos colaterais: países vizinhos teriam seus sinais afetados, comprometendo acordos internacionais e provocando atritos diplomáticos. Mesmo que os EUA quisessem prejudicar exclusivamente o Brasil, a execução de tal plano exigiria infraestrutura em solo nacional ou em seu espaço aéreo, algo impossível sem a anuência do governo local. Do ponto de vista geopolítico, isso seria visto como uma afronta à soberania brasileira.

A despeito disso, há alternativas ao GPS, como o GLONASS (Rússia), o BeiDou (China), o Galileo (União Europeia) e outros sistemas regionais. No entanto, a maioria dos dispositivos no Brasil utiliza principalmente o GPS norte-americano, e a transição para outra rede exigiria ajustes tecnológicos e investimentos significativos.

Portanto, embora o discurso sobre o bloqueio do GPS possa parecer plausível em tempos de tensão política, trata-se de uma hipótese fantasiosa diante da complexidade técnica, dos riscos diplomáticos e da interdependência global em torno desse serviço essencial.

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