Espetáculo musical Aquele Abraço no Roxy Dinner Show resgata sentimento unificado de um Brasil que se perdeu e se dividiu
O Rio sempre apronta das suas, seja na política, seja na polícia, seja na cultura. Desta vez, pra felicidade minha, foi na cultura.
Por Paulo Atzingen, do Rio e de São Paulo (sem IA)*.
Ao ser convidado para o espetáculo “Aquele Abraço”, no Roxy Dinner Show, em Copacabana, já havia pensado e escrito sobre Copacabana algumas vezes, mas agora parecia que uma conspiração cósmica fluía a meu favor.
Primeiro porque desta vez, na Cidade Maravilhosa, troquei o solitário ambiente de um hotel com decoração planejada e resfriada, pelo acolhimento afetuoso, um apartamento de um amigo, casado com uma pintora, que com suas obras decora as paredes de sua casa com a autenticidade encontrada apenas em almas sensíveis.
A conspiração cósmica foi tanta, que o apartamento deste amigo fica a 20 metros – na mesma calçada – da glamourosa entrada do Roxy, o antigo Cine Roxy, hoje transformado em uma casa de espetáculos localizado na internacional-carioca Avenida Nossa Senhora de Copacabana.
Meu amigo, o conceituado jornalista paranaense Edson Militão já havia me contado de sua vizinhança musical – que passara por uma reforma ensurdecedora – e que agora voltara com força total. “Você tem que conhecer, é muito bom”, dizia-me.

Aquele Abraço e a Quintessência
Edson Militão tinha conhecimento de causa. O Roxy Dinner Show com o seu Aquele Abraço é, ao meu entender, mais que um espetáculo cultural, mais que um show ‘para inglês ver’, mas um manifesto político, porém político na sua quintessência. Político não nesse entendimento raso que nossa política se tornou, dividindo o Brasil ao meio, familias e amizades, mas um espetáculo que junta o quebra cabeça e faz o Brasil um só, a nação, a pátria, o país mais poderoso da Terra, com sua hospitalidade, com sua gentileza e sua diversidade expressas através da nossa arte.



Aquele Abraço e os agentes de viagens
A noite daquela quinta-feira (9 de novembro) não poderia ser mais adequada pois ali se reuniam as delegações de todas as agências de viagem do Brasil, participantes da 52° ABAV Expo 2025, que acontecia no Riocentro. Cerca de 500 convidados, de todas as regiões do país, rechearam o coração do antigo e legendário Cine Roxy.
Um jantar essencialmente brasileiro foi servido. Pratos com nomes da nossa genuína culinária desfilavam no cardápio digital. Escolhi a galinha caipira caramelizada com pesto e quiabo refogado.


Aquele Abraço, o show
E o show teve início. Minha mesa, de meu amigo Militão e outros colegas jornalistas ficava na boca do palco e meu único receio era ser chamado para sambar ou dançar o frevo.
Com produção executiva de Alexandre Accioly, direção artística de Abel Gomes e musical de Pretinho da Serrinha, o espetáculo Aquele Abraço ajusta-se perfeitamente ao público estrangeiro porque oferece a ele uma coletânea essencial da nossa expressão cultural e folclórica. Não por ser no Rio de Janeiro, mas os traços da vida explosivamente feliz do Carioca é manifestada nessa peça com mais evidência. No entanto, nossa terra de norte a sul de leste a oeste é dignificada. Do ritual da floresta do Boi de Parintins ao poema do gaúcho de bombacha, do toque dos tambores do Olodum do Pelourinho ao berrante do pantaneiro do Mato Grosso. A bossa-nova, o rap, o funk, o frevo, o sertanejo e as cantigas do Centro-Oeste são reverenciadas e aplaudidas. Indiscutivelmente o espetáculo Aquele Abraço traduz a alma de um Brasil que ainda resiste por culpa de nossa cultura autóctone.




Aquele Abraço relembra e sintetiza o bem
Mas o espetáculo Aquele Abraço ajusta-se também ao brasileiro, com ou sem sotaque, aquele que conhece a história um pouco e lê livros e jornais, ou aquele que apenas se informa por midias sociais. O show resgata gerações, relembra os esquecidos, sintetiza o bem. Vi na expressão das bailarinas e bailarinos, na voz do jovem cantor e na beleza do casamento entre tecnologia e pessoas, um encontro maior, uma força que brota da terra e transborda corações e mentes. Vi também, na admiração dos expectadores – em sua maioria profissionais agentes de viagens e empresários do turismo, – vi na intensidade dos aplausos e no brilho dos olhos das pessoas depois do show, que o Brasil era novamente envolvido por um grande e nacional Aquele Abraço!
O mesmo Aquele Abraço de Gilberto Gil, que abraçava o apresentador Chacrinha, a torcida do Flamengo, a Portela, a Mangueira, todo o povo da zona sul e da favela, todo o mês de fevereiro e todo povo brasileiro, num grande e afetuoso gesto de amor e paz universal.
Foi assim, em êxtase e com esperança, que saí do Roxy Dinner Show. Era certo que a cultura brasileira deva estar acima de tudo e o amor ao melhor do Brasil, acima de todos!

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