terça-feira, outubro 14, 2025
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ProWine São Paulo 2025 supera expectativas e confirma expansão para 2026

Pela primeira vez visitei a ProWine São Paulo, uma feira sobre a qual sempre ouvi comentários extremamente positivos, especialmente quanto à sua organização e profissionalismo. Nesta sexta edição, decidi participar como jornalista com o propósito de realizar contatos para a FIJEV (Federação Internacional de Jornalistas e Escritores de Vinho e Espirituosos) e observar de perto a dinâmica de um dos eventos mais relevantes do setor na América Latina.

Por Waleska Schumacher, Haia – Países Baixos

Infelizmente, pude comparecer apenas por algumas horas, sem acompanhar todas as masterclasses e atividades paralelas. Ainda assim, foi tempo suficiente para confirmar o que muitos já afirmavam: a ProWine São Paulo é uma feira essencial tanto para o mundo do vinho nacional quanto para o mercado internacional.

Foto Entrada Prowine SP. Crédito: Divulgacao Prowine SP
Foto Entrada Prowine SP. Crédito: Divulgacao Prowine SP
Sala de degustacao Prowine SP. Crédito: Divulgacao Prowine SP.
Sala de degustação Prowine SP. Crédito: Divulgação Prowine SP.

Primeiras impressões e dicas práticas

Para facilitar a logística, optei por me hospedar no Novotel Center Norte, a poucos minutos do Expo Center Norte, onde ocorre o evento. Recomendo fortemente essa escolha a quem pretende visitar a feira, especialmente para evitar o trânsito de São Paulo, que todos sabemos pode ser desafiador.

Outro ponto interessante é que, a cerca de dez minutos a pé, está o Shopping Nosso Lar, um centro comercial com boas opções de alimentação e decoração. Ali há um enorme potencial para que esse espaço participe da atmosfera da feira, promovendo experiências entre vinho, mobiliário e lifestyle, já que tudo se conecta.

Cruzando a passarela, chega-se ao Shopping Center Norte, com opções amplas de restaurantes e bares. Entre eles, destaco o Pirajá, um boteco paulista inspirado na tradição carioca que serve um dos melhores chopes de São Paulo, uma parada perfeita após horas de degustações. São esses pequenos detalhes que tornam a visita à feira ainda mais agradável, especialmente para profissionais e visitantes internacionais que desejam conhecer um pouco da cultura brasileira além dos pavilhões.

Luis Danielle, representando Bodega Rutini junto ao seu importador no Brasil. Crédito: Arquivo pessoal Waleska S
Luis Danielle, representando Bodega Rutini junto ao seu importador no Brasil. Crédito: Arquivo pessoal Waleska S

Impressões sobre a feira

A ProWine São Paulo 2025 reuniu cerca de 20 mil visitantes qualificados, 1.500 marcas expositoras e representantes de 36 países, superando as expectativas e confirmando sua posição como a maior feira profissional de vinhos e destilados das Américas.

Logo na entrada, chamou atenção o posicionamento das vinícolas brasileiras, bem localizadas e com estandes visualmente fortes. Considero isso um gesto simbólico e acertado: assim como em uma boa carta de vinhos, o visitante estrangeiro é recebido pelo que o Brasil produz de melhor. O público respondeu com entusiasmo, refletindo o crescimento de 15% na participação das vinícolas nacionais, um sinal claro de confiança e maturidade do setor.

Nelsir Kuffel, diretor comercial Famiglia Valduga e Ingo Te Brinke representando o mercado holandes de vinhos. Arquivo pessoal Waleska S.
Nelsir Kuffel, diretor comercial Famiglia Valduga e Ingo Te Brinke representando o mercado holandês de vinhos. Arquivo pessoal Waleska S.

Entre os lançamentos, um dos mais comentados foi o espumante 130 DO Vale dos Vinhedos, da Casa Valduga, marcando o reconhecimento oficial da Denominação de Origem e reforçando o prestígio dos espumantes brasileiros de método tradicional. Também chamou atenção o espaço dedicado aos Vinhos de Colheita de Inverno, com a participação da ANPROVIN e da Vinícola Philopofia, da família Góes, que vem se destacando na produção de vinhos finos em regiões de clima tropical. Essas regiões, situadas entre São Paulo e Minas Gerais, desfrutam de clima de altitude e invernos secos, o que permite colher uvas no período de estiagem e obter vinhos de grande concentração e pureza aromática.

Miolo Group e Bodega Renacer. Crédito: Arquivo Pessoal Waleska S
Miolo Group e Bodega Renacer. Crédito: Arquivo Pessoal Waleska S

A Miolo apresentou-se em conjunto com a Bodega Renacer, do grupo argentino, destacando o lançamento da nova linha Giuseppe, produzida em ânforas, uma proposta ousada que une tradição artesanal e inovação enológica. Já a Vinícola Aurora trouxe dois destaques que despertaram curiosidade e elogios: seu vinho laranja, elaborado com maceração em contato com as cascas, e o vinho desalcoholizado, mostrando como a marca acompanha tendências globais de consumo consciente.

O que mais me impressionou foi a energia positiva entre os expositores e visitantes. Mesmo com a feira bastante movimentada, percebia-se um clima de colaboração e entusiasmo. Havia o sentimento de que o vinho brasileiro vive um momento de virada, e que o olhar do mundo começa, finalmente, a se voltar para o que é produzido em nossos terroirs.

 

Entre importadores e produtores internacionais, o ambiente era de negócios, mas também de descoberta. O Brasil desperta curiosidade, e há consenso de que ainda existe um vasto campo de oportunidades a ser explorado tanto em vinhos tranquilos quanto em espumantes, categoria que se consolida como uma das grandes embaixadoras do país no mundo.

Recentemente, durante um evento de vinhos na Holanda, percebi claramente essa curiosidade crescente. Várias vinícolas europeias me perguntaram sobre a ProWine São Paulo: quando aconteceria, como participar e qual o perfil do público visitante. Esse tipo de interesse espontâneo mostra como a feira brasileira começa a ganhar visibilidade fora do país, tornando-se uma referência para produtores que desejam entrar no mercado latino-americano.

IP Altos Montes - Familia Ulian, Crédito: Arquivo pessoal Waleska S
IP Altos Montes – Familia Ulian, Crédito: Arquivo pessoal Waleska S

Estrutura, sustentabilidade e expansão

De modo geral, a feira é bem organizada, com fluxos claros e estrutura eficiente. Ainda assim, algumas melhorias poderiam tornar a experiência mais confortável, especialmente no credenciamento de imprensa e na ampliação dos corredores, que em certos horários ficam bastante movimentados. A área de alimentação também evoluiu em relação a edições anteriores, mas pode ser mais integrada e acolhedora, considerando o perfil profissional do público.

Um dos pontos altos, e que merece destaque, é o programa Glass is Good, realizado em parceria com a ABRABE, voltado à reciclagem de garrafas de vidro. Em apenas três dias de evento, foram recolhidas mais de nove toneladas de vidro, com reaproveitamento integral e geração de renda para cinquenta cooperados e suas famílias. Trata-se de uma ação exemplar de sustentabilidade e responsabilidade social, um lembrete de que o futuro do vinho também passa pelo cuidado com o meio ambiente.

Essas são pequenas observações diante de um evento de grande porte, conduzido com profissionalismo pela equipe da Emme Brasil, sob a direção de Malu Sevieri, diretora da ProWine São Paulo, e Christian Burgos, sócio-diretor, que têm realizado um trabalho exemplar de consolidação e projeção internacional da feira.

Destaque para regiões como Vinhos de Santa Catarina. Crédito: Divulgacao Prowine SP
Destaque para regiões como Vinhos de Santa Catarina. Crédito: Divulgação Prowine SP

Resultados e perspectivas para 2026

Segundo a organização, a edição de 2025 superou amplamente as metas iniciais, com crescimento tanto em expositores quanto em visitantes, e confirmou oficialmente sua expansão para 2026. A feira continuará no Expo Center Norte, mas ganhará novos espaços e conteúdos, acompanhando a evolução do mercado e a chegada de novas marcas.

Malu Sevieri e Christian Burgos celebraram os resultados alcançados, destacando o amadurecimento do evento e sua consolidação como a principal plataforma de negócios do setor nas Américas.
De acordo com Malu, “os produtores ficaram muito satisfeitos, com muitos negócios fechados, vendas realizadas e novas parcerias estabelecidas. A qualidade profissional dos visitantes melhora a cada edição, e o público vem hoje de todos os estados brasileiros.”

Nesta edição, foram reunidos 1.504 produtos provenientes de 36 países, refletindo a diversidade e a força internacional da feira.

Waleska Schumacher e Joao Valduga. Divulgacao Waleska S.
Waleska Schumacher e Joao Valduga. Crédito: Divulgação Waleska S.

Os destilados também mantiveram protagonismo, com uma área especialmente dedicada a whiskies, gins, licores e cachaças, reforçando o papel da mixologia e da coquetelaria profissional no cenário brasileiro.

Visitar a ProWine São Paulo foi uma experiência enriquecedora. Para quem atua no setor do vinho, é uma oportunidade de compreender o pulso do mercado, observar tendências e perceber com clareza o espaço que o Brasil começa a ocupar no mapa global do vinho.

A feira é, acima de tudo, um ponto de encontro entre negócios e cultura, entre tradição e inovação. E embora tenha sido a minha primeira visita, saí com a certeza de que voltarei.
A ProWine São Paulo não é apenas uma feira de vinhos, é o retrato de um país que aprende, com elegância e profissionalismo, a brindar o que tem de melhor.

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