Sabemos que a história da aviação francesa se mistura com a brasileira, já que a Aéropostale via como promissora, o investimento de aeródromos da empresa de correio aéreo em alguns estados do Brasil. Nosso país servia de escala e pontos de apoio para os pilotos franceses como Saint-Exupéry, autor de “O Pequeno Príncipe”, Jean Mermoz, Henri Guillaumet, e Marcel Reine, que viria a ser proprietário da La Grande Vallée, (a Casa do Pequeno Príncipe, em Itaipava, Petrópolis, cidade do Rio de Janeiro) entre outros.
Importante destacar que a Aéropostale foi a empresa que trouxe pela primeira vez o correio aéreo para o Brasil com um malote de 150kg atravessando em 22 horas o Atlântico Sul, por 3400km com o piloto da “La Ligne”, o pioneiro Jean Mermoz, o “Az dos Ases” e também conhecido com “Arcanjo do Atlântico Sul”.
Mas especificamente na ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco, que essa grande expedição revolucionária começa. Em 1927, os pilotos Paul Vachet e Pierre Deley começaram a instalação do aeródromo de lá, à beira do oceano.
A missão de Vachet e Deley era implantar uma base de hidroaviões e uma estação de transmissão sem fio, a radiotelegrafia, além de também terem sucesso na construção de um aeródromo terrestre. Os voos tinham como partida Dakar-Senegal, na África.
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Realizada a missão de implantação dos hidroaviões com sucesso, a escala de Fernando de Noronha também tinha a função de posto de rádio entre os aviões, com os colaboradores brasileiros e franceses garantindo as ligações com Paris, Cabo Verde e Buenos Aires. O principal objetivo era transmitir comandos e acompanhar o andamento do correio aéreo, e ter informações de como andava o tempo nas outras escalas, isso era essencial, já que ainda não existiam previsões meteorológicas, e claro, voando a altitudes extremamente baixas, gerando turbulências por grande parte do trajeto que os pilotos tinham que enfrentar, pois eram frágeis e inseguros equipamentos para vôos, em vista de que no início da aviação alcançavam velocidade máxima de 150km por hora e não tinham autonomia de vôo suficiente como nos dias de hoje.
E claro, além da pista de pouso, e antenas de transmissão, a escala também tinha casas de pilotos ao redor, todos com a função de manter em movimento o correio aéreo.
E um fato curioso é que Fernando de Noronha, possuía na época um presídio onde os presos, como forma de trabalho forçado, ajudavam a retirar os hidroaviões que pousavam sobre o mar. Um exemplo disso foi o acidente em 1934, com Jean Mermoz e o radiotelegrafista Léopold Gimié e o navegador Jean Dabry. Para retirarada da aeronave, uma multidão de presidiários auxiliaram no resgate do avião atolado no solo na hora de pousar.
Por José Augusto Cavalcanti Wanderley com a colaboração da jornalista Nicole B. Vieira