A evolução digital do mercado rodoviário- por José Almeida

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*por José Almeida

Alguns fatores estão tornando o mercado rodoviário digital cada vez mais atrativo para os viajantes no Brasil. De um lado da moeda, está o encarecimento das viagens aéreas ao longo deste ano e uma série de cobranças extras (bagagens, marcação antecipada de assentos) que impactam diretamente a escolha dos passageiros, especialmente em um período de persistente recessão na economia brasileira. Nos últimos 12 meses, o valor médio dos bilhetes aéreos no Brasil subiu 23,85% segundo o IPCA, indicador divulgado pelo IBGE. No caso do rodoviário, o aumento das passagens foi de 9,51% no mesmo período.

De outro lado, o mercado rodoviário começa a se beneficiar não só pela competitividade na questão das tarifas mas também por uma série de serviços digitais que são oferecidos tanto por agências de viagem online (OTAs), portais de metabusca e também algumas viações. A experiência de viajar de ônibus melhorou muito no país, enquanto o setor aéreo enfrenta desafios macroeconômicos e de infraestrutura. E o consumidor está compreendendo isso.

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Um exemplo em números: nos últimos dois meses, notamos por meio das pesquisas feitas por usuários de nossa plataforma, um aumento significativo de intenções de compra em trechos longos, acima de 1.000 km, como São Paulo/Salvador (442% a mais em comparação com o mesmo período do ano passado),  São Paulo/Porto Alegre (130%) e Brasília/São Paulo (74%). Os exemplos são um pouco fora da curva, mas o fato é que, entre maio e junho, a intenção de compra de passagens em nossa plataforma cresceu 12% frente ao mesmo período de 2018.

A intenção de compra se dá quando o usuário escolhe um horário de viagem em nosso sistema, que integra informações de mais de 200 viações do Brasil e do Mercosul, e clica no botão “Comprar”, sendo direcionado para a viação ou agência online que vende a passagem.

A venda online ainda responde por uma parcela pequena do total de bilhetes rodoviários (menos de 10% em todo o território nacional), mas há um processo natural de amadurecimento do mercado e uma irreversível tendência de digitalização de todo o processo de pesquisa, compra e embarque. No primeiro semestre de 2019 algumas viações chegaram a expressivos 30% de vendas online. Há ainda uma grande variação regional, sendo que nos grandes centros das regiões Sul e Sudeste esse crescimento é mais acentuado.

A competição mais acirrada no mercado, e o aumento de opções de compra pela internet, fazem com que as empresas invistam mais em promoções, algo pouco comum há alguns anos. Além disso, algumas “amarras burocráticas” também estão começando a se soltar – é o caso de uma novidade que os passageiros de algumas viações estão experimentando é o check-in online, que permite ao viajante chegar direto na área de embarque sem precisar retirar o bilhete no guichê.

Minha percepção, acompanhando o comportamento do consumidor e do mercado rodoviário há 10 anos no Brasil, é que teremos ainda muitas novidades e facilidades aos passageiros nos próximos anos. Ainda que o aéreo tenha vantagens incomparáveis em grandes distâncias (sobretudo o tempo do trajeto), a experiência do usuário de ônibus na viagem está cada vez mais próxima de quem pega um avião.

Com algumas vantagens claras, como a simplificação no deslocamento (sem a necessidade de conexões, trajetos longos e caros até os aeroportos), pontualidade (sem atrasos em função de condições meteorológicas ou outros fatores de tráfego aéreo) e maior oferta de serviços (conforto na viagem e wi-fi durante todo o trajeto). Somando isso tudo aos fatores econômicos, me parece evidente que os brasileiros cada vez mais escolherão o meio rodoviário para viagens não só por ser a única alternativa. Em muitos casos, será de fato a melhor opção.

José Almeida, CEO e fundador do BuscaOnibus

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