por Manoel Cardoso Linhares*
Apesar das esperanças de uma retomada já no início de 2021, os números relacionados às atividades econômicas no país mostram um cenário adverso, com previsões de retração entre 4% e 11% no primeiro trimestre desse ano. Para hotelaria nacional, especialmente a localizada nos grandes centros e calcada no turismo de eventos e de negócios, a situação chega a ser dramática, já que com as atividades novamente paralisadas em diversos destinos Brasil afora, não será possível sequer recuperar as perdas de 2020 este ano. A luta que estamos travando hoje é para sobreviver em 2021, sem praticamente nenhuma receita desde o ano passado.
Nosso setor não tem estoque.
O que não foi vendido em 2020 e que não está sendo comercializado em 2021 ficam para trás. Não há como recuperar os investimentos e as dívidas estão se acumulando desde março do ano passado. Para sobrevivermos, precisamos de ações imediatas em todos os níveis – municipal, estadual, federal e da iniciativa privada – para então conseguirmos manter as empresas em atividade, garantindo seu funcionamento e os empregos de seus colaboradores.
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Entre as questões principais, precisamos sim da efetivação imediata de uma medida provisória semelhante à MP 936 que possibilite a renegociação de contratos de trabalho e a redução de jornada e salários. Ainda esperamos para 2021 a retomada do turismo, mas para que as empresas continuem suas atividades, é necessária a cooperação imediata dos estados e municípios com medidas de impacto econômico direto como, a nível municipal, a redução de impostos como o IPTU; e a nível estadual, a renegociação das tarifas como a de água, cuja a cobrança deveria ser realizada em cima do consumo, e não por tarifa mínima.
Mais uma vez repito que urge a suspensão da cobrança das parcelas dos fundos de financiamentos também em 2021 – como foi feito a partir de abril até dezembro de 2020 – e a reprogramação dos pagamentos a partir de 2022, bem como a abertura de novas linhas de crédito acessíveis para evitar que unidades hoteleiras encerrem suas atividades, como já vem acontecendo em todo o país.
Estamos prontos! Investimos e nos adaptamos à nova realidade. Os hotéis estão abertos para receber, seguindo todos os protocolos e regras de ouro que as autoridades de saúde recomendam. Precisamos redesenhar o mapa de negócios do turismo no país imediatamente, a partir das novas tendências que vêm se estabelecendo.
Já sabemos que o perfil do negócio e dos viajantes mudou radicalmente e contamos com o Ministério do Turismo e com uma agência de promoção internacional do Turismo, a Embratur, para o reposicionamento do setor, divulgando estrategicamente, dentro dos país, nossas potencialidades com foco no que já aparecem em pesquisas que mostram, por exemplo, maior preferência pelo turismo local, em pequenas cidades, ou destinos de ecoturismo e de luxo, bem como encontros para grupos reduzidos de pessoas em ambientes controlados e seguros, o que estimularia a volta dos eventos presenciais, promovidas por empresas, principalmente nas grandes cidades, segmento bastante afetado pela pandemia.
Os estados e municípios também precisam dar sua contribuição para que a indústria do Turismo possa se reerguer, divulgando internamente seus destinos de forma profissional e constante, pois a demanda por viagens próximas ao local de origem é um dos segmentos que mais crescem. Temos que tomar atitudes comuns que nos permitam movimentar uma indústria que abrange uma vasta cadeia produtiva que inclui áreas como alimentos e bebidas, transporte, comunicação, entre outros muitos segmentos econômicos. Por isso, seria importante, por exemplo, desenvolver campanhas e promoções junto aos veículos de mídia especializados em turismo, estimulando uma retomada imediata, consciente e responsável do setor como um todo.
É disso que estamos tratando: da sobrevivência das empresas e a manutenção dos empregos de cerca de um milhão e cem mil pessoas que direta ou indiretamente dependem das empresas que atuam ou se relacionam com o setor de turismo. Não temos como esperar mais. As vacinas estão chegando e a esperança cresce a cada momento. A hora é de agir, pois já sabemos o que tem ser feito para continuarmos cumprindo com excelência nossa missão de receber bem e com segurança.
*Manoel Cardoso Linhares, presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH Nacional
Necessário se faz olhar para os veículos da mídia especializada em turismo que vêm também amargando a falta de apoio dos players do setor, sejam privados, sejam estatais. Os anunciantes privados, compreensivelmente se afastam e os oficiais, que poderiam encetar campanhas publicitárias de alcance nacional também se retraem. Dessa forma, os veículos vão aos poucos encerrando suas atividades deixando uma lacuna difícil de ser preenchida. Importante frisar que é através deles que o turista toma conhecimento do produto turístico oferecido.