A rede hoteleira Accor é uma das empresas que patrocinou e recepcionou o navio Energy Observer aqui em Fortaleza em sua breve parada de volta ao mundo. Ela alia-se à Qair Brasil uma produtora independente de energia limpa que se dedica a soluções baseadas em fontes renováveis.
por Paulo Atzingen, de Fortaleza (CE)*
O Energy Observer, um catamarã adaptado, é o primeiro navio de hidrogênio verde (H2V) e de emissão zero carbono, que chegou ao Brasil para cumprir sua odisseia de conscientização para a transição energética. O barco experimental chegou esta semana em águas nacionais e ficará ancorado de 16 a 24 de novembro, no Marina Park Hotel, em Fortaleza (CE).
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O navio completará no ano que vem sete anos de viagens pelo planeta (2017 França; 2018 Mediterrâneo; 2019 Norte da Europa; 2020 Oceano Atlântico; 2021 Oceano Pacífico; 2022 Ásia; 2023 África e América do Sul), chegando em 2024 ao seu ponto de partida, o porto de Saint-Malo (França).
Durante sua ancoragem em Fortaleza, o catamarã experimental receberá visitas guiadas e exposições que abordam a transição energética. Esse projeto, que propõe revolucionar a logística, a indústria e o modo de vida das pessoas no globo terrestre foi abraçado por vários empresas e parceiros, uma delas é a Accor.
Parceria começou em 2017
Presente na recepção do barco em Fortaleza, a vice-presidente sênior de Comunicação, Relações Institucionais e Responsabilidade Social da Accor América, Antonietta Varlese, conversou com o DIÁRIO.
A parceria com a Energy Observer começou em 2017 (ano que o barco lançou-se ao mar, primeiramente no Mediterrâneo) e a Accor é uma das patrocinadoras master. Segundo Antonietta, o encontro das empresas se deu pela paixão pelo mar e pelo gosto de velejar. “Nosso CEO, Sébastien Bazin, que é um velejador apaixonado pelo oceano, conheceu o Victorien Erussard, velejador famoso e o criador do projeto. Ele encampou a ideia, já que o propósito da Accor é sempre olhar o futuro, implantar práticas que inovam e que fazem a diferença, ações de sustentabilidade que impactam na hotelaria. Ele resolveu também participar e apoiar esse projeto”, falou Antonietta ao DT
A executiva lembra que a Accor trabalha com ativações nos destinos onde o catamarã aporta e onde a rede possui hotéis, dando suporte à equipe. “Isso mostra a nossa missão de ser uma empresa sempre avant-garde em relação à sustentabilidade”.
Antonietta destaca que a Accor não só quer ser integrante desse processo de transição energética, mas já realiza em seus hotéis pelo mundo ações nesse sentido.
“Temos várias iniciativas e práticas que nos referencia como empresa preocupada com a sustentabilidade e a transição energética. Nós já eliminamos 57 itens de plástico de uso único das nossas operações e cada vez mais a gente quer diminuir o uso deste material. Temos uma meta bastante ambiciosa que é chegar a 2050 a ser uma operação Net-Zero. (Net-zero carbon emissions by 2050)
Para Antonietta, chegar a essa meta ambiciosa são necessários ajustes e principalmente um plano de gestão de informações. “Para reduzir é preciso que se entenda o processo da pegada de carbono e o que estamos gerenciando. Estamos mensurando nossos gastos energéticos, de água, de diesel, de outros plásticos. Então tudo isso vai compor a nossa matriz com o objetivo de alcançarmos a descarbonização até 2050”, enumerou.
Sustentabilidade ligada ao Financeiro
A executiva reforça que essas metas estão muito além das novas fronteiras geográficas assumidas no início deste ano, quando a administração dos hotéis no Brasil passou a ser nas Américas. (Veja matéria). “Na verdade o desafio é global, já que somos uma empresa global, temos uma matriz francesa e europeia, a meta é global. Temos um compliance e devemos seguir uma série de regulamentações focadas em sustentabilidade, que estão muito em linha com as regulamentações financeiras. Então, hoje, todos os esforços em sustentabilidade já se conectam com o recortes financeiros. As regulamentações do mercado de negócio estão atreladas aos índices de ESG (Environmental, Social and Governance) das empresas. Seguiremos, portanto, a nova diretriz europeia que passará a valer ainda este ano”, antecipou.
Antonietta cita, ao final, a 30ª Conferência ONU sobre Mudança do Clima (COP 30) confirmada para ser realizada em Belém, no Pará, em 2025. “Com a ampliação do escopo, de Brasil para América, as regulamentações cresceram também. Os eventos que vão acontecer com a gente (com o Brasil) sediando a COP 30, em 2025, virão de contrapeso as regulamentações, apesar do Brasil, já ter uma matriz energética bastante limpa, muito alternativa. Isso, no entanto, não significa que a gente não possa trabalhar melhor ainda o uso e a produção dessa energia e contribuir com inovações”, afirmou.
Ela conclui reforçando que a parceria com o Energy Observer é antes de tudo um grande aprendizado.
Além da Accor, o Governo do Ceará, a Prefeitura de Fortaleza, a Air Liquid e a Toyota participam da estapa brasileira do Energy Observer.
Confira o Vídeo:
Revolucionário
O dono da ideia do primeiro barco do mundo movido a hidrogênio verde e CEO da Energy Observer, Victorien Erussard, também falou ao DIÁRIO.
“Me propus ao desafio de construir um catamarã que retira sua energia da natureza sem agredi-la e realizar uma viagem de 7 anos ao redor do mundo para validar e otimizar todas as tecnologias a bordo, sem emitir gases de efeito estufa, partículas finas ou ruído”, disse.
Ainda, segundo Victorien, a empresa criou o Energy Observer Foundation que reúne conhecimentos especializados para conscientizar a transição energética, sensibilizar para o potencial do hidrogênio e promover os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
“Estamos desenvolvendo o Energy Observer 2, embarcação que medirá em torno de 160 metros de comprimento e utilizar 40 mil quilos de H2V líquido embarcado”, esse projeto visa sua invenção experimental a um nível global de aproveitamento”, falou.
Confira nas próximas edições do DIÁRIO DO TURISMO reportagem especial sobre o Energy Observer
*O jornalista Paulo Atzingen viajou a Fortaleza convidado pela Accor