Africa Fashion Week traz à luz e a voz de mulheres pretas

Continua depois da publicidade
A Africa Fashion Week Brasil (AFWB) acontece entre os dias 25 a 27 de maio em São Paulo e tem na direção a agente cultural e articuladora de oportunidades de negócios entre o Brasil e o continente africano – Silvana Saraiva.  
Assuntos relacionados ao enfrentamento do racismo estrutural ganham mais e mais atenção da imprensa, dos formadores de opinião e de estratos importantes na atualidade. Incorporam-se às abordagens acerca do ESG, da política de cotas, da representatividade nos parlamentos e nas instâncias executivas de governo. Cresce a difusão do conhecimento de que 56% da população brasileira é constituída por pretos e pardos. Somos majoritariamente afrodescendentes, na medida em que a espécie tem origem no continente.
É nesse contexto que se insere a realização do Africa Fashion Week Brasil (AFWB), entre os dias 25 a 27 de maio próximo. Trata-se de iniciativa do Instituto Internacional Feafro, pilotado pela empresária, agente cultural e articuladora de oportunidades de negócios entre o Brasil e o continente africano – Silvana Saraiva.  
Silvana Saraiva é mulher, negra, articulada e uma realizadora incansável. Uma autêntica self-made-woman, que enfrentou e venceu marcas da origem humilde. Ela preside a Câmara de Comércio Brasil África e o Instituto Internacional Feafro, realizador da Feafro Internacional Business Fair, que está na 6ª edição. As repórteres do DIÁRIO, Caroline Figueiredo e Geovana Fraga a entrevistaram, confira: 

 

DIARIO – Silvana, você é uma mulher multifacetada: é empresária, agente cultural, CEO e presidente de órgãos importantes para a sociedade. Pode nos contar um pouco da sua trajetória pessoal e profissional até hoje?

Minha origem é periférica, sem nunca ter passado fome. Comecei minha carreira, ainda jovem, como assistente de produção de uma série de espetáculos de música clássica. Foi quando ingressei em um grupo de intelectuais do meio – no qual costumeiramente eram feitas referências às riquezas culturais africanas. Me dei conta da oportunidade de me dedicar a estudar melhor o Continente de nossas origens ancestrais. Com muito esforço dos meus pais e, também, empenho próprio, eu me sou habilitada em Gestão Cultural pela FGV e graduando em Relações Internacionais.

Veja também as mais lidas do DT

DIARIO – Silvana, você também preside a Câmara de Comércio Brasil África e o Instituto Internacional Feafro. Pode nos dizer a importância deles para a população brasileira?

Como empresária, CEO da Feafro Trading, Comércio, Importação e Exportação, atuo a favor do incremento de negócios a investidores em busca das melhores oportunidades. Na presidência mundial do Instituto Internacional Feafro, mantenho a rede de contatos da Feafro International Business Fair e da ECOWAS – Chamber of Commerce Brazil. Juntas, essas instituições contribuem com o desenvolvimento sustentável e regenerativo, orientado pelos ODSs, Agenda 2030 e 135 Passos.

DIARIO – O Africa Fashion Week Brasil está chegando. Por gentileza, Silvana, pode nos dizer como surgiu a ideia de trazer o evento para o Brasil?

As oportunidades de negócios entre Brasil e África, no setor têxtil, são emblemáticas e oportunizam romper uma visão estereotipada que muitos de nós, brasileiros, supomos corresponder à realidade. Ou seja, a imagem de um continente repleto de crianças em estado de desnutrição. A ideia de trazer AFW  de Londres para o Brasil busca também contribuir para superarmos o complexo de cachorro vira-latas. Vamos projetar ao mundo o design brasileiro e africano, de fortíssima influência dos povos originários e dos trazidos como escravos ao Brasil. É chegado o momento de sermos todos acessíveis, inclusivos, diversos e sustentáveis.

A ideia de trazer AFW  de Londres para o Brasil busca também contribuir para superarmos o complexo de cachorro vira-latas.

DIARIO – Qual a sua expectativa para esse evento? 

São as melhores. O interesse das empresas alinhadas ao ESG, mais a efetiva presença de investidores no evento, ultrapassam os limites do setor têxtil.

DIARIO – Você também tem forte ligação com a cultura brasileira. Em sua opinião, como a cultura e o turismo podem ajudar a combater o racismo estrutural?

O combate ao racismo estrutural é cada vez mais efetivo, eficiente e eficaz. Essa ótica, inclusiva de maneira estruturada, conta com a competência e a força de comunicação do núcleo Negritudes da Rede Globo. Temos confirmada a presença das celebridades pretas globais na condução de workshops e plenárias. AFW Brasil convida os leitores do Diário do Turismo para que solicitem sua inscrição no site www.afwb.com.br e somem forças com o mesmo propósito. Profissionais do setor de viagens, turismo e eventos sabem bem que, experimentar, conhecer e respeitar outras culturas nos humaniza.

AFW Brasil convida os leitores do Diário do Turismo para que solicitem sua inscrição no site www.afwb.com.br e somem forças com o mesmo propósito.

DIARIO – Crescemos ouvindo que mulher é guerreira. Até que ponto isso nos fortalece e até que ponto essa ideia é nociva?

Ser guerreira é atributo valorizado nas culturas tribais. Corresponde a um conjunto de habilidades que está colocado a serviço da defesa coletiva. Neste sentido, o arquétipo nos valoriza. A expressão é nociva quanto supõe que ser mulher é ter que vivenciar os horrores da guerra cotidiana pela sobrevivência, subjugada ao poder econômico sob o domínio do homem. Isso é inaceitável.

DIÁRIO- Qual a importância da mulher preta na história da moda? 

Os especialistas afirmam que moda é pele social. A mulher preta no Brasil está, desde o início da colonização, pautada pela oferta disponível: eurocentrada e estadunidense. A valorização do design afro-brasileiro, que também tem inspiração nos povos originários, deslumbra um mercado global, com crescente competitividade e oportunidades de novos negócios, independentemente do gênero de quem cria os looks.

Os especialistas afirmam que moda é pele social. A mulher preta no Brasil está, desde o início da colonização, pautada pela oferta disponível: eurocentrada e estadunidense.

DIARIO – Por ser o primeiro, qual a expectativa do evento em escala internacional? Qual impacto gera um evento dessa magnitude?

Posso garantir que os investidores de diversas nacionalidades, presentes no AFWB, vão usufruir das mais de 90 rodadas de negócios programadas, durantes os três dias do evento (de 25 a 27 de maio), no Expo Center Norte, em São Paulo.

DIÁRIO-  Como impulsionar a sociedade a não apenas falar, mas participar de eventos como esse? 

Atuando de maneira transparente, com propósito compatível com entregas asseguradas para expositores e visitantes convidados e inscritos no site www.afwb.com.br

DIARIO – Qual a relação de moda e meio ambiente que a African Fashion Week terá?

Além do Africa Fashion Week ser um evento carbono zero, todas as ativações que estão descritas na programação, incluindo as oportunidades de negócios, adotam o ESG como parâmetro; para proporcionar o efetivo desenvolvimento sustentável e regenerativo.

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade