Agadi Carvalho, gerente geral do Hotel Nacional: “Meu colaborador tem que se apaixonar pelo hotel”

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Com grande contribuição à hotelaria nacional Agadi Carvalho é um profissional multitarefas. Com passagens por grandes redes hoteleiras como Blue Tree, Mabu, WAM Hotéis e Bourbon, foi convidado em agosto do ano passado a assumir o emblemático Hotel Nacional, onde está desde outubro.

Por Paulo Atzingen*


Implantar hotéis e colocar ovos em pé para Agadi Carvalho nunca foi difícil. O executivo vive hoje um momento ímpar em sua carreira porque foi desafiado a revitalizar o prédio do Hotel Nacional, onde nada mais nada menos Oscar Niemeyer, Alfredo Ceschiatti e Burle Marx deixaram suas assinaturas, e que no entanto, administrações ruins e gestões deficitárias quase colocaram abaixo um símbolo nacional e internacional. E não só isso, Carvalho chega para cuidar do coração do empreendimento, formar equipes, motivar e influenciar boas práticas hoteleiras no sentido original da palavra.

“Cheguei aqui em setembro do ano passado, durante o processo de venda da antiga administradora”, diz em entrevista ao DT. Como a história escreve, após um longo período fechado, o Hotel Nacional recebeu uma restauração inicial e funcionou até 2018 com o nome Grand Meliá Nacional e em 2019 o grupo WAM assumiu.

Apaixonado

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Com mestrado em desenho e gestão de projetos e processos pela Universidade de Brasília, e em Engenharia de telecomunicações, pela Universidade de Pernambuco, o executivo conta ao DIÁRIO que sua paixão pelo hotel é antiga e principalmente por ele (o hotel) ter uma história de reinícios e recomeços. “Já sou apaixonado por este hotel há muito tempo. “Vim para cá pela primeira vez no ano 2020 e passei o início da pandemia por aqui”, conta.

Agora, ao assumir em outubro, identificou uma equipe desmotivada, cansada, que havia passado por muitas etapas de gestão e sua meta é virar o jogo: “O histórico de altos e baixos do hotel e a pandemia fez com que perdêssemos muita mão de obra. Hoje estamos com muita gente jovem e uma de minhas missões é resgatar a paixão da hotelaria em cada um dos meus colaboradores”, adianta ao DT.

“Sou apaixonado por esse hotel e preciso que o meu colaborador se apaixone também pois ele trabalha numa obra de arte. Até o feio é bonito aqui”, diz.

São Conrado e seus momentos

Agadi Carvalho convence-me que o que diz não é mera retórica de hoteleiro. Em suas horas de folga elabora um documento de toda a história do Nacional, com pesquisa empírica, busca de imagens, vídeos e documentos de celebridades que passaram pelo hotel. Morador de São Conrado, incorpora o astral do bairro e respira diariamente o clima da comunidade carioca.

“Sempre procuro conhecer, entender e estudar as áreas do entorno do hotel em que trabalhei. São Conrado é apaixonante e a cada hora do dia tem seus momentos: às 5 e meia da manhã tem o movimento dos surfistas, às 7 horas são as mães (ou babás) com seus bebês, um pouco mais tarde os jogadores de futevôlei e depois surge o pessoal de asa delta e parapente no céu, enfim é um espetáculo”, enumera.

Suíte, reformada
Suíte Nacional, reformada

“Faz um 6 estrelas”

Se as motivações objetivas para o renascimento do Hotel Nacional são diversas, as emocionais são muito fortes. Revela Carvalho que sua filha Laura Cecília, de dez anos, há algum tempo atrás lhe perguntou porque ele não trabalhava em um hotel de 6 estrelas. Ele respondeu que não existia hotel 6 estrelas no Brasil. No que ela redarguiu: “Então faz um!”
“Esta é o minha motivação, ou seja, requalificar esse hotel que já foi cinco estrelas e torná-lo, um dia, um seis estrelas”, diz à reportagem.

Carvalho adianta que o investimento é forte em capacitação de equipes, sem revelar números. Atualmente o hotel possui 620 colaboradores – que cuidam de 413 apartamentos divididos em administração própria e multipropriedade.

“Sou fascinado por servir. Vou conseguir e fazer com que todos os colaborares sejam também fascinados em servir”, prognostica.

Investimentos

O investimento em equipe é obviamente para alcançar os níveis de excelência dos tempos áureos do hotel, com pitadas de administração moderna, mas mais do que isso, para atender a crescente chegada de hóspedes internacionais. “O Rio de Janeiro se recuperou bastante, com o hóspede regional, do Brasil inteiro, mas o hóspede estrangeiro também voltou com animação. Hoje 52% são brasileiros e 48% são estrangeiros, principalmente portugueses, ingleses e alemães”, detalha.

“Fizemos uma reforma completa em todos os nossos 413 apartamentos e investimos R$ 6 milhões, além de R$ 1.8 milhão no espaço Kids”, revela. Já o Centro de Convenções – que tinha capacidade para acomodar 2.8 mil pessoas e com as reformas receberá até 10 mil pessoas, Carvalho não revelou os valores investidos.

“Não posso informar o valor do investimento do Centro de Convenções, por questões estratégicas, mas buscamos no mercado parceiros para terceirizar áreas no entorno, em especial nas áreas de Alimentos e Bebidas (A&B).

Essas terceirizações, finaliza Agadi Carvalho, objetivam uma coisa só: “Focar e cuidar do hóspede, o cliente que se hospeda”, arremata.

Agadi Carvalho
Hotel Nacional, na praia de São Conrado (Crédito: Paulo Atzingen – Dt)

*Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO

 

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