Com uma atuação ampla na ilha mais bonita do Brasil, a EcoNoronha tem se consolidado como um modelo de gestão ambiental responsável e integrada. Sob a liderança de Alice Grossman, a concessionária do ICMBio no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha alia conservação, inovação e conexão com a comunidade local, promovendo uma experiência turística transformadora.
Nesta entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO TURISMO, Alice Grossman fala sobre a parceria com o ICMBio, os avanços da transição energética na ilha, os desafios da gestão de resíduos, os investimentos em conservação ambiental e a evolução do perfil do visitante. Com respostas diretas, e muito claras, ela revela como a EcoNoronha vai além de suas obrigações contratuais para contribuir ativamente com o futuro sustentável do arquipélago.
DIÁRIO – Onde e quando se encerram as responsabilidades do ICMBio e se iniciam as da EcoNoronha?
Alice Grossman – A EcoNoronha é a concessionária responsável pela prestação de serviços no Parque Nacional, conforme contrato com o ICMBio, que determina as diretrizes de gestão, como áreas de acesso, horários de visitação e limites de público.
Nossa atuação inclui manutenção de trilhas, implantação de infraestrutura (passarelas, mirantes, postos de controle) e sua conservação. Porém, vamos além das obrigações contratuais, investindo em projetos comunitários e sustentáveis. Apoiamos ONGs de proteção animal, projetos esportivos e sociais, incluindo ações voltadas à terceira idade e atletas locais. Acreditamos que o sucesso da gestão do parque passa, necessariamente, pelo bem-estar da comunidade de Noronha.

DIÁRIO – Fernando de Noronha passa por uma transição energética?
Alice Grossman – Sim, a transição energética é uma realidade. É um programa do Governo do Estado em parceria com a Neoenergia, com o objetivo de reduzir a dependência da usina termelétrica. Esse processo se intensificou nos últimos anos e deve avançar ainda mais nos próximos três a quatro anos.
A EcoNoronha contribui com soluções autossuficientes, como a estrutura no Pico do Leão, sem ligação à rede elétrica ou de água. Essas iniciativas mostram que é possível implantar soluções funcionais e replicáveis em locais de grande visibilidade como Noronha.

DIÁRIO – Como a ilha tem tratado o destino do lixo orgânico e do reciclado?
Alice Grossman – A gestão de resíduos fora do parque não é nossa responsabilidade direta. Dentro dele, realizamos ações de educação ambiental desde o início da concessão. Uma das mais relevantes é a campanha do squeeze, iniciada em 2013, que oferece ao visitante uma alternativa às garrafas PET.
Firmamos parceria com um empreendedor local para envasar água mineral e abastecer os pontos do parque, reduzindo em 60% o descarte de garrafas plásticas. Noronha também adota regras rígidas quanto ao plástico: é proibida a entrada de itens descartáveis e de garrafas plásticas de até 500ml, como parte do programa “Plástico Zero”.
DIÁRIO – Qual é o investimento da EcoNoronha nas ações de preservação e conservação ambiental?
Alice Grossman – Investimos cerca de R$ 1,5 milhão por ano em projetos de pesquisa e socioambientais, como o Projeto Tamar, Golfinho Rotador, Aves de Noronha e Rift Shack, além de apoio a iniciativas locais envolvendo animais de rua, cultura e esportes. Esses valores não incluem os investimentos do ICMBio e do Governo do Estado.
A própria gestão do parque, com tratamento de esgoto e ordenamento de trilhas, é uma forma de preservação ativa, evitando degradação e promovendo sustentabilidade de longo prazo.

DIÁRIO – A senhora acredita que o turista está mais consciente de seu papel na preservação ambiental?
Alice Grossman – Sim, mas também observamos uma diversidade cada vez maior de perfis. O avanço das tecnologias e as transformações geracionais mudaram a forma como os visitantes se relacionam com o ambiente natural.
Nosso papel é acolher todos os públicos e oferecer experiências imersivas que despertem a consciência ambiental. O parque deve ser um espaço inclusivo, com segurança e vivências transformadoras, acompanhando as mudanças no comportamento dos visitantes.
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