A nova geração de operadores turísticos de Acapulco, paradisíaco refúgio das celebridades de Hollywood nos anos 1950 – e na memória afetiva de muitos brasileiros por episódios do seriado “Chaves”–, não está familiarizada com o turismo estrangeiro.
Ser conhecida como a cidade com o maior índice de homicídios do México afugentou, de forma dramática, os visitantes de fora.
Acapulco é a área metropolitana mexicana onde a população se sente mais insegura (88,5%), segundo uma pesquisa nacional de percepção da violência.
De acordo com estatísticas oficiais citadas pelo jornal “El Universal”, houve 336 homicídios entre janeiro e maio de 2015 em Acapulco, ou 42% mais que o mesmo período do ano passado.
Até agosto, foram mais de 500 assassinatos, segundo o jornal.
“O turismo estrangeiro, aqui não se vê. Chegam chillangos [moradores da capital], muitos, mas os de outros países no vêm a Acapulco”, diz Adrin Montoya, funcionário de uma loja do aeroporto internacional do balneário.
Entre 2008 e 2012, quando a violência em decorrência da disputa entre gangues de narcotráfico começou a atingir brutalmente a cidade, os visitantes estrangeiros desapareceram.
Até 2009, Acapulco recebia cerca de 30 mil estudantes americanos conhecidos como “spring breakers”, que dominavam, a cada primavera [do hemisfério norte], os quartos de dezenas de hotéis. Em 2011, o número caiu de forma dramática, para apenas cerca de 500 jovens; hoje, difícil ver algum.
“Víamos jovens ‘spring breakers’ nas piscinas dos hotéis, nas discotecas, divertindo-se, promovendo a cidade no exterior; hoje, ainda que muitas pessoas daqui no gostassem desse tipo de diverso, sentem falta dela”, comenta o gerente de um dos hotéis mais apreciados pelos jovens, que pediu anonimato.
Os ‘spring breakers’ foram desaparecendo pela insegurança e pelos alertas emitidos pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos sobre o risco que havia nas viagens ao balneário.
Cruzeiros e Comércio
Também o turismo de cruzeiros fracassou: dos 150 transatlânticos que atracavam há cinco anos em Acapulco, sobraram sete em 2014.
“Se não há segurança, não há empresas interessadas em vir a Acapulco”, reconhece o presidente da Associação de Agências de Viagens da cidade, Juan Pedro Falcón Moreno.
O comércio e a vida noturna se viram afetados. Ao menos 900 negócios do balneário fecharam até aqui neste ano, algumas discotecas decidiram abrir unicamente na alta temporada e outras fecharam as portas por causa das extorsões do crime organizado.
Para 2016, o novo prefeito de Acapulco, Evodio Velzquez Aguirre, pretende recuperar o turismo estrangeiro oferecendo uma zona turística blindada pela Guarda Nacional, pela Polícia Federal e a polícia do Estado, por meio de uma operação denominada “Escudo Acapulco”. (AFP)