Vice-presidente da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ e superintendente executivo do Instituto Preservale, professor Bayard Do Coutto Boiteux reflete sobre o presente e o futuro da gestão pública
Por Bayard Do Coutto Boiteux
Administrar um município demanda, em primeiro lugar, um compromisso efetivo com o desenvolvimento sustentável e uma paixão real pelas pessoas que ali vivem, e por seu patrimônio natural e cultural. Um gestor não pode confundir em nenhum momento seu papel de administrador com crenças religiosas e opções subjetivas sobre a diversidade, que deve ser a palavra chave nas formas de busca de uma administração voltada para todos.
As escolhas daqueles que vão secretariar ou presidir empresas não devem ser normalmente pautadas nos partidos que elegeram o governante ou em amizades pessoais. O foco da competência é juntar um grupo que ajude a pensar e buscar soluções rápidas e objetivas. Um conjunto de pessoas que deseja mudar, empreender sempre com a vontade de priorizar o público e não o privado. Tais administradores acreditam em gestão participativa, mas sobretudo num plano de trabalho integrado. Necessitamos de uma equipe e não de potenciais candidatos nas próximas eleições, que criam feudos.
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A máquina administrativa que prioriza servidores de carreira, que incentiva o diálogo e que cria formas de opinião é um exemplo de sucesso. Não se pode mais conviver com críticas ferrenhas às administrações anteriores e com a ideia fixa de criar comissões de inquérito, não para averiguar de fato algum erro grave de percurso, mas para ficar no Poder os primeiros anos sem trabalhar.
As mudanças climáticas têm trazido caos no dia a dia das populações, atingindo bairros de poder aquisitivo alto, mas com mais ênfase às populações mais carentes, que vivem em regiões onde a coleta de lixo é mais reduzida. A tendência é que as chuvas passem a fazer parte das grandes metrópoles brasileiras. Assim, as cidades precisam se preparar para momentos de caos urbano, com gestão de crise, já que as áreas onde as chuvas caem e provocam acidentes fatais estão delimitadas e conhecidas. Vamos incentivar novos hábitos nos moradores e reuniões constantes, não só nas épocas de chuva, para direcionar e sobretudo sistematizar um modelo de resposta.
Ensino e saúde devem ser priorizados e encarados como atividades que mais necessitam de um olhar do Prefeito. A escola pública, com raras exceções, vem perdendo sua eficácia de transformação por falta total de apoio das administrações. A escola é o lugar privilegiado de capacitar para o mercado, fazer com que cada um conheça seus direitos e saiba lutar para que sejam respeitados. Construímos a cidadania com educação inclusiva e plural. Pensar em salários dignos e carreira docente não e apenas uma prioridade, mas um dever cívico dos que acreditam em governar. A saúde é outro gargalo que parece impossível de cuidar, mas que demanda apenas planejamento e identificação de prioridades. Não se pode constantemente mudar tudo que estava sendo feito e querer implantar programas sem consistência e visão das necessidades de sobrevivência e atendimento.
Finalmente, o Turismo pode ser uma resposta para a sobrevivência de algumas cidades e não todas. Não é apenas a existência de atrativos turísticos que faz de um local uma cidade turística, mas o fato de ter uma estrutura mínima formatada, ou seja, a existência de produtos. Construir novos produtos demanda muito recurso e muito investimento em marketing. A cadeia produtiva do turismo engloba todas as áreas de atuação municipal e deve se revestir de conselhos de desenvolvimento integrados de regiões e não apenas de municípios.
Gerir um município é um ato de coragem, envolvimento, participação e não de constantes desculpas, promessas ou simplesmente omissão.