RETRÔ 2018 – Publicado dia 27 de novembro
Conselho Editorial do DIÁRIO
A imagem que o título detona pode parecer insólita, surreal e jocosa. No entanto, apenas quer chamar a atenção do leitor e de empresas para a conduta de assessorias e assessores de imprensa na relação com os veículos de comunicação. Exceções só confirmam a regra – cresce o volume de sanguessugas hospedados em agências de comunicação. Para eles, o jornalismo e a vida têm mão única, direcionada sempre aos seus interesses imediatos.
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Entre as maiores, donas de contas e boas receitas, é comum tratarem os órgãos de imprensa como se fossem reles publicadores de releases. São incapazes de um bilhete diferenciado, de um telefonema civilizado, mesmo que para dizer um bom dia ou fazer um comentário sobre determinado assunto de interesse comum. Ou agradecer.
Quando se dirigem à redação, não importa o meio, invariavelmente é para cobrar. É para perguntar sobre o porquê da não publicação disso ou daquilo, num tom superior, mandam containers de emails sem ao menos tratar o interlocutor pelo nome. Não estão interessados em propor nada – apenas impor os conteúdos do seu cliente, como se o veículo de comunicação existisse tão somente para esse fim.
O DIÁRIO poderia, enquanto protagonista da liberdade de imprensa, apontar exemplos nominais de criaturas alinhadas com essa prática predatória. Poderia, também, levar ao conhecimento de clientes destas assessorias, quão mal representados estão perante a imprensa. Mas não é preciso: os gafanhotos de salto alto vão se reconhecer no texto. Vão vestir a carapuça e passar recibo. Espera-se que as empresas, a médio prazo, percebam o tipo de assessoria que tem.
Enquanto esses maus intermediários entre as empresas e a imprensa seguem se achando, propomos ignorá-los e implantaremos uma nova política de publicação
Enquanto esses maus intermediários entre as empresas e a imprensa seguem se achando, propomos ignorá-los e implantaremos uma nova política de publicação. Caso esbocem alguma surpresa pela ausência de seus conteúdos na mídia espontânea do DT, não hesitaremos em indicar-lhes a nossa área comercial. Negociem, adquiram impulsionamentos, estabeleçam uma relação de troca. Em vez de mídia espontânea, verifiquem se podem veicular seus conteúdos via publieditorial.
Por outro lado, sigamos a orientação de fortalecer os pequenos, porque eles são muitos e, somados, fazem a diferença. Há pequenas e médias agências de comunicação e assessorias de imprensa de excelente qualidade, tocadas por profissionais educados e competentes, que sabem cumprir o papel de prestadores de serviços. São respeitosos e contribuem, sim, com o conteúdo editorial que oferecemos aos nossos leitores. Esses são e serão bem-vindos.
Por fim, uma triste constatação: quem reforça o comportamento arrogante dos assessores sanguessuga é o conjunto de pseudo jornais, revistas, blogs, sites e afins, que publicam à base do ‘control C – control V’ tudo o que chega à redação. De graça! Nem os erros grosseiros de morfologia e sintaxe do idioma são revisados – e muito menos a consistência dos conteúdos. A falta de critério nivela tudo por baixo – e o leitor e as empresas que pagam por isso passam a ser vítimas de um autêntico desserviço.
O DT, às vésperas de completar 15 anos de estrada, orgulha-se de haver conquistado seu espaço nas mídias de turismo. E credibilidade, nosso maior ativo. Por isso, não cabe transigir nem prestigiar aqueles que nos recebem de costas e nos olham de esguelha.