Associação Nacional das Baianas de Acarajé estima cerca de 12 mil profissionais atuantes no Brasil
por Paulo Atzingen (De Morro de São Paulo)*
Durante a realização do I Febtur – Congresso dos Jornalistas e Comunicadores de Turismo em Salvador, que aconteceu de 1 a 3 de junho, o DIÁRIO conversou com Rita Santos, Coordenadora Nacional da ABAM – Associação Nacional das Baianas de Acarajé.
Segundo Rita, o maior desafio da entidade é convencer os estados e municípios a reconhecer as Baianas de Acarajé e liberar os espaços públicos para que trabalhem.
Patrimônio do Brasil, as Baianas de Acarajé somam cerca de 12 mil profissionais em todo o território nacional. “Somente na cidade de Salvador são quase 3.500 baianos e baianas trabalhando. No estado da Bahia estamos em torno de 8 mil profissionais. Estamos em 7 países”, explica Rita, que exerce seu o mandato na liderança da ABAM.
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São Paulo sem licença
Ela conta que a associação tem 31 anos de luta em defesa das Baianas de Acarajé. “Em São Paulo, a associação está tentando organizar a liberação do uso do espaço público para as baianas do estado. As baianas de São Paulo não conseguem licença para vender em logradouros públicos, somente se alugar espaço ou participar de feiras”, lamenta Rita.
Ela lembra que, como patrimônio brasileiro, as Baianas de Acarajé precisam estar nas ruas trabalhando, e sob a salvaguarda do Ipham. Nos últimos anos, prossegue Rita, também há motivos para comemorar. Ampliou o número de municípios e estados que oficializaram as baianas de acarajé como patrimônio. “Em 2018 fomos reconhecidas como profissão. No fim do ano passado conseguimos revalidar o título de patrimônio”.
Curiosidades sobre o Acarajé
São muitos os valores históricos, sociais, religiosos, estéticos e gastronômicos que fazem o ofício das baianas de acarajé. A indumentária das baianas constitui também um forte elemento de identificação desse ofício que, para muitas delas, simboliza a iniciação religiosa das baianas.
Segundo Rita, no tabuleiro da baiana tem que ter: acarajé, abará, vatapá, caruru, camarão, salada e pimenta, além da cocada, bolinho de estudante e a passarinha. Só que, mesmo assim, tudo isso fica a critério de cada baiana. Rita Santos explica que, cronologicamente, no começo, era vendido apenas o “bolinho” com a pimenta. Depois, foram adicionados o vatapá e camarão. Já o caruru e a salada tornaram-se um costume há cerca de 30 anos. Por isso, algumas baianas não vendem estes dois últimos complementos, por não acharem que faça sentido.
“Eu gostaria de resgatar outras coisas que tinha nos tabuleiros como pé de moleque, o peixe, o acaçá, tinha farinha da vovó, tinha muitas outras coisas no tabuleiro da baiana antigamente”, lembra Rita Santos.
*O jornalista viajou a convite da FEBTUR Nacional com seguro GTA