A depender dos fundamentos econômicos do País, como queda paulatina na taxa básica de juros, controle da inflação e manutenção da regra de incentivo fiscal – Perse – para os setores da hotelaria e eventos, a Bourbon Hospitalidade prossegue confiante. Rede 100% nacional, com 24 empreendimentos, entre hotéis e resorts, distribuídos entre Brasil, Argentina e Paraguai, planeja inaugurar mais mil apartamentos, entre 2025 e 2026 e festeja evolução do segmento de lazer
Por Cecília Fazzini (Colaboração para o DIÁRIO)
A retomada vigorosa das viagens nacionais, que gerou incremento nas hospedagens no segmento de lazer e o retorno dos eventos/convenções corporativos com maior intensidade, nicho tradicionalmente de peso, animam os planos da Bourbon Hospitalidade. A rede, que completou 60 anos, em 2023, mesmo ano em que alcançou a marca de 1,4 milhão de hóspedes registrados, se ocupa em fidelizar o conceito de bem-receber. O portfólio do grupo ultrapassa duas dezenas de empreendimentos, com presença em 20 diferentes cidades e oferta próxima a 5 mil acomodações, somadas aquelas que serão inauguradas no biênio 2025/2026.
Igor Camaratta, diretor de Novos Negócios e Relacionamento com Investidores da rede, afirma que a sexagenária Bourbon abre novas frentes de negócios, empenhada em ampliar a experiência durante a estadia.
Ele destaca como um dos braços fortes para cumprir esse objetivo, a Bourbon Gastronomia, a mais recente unidade de negócio. A célula operacional é capitaneada por Antonio Ântimo Vezozzo, da terceira geração do grupo familiar que fundou a rede, em Cambará (PR). A meta é combinar sabor e qualidade à mesa tanto para o recorrente hóspede corporativo (70% do movimento) quando para aprimorar o serviço e a vivência ao cliente de lazer, nicho em franco crescimento no negócio, que responde, hoje, por 30% da ocupação.
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Camaratta lembra que o setor de alimentos & bebidas sempre foi desafiador para a operação hoteleira, a opção da Bourbon pela gastronomia também colabora para “desmitificar conceitos enraizados na hotelaria e emprestam mais eficiência na gestão da área, maior qualidade de produtos, melhor seleção de fornecedores, padronização de marcas, manejo dos alimentos e combate ao desperdício, entre outros ganhos”, avalia Camaratta.
Com exceção de dois restaurantes que não possuem gestão própria, todos os demais atendem, a partir de cardápio próprio, tanto hóspedes como passantes. “A gastronomia contempla bem-estar e necessidade do hóspede e ainda é ponto-de-venda importante para a geração de receita”, complementa o diretor.
O Bourbon Destination Club (BDC), assegura ele, também é uma das pilastras na empreitada de difundir a operação do grupo no lazer. Os participantes do clube de férias contam com economia e benefícios exclusivos nos produtos Bourbon, que também se estendem a mais de 4.300 hotéis (em 100 países), possível pela parceria com RCI (Resort Condominium International).
Perfil do lazer
Após o período de isolamento imposto pela Covid, a hotelaria passou a conviver com novos hábitos do hóspede. Camaratta concorda que as decisões de reservas agora ocorrem muito mais próximas da data da hospedagem, a preferência do hóspede é por percorrer distâncias menores até o hotel ou resort, opta por permanência mais curta e busca otimizar a viagem com visita a um maior número de localidades.
Os novos investimentos em lazer e área para famílias com hóspedes mirins refletem o novo momento. Nos resorts Bourbon Atibaia com a inauguração do complexo Acqua Kids, que inclui piscina indoor e no Bourbon Cataratas o novo espaço da Turma da Mônica – parceria que a rede mantém há mais de 15 anos.
Novos negócios
Camaratta frisa que os mil novos quartos fazem parte de projetos construídos do zero, a partir do alicerce. Em fase de negociação, há 10 unidades de hospedagem na mira da Bourbon, em todas as regiões do Brasil e sondagens, ainda embrionárias, para empreender em outros países da América do Sul e Europa, além dos Estados Unidos.
Já com obras iniciadas, há dois hotéis que serão administrados pela rede no Estado de Santa Catarina: um em Chapecó e outro no município de Navegantes, local com insuficiente oferta de hospedagem e onde há um aeroporto, além de estar a poucos quilômetros do parque Beto Carrero.
E o radar investidor da Bourbon também alcança localidades no Interior paulista como São Roque, região com demanda acentuada e Assis, praça pouco servida por estrutura de hospedagem. E já desbrava oportunidades também no Centro-Oeste brasileiro, em fase de negociação.
“Não somos reativos, vamos atrás das oportunidade, mas muitos negócios são movidos pela força da marca Bourbon, indicação de parceiros investidores que nos procuram.”, Igor Camaratta, diretor de Novos Negócios e Relacionamento com Investidores da Bourbon Hospitalidade.
Segundo o diretor, a Bourbon é uma rede que não visa somente o crescimento no número de hotéis, mas sim o desenvolvimento sustentável, “um norte que a direção do grupo sempre imprime às metas e é transmitido invariavelmente ao time de colaboradores”.
Assinala que o crescimento sustentável é o balizador do negócio, que tem o foco em bons produtos e boa localização, este item primordial para o sucesso no ramo da hotelaria.
O diversificado conceito de hospedagem também leva a assinatura da rede, que tem sob o guarda-chuva não apenas hotéis próprios, caso dos resorts Cataratas e Atibaia, Bourbon Curitiba e Bourbon Cambará. Conta igualmente com hotéis administrados, arrendados ou com participação societária. “Essa condição torna múltiplo o olhar e permite identificar tanto as necessidades como proprietário, como no papel de administrador e cuidar com afinco do hotel de terceiros”, considera o executivo.
O mais novo empreendimento é o Bourbon Serra Gaúcha, que entrou em operação em dezembro de 2023. Trata-se de um resort exclusivo – que tem uma hospedagem em pipas de vinho e disponibiliza também bangalôs, situado em São Francisco de Paula, cidade muito próxima de Gramado e Canela.
Cenário investidor
Estudos atuais do setor, segundo observa o executivo da Bourbon, dão conta de que o cenário investidor como um todo esboça timidez, sem muitos novos projetos hoteleiros no Brasil. Essas pesquisas apontam que há cerca de 108 projetos em gestação, até 2027, “o que é pouco porque este número é no âmbito do País e sem muito capital externo”, sintetiza Camaratta. Em sua análise, o que se destaca é um movimento expressivo dos
Fundos de Investimento, e de um outro modelo de negócio, um pouco diferente, que é o multipropriedade, em evolução, com 180 projetos em andamento, que, considera ele, “é o perfil de negócio onde se consegue fazer captação de recursos em volume maior.”
“Há evolução no mercado relacionada ao modelo de multipropriedade, com 180 projetos em andamento, perfil de negócio onde se consegue fazer captação de recursos em volume maior”, Igor Camaratta, diretor de Novos Negócios e Relacionamento com Investidores
Sobre a tentativa de se alterar o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE), antes mesmo do término de sua vigência de cinco anos, o executivo faz coro aos dirigentes do setor da hotelaria. O Programa, destinado a promover um respiro fiscal, após a crise da Covid-19 que abateu o setor de hospedagem e eventos, se desmantelado em seus objetivos, poderá respingar de forma negativa e tornar desestimulante o panorama dos investimentos.
Um ponto muito decisivo para a manutenção do Perse, conforme lembra o executivo da Bourbon, “é que se trata do único e importante incentivo, ferramenta de saneamento financeiro, que nos dois últimos anos preparou o terreno para novos aportes de recursos, permitiu melhorar produtos e assegurou , principalmente, a criação de novos postos de trabalho”.
Responsabilidade social
Afinada com a filosofia da gestão Bourbon e sintonizada em atender demanda crescente sobre essas práticas sustentáveis como diferencial do negócio, a rede faz a lição de casa. O diretor considera como de destaque o papel desempenhado pelo Instituto Bourbon, surgido há 20 anos, em Cambará local de origem do grupo, que assiste 2 mil crianças, além de adolescentes e até a melhor idade”. No conjunto de ações, são cursos profissionalizantes e atividades esportivas, com extensão para a família e a comunidade como um todo, ”sem qualquer equívoco, o maior projeto social de qualquer rede hoteleira, acentua.
É, especifica Camaratta, um Instituto próprio, ou seja, “não pega no braço de nenhum parceiro para dar vida ao projeto”. A dimensão da obra social alcança alunos que foram acolhidos pelo Instituto, partiram em busca da formação acadêmica e voltaram para a entidade como professores. Há ainda o registro de uma aluna, classificada como uma das melhores do Paraná em 2023, que conquistou bolsa de estudos para a Nova Zelândia.
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