O Ministério do Turismo apresentou, nesta quinta-feira (13), o primeiro Mapeamento do Turismo em Comunidades Indígenas no Brasil. O lançamento ocorreu no estande Conheça o Brasil, na Green Zone da COP30, em Belém. O documento reúne um diagnóstico detalhado das iniciativas de etnoturismo conduzidas por povos indígenas em diferentes biomas do país.
REDAÇÃO DO DIÁRIO – com assessorias
A publicação consolida informações produzidas pelas próprias comunidades e reforça o Brasil como referência no turismo responsável em territórios indígenas. Um segundo lançamento está previsto para domingo (16), às 11h, na Aldeia COP, espaço oficial dos povos originários dentro da conferência.
A ação integra a programação conjunta do Ministério do Turismo, do Ministério dos Povos Indígenas e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), destacando o turismo como instrumento de valorização cultural, fortalecimento territorial e desenvolvimento sustentável.
Protagonismo indígena no centro da estratégia
A coordenadora-geral de Turismo Sustentável e Responsável do MTur, Carolina Fávero, destacou que o mapeamento reconhece o papel das comunidades indígenas na construção de um modelo próprio de turismo.
“Mais do que um diagnóstico, este mapeamento é um reconhecimento do protagonismo dos povos indígenas na construção de um turismo que respeita, valoriza e compartilha suas culturas. Cada iniciativa identificada reflete a força e a diversidade das comunidades, que transformam o turismo em uma ferramenta de autonomia e sustentabilidade”, afirmou.
Para Ceiça Pitaguary, secretária nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena, o turismo em territórios tradicionais precisa ser guiado pelas próprias comunidades, respeitando saberes, processos e modos de vida.
“Esse mapeamento é uma ferramenta muito importante para mostrar o potencial das terras indígenas. Não existe um modelo pronto ou uma cartilha sobre o que é o etnoturismo dentro dos territórios. Cada povo tem sua forma própria de se organizar e de pensar o turismo, que deve ser construído a partir da governança indígena e nunca imposto de cima para baixo”, destacou a secretária.
Etnoturismo como ferramenta de preservação e sustentabilidade
Durante o lançamento, a presidente da Funai, Joenia Wapichana, reforçou que o etnoturismo fortalece a cultura e amplia a geração de renda, sempre sob olhar das próprias comunidades.
“O etnoturismo é uma prática que, além de gerar renda, fortalece a memória e a cultura dos povos indígenas. Ele mostra ao mundo a riqueza da nossa biodiversidade e a força das nossas tradições. É um turismo que nasce de baixo para cima, a partir das comunidades, e que contribui para o enfrentamento do racismo e da crise climática”, disse Joenia.
Representante do Museu Indígena Paiter A Soe, de Rondônia, Luiz Weiymilawa Suruí, reforçou como o turismo de base comunitária fortalece a preservação cultural.
“O etnoturismo nos permite contar nossa história com nossas próprias vozes – por meio da gastronomia, da pintura corporal, das trilhas e das músicas tradicionais. É uma forma de manter viva a ancestralidade e oferecer aos visitantes uma verdadeira imersão na cultura do nosso povo”, afirmou.
Integração com a COP30
A COP30 recebe a Aldeia COP, montada na Universidade Federal do Pará (UFPA), que acolherá cerca de 3 mil indígenas durante o evento. O espaço simboliza a conexão entre turismo sustentável, clima e território, reforçando o papel dos povos indígenas como guardiões da floresta e protagonistas no debate climático global.
Gestão responsável e ampliação da oferta turística
O mapeamento está inserido no projeto Brasil, Turismo Responsável, desenvolvido pelo MTur em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A iniciativa incentiva práticas de gestão responsável, preservação ambiental e valorização de comunidades tradicionais.
O Ministério também disponibiliza o guia de implementação do Projeto Experiências do Brasil Original, voltado a estados e municípios. O documento apresenta a metodologia para replicação de ações que estimulam a inclusão social, o desenvolvimento econômico e a valorização de recursos naturais e culturais em territórios indígenas e quilombolas.
Programação intensa na COP30
Ao longo das duas semanas de evento, o estande do MTur terá uma agenda de debates no Auditório Carimbó. Especialistas brasileiros e internacionais discutem temas como turismo regenerativo, financiamento climático, justiça ambiental e valorização de comunidades tradicionais.
Fonte: Assessoria de Comunicação do MTur





